No último sábado, 26 de abril, Aparecida de Goiânia foi palco de um evento que transcende o caráter religioso e se firma como um marco na luta por respeito, visibilidade e resistência cultural. O 11º Festejo em Homenagem a Seu Tranca Ruas das Almas consolidou-se como um dos maiores encontros de religiões afro-brasileiras do país, reunindo mais de mil pessoas, entre sacerdotes, médiuns, praticantes e simpatizantes, provenientes de mais de 60 terreiros de diversas tradições, como Umbanda, Candomblé, Quimbanda, Jurema e Batuque.
Idealizado e conduzido pelo sacerdote Mestre André, o festejo vai além da celebração. É uma manifestação de ancestralidade, cultura e identidade. Desde sua criação em 2014, o evento cresce em magnitude e significado, servindo como um espaço de diálogo e conscientização sobre a importância das tradições afro-brasileiras no tecido histórico e social do Brasil. “Nosso objetivo é mostrar que essas tradições fazem parte da história do Brasil desde o período colonial, enraizadas em solo brasileiro por meio da resistência, da luta e da memória dos nossos ancestrais”, destaca Mestre André.
A escolha de Exu Tranca Ruas das Almas como figura central da celebração não é por acaso. Exu, frequentemente alvo de preconceito e desinformação, é um símbolo de dualidade e equilíbrio. No imaginário popular, muitas vezes é associado de forma errônea ao mal, uma construção narrativa herdada de um contexto histórico de demonização das religiões de matriz africana. Contudo, como ressalta o sacerdote, “Exu é equilíbrio, é justiça. Não é o mal nem o bem, como muitos interpretam erroneamente”. Esta desconstrução é um dos pilares do festejo, que busca ressignificar e educar, enfrentando o racismo religioso e promovendo a liberdade de crença.
O sacerdote Mestre Itapira, um dos apoiadores do evento e também referência na Umbanda, reforçou a importância de tais celebrações como instrumentos de fortalecimento da luta por liberdade religiosa. “Vamos reunir com a coordenação de Igualdade Racial de Aparecida de Goiânia , Superintendência de Igualdade Racial da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de Goiás, Conselho de Umbanda, Federação de Umbanda e Candomblé, Fuseg, Movimento Agô, Fórum de Tradições de Matriz Africana para discutir e tratar o racismo religioso, o preconceito e a discriminação”.
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