A Prefeitura de Goiânia deu início à execução de um abrangente plano de reestruturação da Companhia de Urbanização do Município (Comurg), com previsão de repasse total de R$ 190 milhões até o fim de 2025. A medida visa sanear dívidas, promover desligamentos e reordenar a estrutura administrativa e financeira da estatal, que há anos acumula déficits. A expectativa da gestão municipal é que, a partir do segundo semestre de 2026, a empresa se torne financeiramente autossuficiente, sem necessidade de novos aportes do Executivo.
A primeira etapa do plano já está em andamento e destina R$ 19.239.306,62 à demissão de 360 servidores. O valor será dividido em duas parcelas: a primeira, de R$ 3.719.188,05, foi repassada pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) nesta terça-feira, 29, e será utilizada para quitar débitos do FGTS, incluindo valores atrasados da gestão anterior. A segunda, no valor de R$ 15.520.118,57, será transferida no dia 20, de maio, para complementar os pagamentos de acertos rescisórios.
Com essa ação inicial, a administração municipal prevê uma economia superior a R$ 2 milhões por mês com a folha de pagamento, considerando salários, encargos trabalhistas e tributos. Ao longo de dez meses, esse valor compensará o aporte realizado nesta fase. A medida dá continuidade ao processo de enxugamento iniciado no começo da atual gestão, que já proporcionou uma redução de quase R$ 42 milhões nas despesas com pessoal nos três primeiros meses de 2025, uma queda de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entre os cortes, destacam-se a extinção de gratificações e comissões remuneradas, além da diminuição de cargos comissionados. Em dezembro de 2024, a Comurg possuía 532 servidores comissionados. Em janeiro, esse número foi reduzido para 120 e, atualmente, são apenas 102, o que representa uma redução de aproximadamente 77%.
O plano de reestruturação, aprovado pelo Comitê Permanente de Controle de Gastos da Prefeitura, detalha a destinação dos R$ 190 milhões: R$ 100 milhões serão voltados para acertos trabalhistas referentes à demissão de 692 empregados aposentados; R$ 45,3 milhões serão destinados ao pagamento de precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPVs); e outros R$ 45,2 milhões cobrirão o déficit operacional da companhia, especialmente despesas correntes.
A liberação dos valores seguirá cronograma progressivo. Em fevereiro, foram repassados R$ 27 milhões; em março, R$ 30,5 milhões; em abril, R$ 28,5 milhões; em maio, estão previstos mais R$ 26 milhões; e em junho, o mesmo valor será transferido. A partir de julho, os aportes diminuem gradualmente: R$ 9 milhões em julho, agosto, setembro, outubro e novembro; e R$ 7 milhões em dezembro.
Segundo o plano, a Comurg já deverá apresentar superávit nas despesas correntes a partir de agosto deste ano, sustentada pelos repasses municipais. A projeção é de que, no segundo semestre de 2026, a companhia atinja sustentabilidade plena, operando com recursos próprios, sem necessidade de novos aportes do Executivo.
O documento do plano, assinado pelo presidente da Comurg, coronel Cleber Aparecido Santos, será apresentado ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) na sexta-feira, 21, e posteriormente ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), em data a ser definida. “A reestruturação da Comurg representa uma oportunidade decisiva para romper com seu histórico de inoperância e corrupção, promovendo uma transformação que fortaleça sua viabilidade operacional e financeira”, afirma o texto.
A proposta foi aprovada por um comitê formado pelos titulares das Secretarias da Fazenda, Administração, Controladoria Geral e Procuradoria Geral do Município. A Prefeitura ressalta que, por se tratar de recursos sob responsabilidade do Executivo, não é necessária autorização da Câmara Municipal para a execução dos repasses. Ainda assim, cada parcela será condicionada à apresentação de comprovações pela empresa e ao cumprimento rigoroso das etapas previstas no plano de ajustes.
Com a reestruturação, a gestão municipal pretende colocar a Comurg em um novo patamar de eficiência, transparência e sustentabilidade, rompendo com padrões de má gestão que comprometeram a credibilidade da companhia em anos anteriores.
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