
A pesca da tainha inicia oficialmente nesta quinta-feira (1). Na safra de 2024, os pescadores de Balneário Camboriú capturaram 75 mil tainhas, o que foi um recorde dos últimos anos. Só que neste ano, os pescadores artesanais catarinenses poderão capturar somente 1,1 mil toneladas do peixe, de acordo com restrição imposta pela Portaria Interministerial MPA/MMA número 26, de fevereiro deste ano. Inclusive, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE/SC) protocolou na terça-feira (29) uma nova ação, desta vez na Justiça Federal, para pedir a suspensão dos limites estabelecidos pelos ministérios da Pesca e Aquicultura (MPA) e do Meio Ambiente (MMA) para a pesca da tainha na modalidade arrasto de praia em Santa Catarina.
Possível dificuldade por conta da cota federal
O pescador Jair Euflorzino, de Taquaras, é de família tradicional na pesca e contou que a cota imposta pelo governo federal deixou os pescadores ‘meio escaldados’.
Ele salientou que acredita que a restrição veio após os pescadores fornecerem dados da safra e divulgarem quanto peixe estavam capturando, o que teria incentivado a restrição.

“A última safra foi um ‘dilúvio’ de tanto peixe. Teve praia que não pegou mais, porque não tinha quem pegasse. Os cardumes que passavam eram gigantes. Acho que o governo entendeu que estávamos capturando demais. Somente o litoral de Santa Catarina capturou duas mil toneladas, foi muito peixe. Agora o governo colocou cota de 1,1 mil toneladas, o que eu acho pouco, porque no sul de SC pegam muito, se fecharem a quantidade só lá, se baterem a cota entre eles, nós não poderemos pescar”, opinou.
Jair comentou que uma ideia sugerida pelos pescadores seria a divisão da cota – se ela fosse distribuída (‘por exemplo – 30 toneladas para cada ponto/praia, o que daria cerca de 15 mil peixes’, segundo Jair) seria melhor.
“Além de ser baixa, a cota não foi distribuída por localidade. O pescador está brigando por conta disso, por não ter sido distribuído. Às vezes o peixe fica na ilha de Floripa e o vento sul sopra o peixe só 20 dias depois aqui para Balneário. Se pescarem tudo antes, vamos ter que ficar de braços cruzados vendo o peixe passar”, explicou.
Mesmo assim, há expectativa de muito peixe
O pescador disse também que possuem informações de que este ano será de muito peixe, e que se não for igual a 2024 vai ser até mais.
“Lá no RS, começa em março a pesca e termina em maio, e dizem que lá estão capturando muita tainha e é peixe grado (peixe misturado, que vem do rio Uruguai, um peixe que demora mais a sair e é maior). Ano passado chegava a estourar a rede da quantidade de peixe. Pegamos de quatro a cinco toneladas de peixe, peixe com 2,5kg, mas chegamos a pegar tainha de 7kg ano passado”, acrescentou.
Jair comentou que esperam que seja um ano bom de tainha, e definiu a pesca da tainha como um presente e as ‘férias’ dos pescadores – porque é o período que mais esperam no ano.
“É como se fosse um passeio para viajar, as melhores férias da vida, porque é o que esperamos o ano inteiro, algo inesquecível que é acordar cedo, ir na praia, ver o agito, participar disso… é algo muito gratificante e que vivemos desde criança e que queremos que continue. A safra da tainha é algo muito lindo e esperado com muito carinho”, informou.
Novo governo e expectativas
O governo da prefeita Juliana Pavan anunciou uma campanha de conscientização e apoio à safra da tainha (saiba mais aqui) e o pescador salientou que, ainda em campanha, Juliana ‘andou bastante nas praias’ e prometeu melhorias.
“Vão colocar apoio para os olheiros nas praias e vão entregar camisetas para os pescadores. Vai ter banner de orientação sobre a pesca da tainha também. Falaram que vão fiscalizar, mas que grande dificuldade seria o baixo número de fiscais – se forem atuar só em horário comercial, fica complicado porque o maior ataque no costão, a pesca ilegal, é durante a noite, e é quando precisamos da fiscalização. É tão pouco que pedimos, o pescador não incomoda ninguém, o mínimo para mantermos a pesca da tainha é amparo da prefeitura para combater o incômodo dos jetskis. É só querer ter vontade. Esperamos muito dela (de Juliana), e acreditamos que ela pode nos ajudar”, completou.