Superintendente da PF em Goiás, Marcela Rodrigues, fala sobre sua trajetória

Italo Wolff e Giovanna Campos

Primeira mulher a ocupar o cargo de Superintendente da Polícia Federal (PF) em Goiás desde 1965, Marcela Rodrigues Siqueira Vicente fala em entrevista exclusiva ao Jornal Opção sobre sua trajetória profissional e sobre a comemoração dos 80 anos da corporação. Marcela Vicente foi delegada da PF por 14 anos e superintendente Regional da PF em Goiás substituta nos anos de 2018 a 2020.

Natural de Goiânia, é graduada em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e iniciou a carreira no Maranhão. “Foi uma escola e um aprendizado enriquecedor. Como eu já tinha expertise na parte de eleitoral, eu acabei trabalhando nessa área em São Luís. Fui convidada para ficar no Maranhão, mas não deu certo”. Ela explica que não havia tratamento de saúde para o filho dela em Imperatriz e teve de retornar à Goiânia.  

“Desde 1965, sou a primeira mulher a ocupar este cargo em Goiás. Nesse intervalo, existiram delegadas aptas a assumir a superintendência, mas, em todo o mundo, essa é uma barreira a ser superada”, afirma Marcela Vicente. Nas 27 unidades da Federação, nove superintendências da PF atualmente possuem lideranças femininas — um número recorde.

Questionada se chegou a sofrer com o machismo em sua área de trabalho, Marcela Vicente responde: “No meu caso, não muito, pois já estou aqui desde 2010 e minha equipe me respeita, conhece meu trabalho. Mas percebo que poucas mulheres buscam posições de comando por conta dos obstáculos na carreira. Eu gostaria que mais mulheres assumissem a gestão, pois trazem um novo olhar para a corporação”.

Aprovada no concurso em 2004, atuou por muitos anos como delegada, onde chegou a chefiar o Núcleo de Inteligência e representar a Interpol em Goiás. Desde 2010 em Goiânia, Marcela Vicente transitou por todas as áreas da Polícia Federal: inteligência, corregedoria, combate a crimes previdenciários, distribuição de pornografia infantil, crimes eleitorais, trabalho escravo, e outras. “Quando me convidaram para assumir a superintendência de Goiás em 2023, foi uma surpresa muito boa, porque conhecer a equipe do meu Estado otimiza muito a gestão”, diz Marcela Vicente.

Seu perfil como superintendente, afirma a própria Marcela Vicente, é o de quem gosta de operações policiais e de quem encara as investigações como a atividade finalística da Polícia Federal. “Minha tese de mestrado foi justamente sobre o que torna as instituições eficazes. No caso da PF, quais as métricas para verificar se ela é eficaz ou não? É a quantidade de mandados? Não; a eficácia da Polícia é melhor apontada pela resolutividade dos inquéritos. Fiz esse estudo quando estava na corregedoria da PF, onde temos dados para verificar quais inquéritos instaurados tiveram justa causa para apuração. O simples mandado, quando não dá em nada, viola o direito do outro de ser investigado indevidamente e movimenta toda essa máquina policial. Como superintendente, busco diminuir o número de investigações inválidas para poder fazer um trabalho mais profundo, nas operações”.

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