Segundo apuração do Jornal Nacional, a Polícia Federal teria conhecimento dos descontos irregulares do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde meados de 2020 seguindo uma denúncia de um ex-funcionário da autarquia. Na mesma época, aposentados do INSS apresentaram uma denúncia ao Ministério Público (MP) sobre o déficit nas contas dos contribuintes.
Segundo conta o servidor, ao qual não foi identificado, era integrante da Diretoria de Benefícios que fiscalizava o abatimento dos beneficiários. Após identificar e reportar um esquema de desvio de dinheiro na pela Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), o indivíduo foi alvo de ameaças de morte que o então motivaram a procurar a Polícia Federal para depor.
Pouco depois, uma investigação foi aberta pela corporação, mas foi encerrada no ano de 2024 sem que ocorresse um indiciamento. Ao mesmo tempo, um inquérito ocorria pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após o MP ordenar uma investigação na agência devido a denúncias dos aposentados. Em 2021, o presidente da Conafer, Carlos Roberto Lopes, foi intimado a depor para prestar esclarecimentos à PCDF, contudo, recusou informar os montantes recebidos pelos descontos, citando que havia um contrato de confidencialidade entre a autarquia.
De acordo com o relato do servidor, o sindicato ruralista foi a entidade que mais cresceu em número de filiados e nos descontos efetuados no INSS. Em janeiro de 2020, a associação contava com apenas 80 mil integrantes, contudo, este número saltou para 250 mil em apenas dez meses, momento ao qual o acordo da entidade foi interrompido pela diretoria por irregularidades em setembro de 2020.
Após o impedimento, o então presidente do INSS, Leonardo Rolim, transferiu a fiscalização dos descontos da Diretoria de Benefícios para a Diretoria de Atendimento, o que reabilitou a Conafer para refazer os descontos irregulares. Com a manobra, os valores abatidos do órgão aumentaram em 50.000%, como afirmou um relatório da Controladoria Geral da União (CGU). Segundo a apuração, a entidade fazia abatimentos no valor anual de R$ 400 mil em 2019, no ano seguinte o montante saltou para R$ 57 milhões e foi elevado mais uma vez para R$ 202 milhões em 2023.
Pela apuração da PCDF, Lopes teria usado uma parte do montante resgatado para negociar cinco imóveis, incluindo uma fazenda no valor de R$ 3 milhões.
Em 2021, a Justiça decidiu que o caso fosse investigado pela PF, mas a operação só ocorreu em abril de 2025 com a deflagração da fraude do INSS. O montante total dos valores lesados dos aposentados ainda não foi calculado pela agência, contudo, especialistas estimam que podem superar mais de R$ 6 bilhões aos cofres da autarquia.
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