Sabrina Garcez: “O Centraliza vai funcionar, pois a conta fecha para quem aderir ao projeto”

Com a missão de comandar o Republicanos em Goiânia, a vereadora Sabrina Garcez é responsável para a montagem de chapa do partido na Capital. Membro importante da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) na Câmara, Garcez tem ainda a missão de fortalecer sua pré-candidatura a reeleição em meio às críticas. Bem relacionada com atores estaduais e nacionais, ela é considerada uma das principais articulador

Com dois mandatos no Legislativo goianiense, a parlamentar busca a terceira vitória seguida nas eleições municipais. Sempre presente na discussão de pautas importantes do Executivo, Garcez foi também a primeira mulher a comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Casa. A filha de Cida Garcez, ex-vereadora e atual secretária municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, diz que seu sonho político é ser prefeita de Goiânia.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, Sabrina Garcez discorre sobre o apoio ao atual prefeito e a possibilidade de reeleição neste ano.  Conta também sobre os planos do Republicanos de aumentar de três para cinco o número de vereadores na capital. Fala ainda sobre seu maior foco no momento, o projeto Centraliza, pauta que visa a requalificação do Centro de Goiânia.

Italo Wolff — Como está a tramitação do projeto de lei para criação do Plano de Requalificação do Centro de Goiânia (Programa Centraliza)? Qual a sua expectativa para o Centraliza?

Em relação aos projetos de requalificação do Centro que já tivemos no passado, considero o Centraliza o mais promissor, porque conta muito mais com a participação dos empreendedores e moradores do bairro do que propriamente do poder público. Naturalmente, o poder público é moroso, então a necessidade de a Prefeitura ser protagonista dos projetos fez com que as leis anteriores não fossem executadas. 

Minha expectativa é muito positiva. Nesse momento, a Prefeitura chama as pessoas para participar da requalificação do Centro. É um projeto da cidade, não é um projeto da gestão, apesar de ter sido o prefeito Rogério (Republicanos) e secretário municipal de Finanças (Sefin), Vinicius Henrique que encabeçaram a lei.

Ton Paulo — Se ouve a crítica de que o projeto foi feito sem diálogo com a população. A senhora discorda dessa crítica?

Eu discordo completamente. Os relatórios, estudos e reuniões da concepção do projeto tiveram a participação ativa da sociedade civil, sindicatos e organizações do bairro. Da parte que cabe a nós, o parlamento, fizemos uma ampla audiência pública. Eu, inclusive, entreguei pessoalmente convites para a audiência. Eu e minha equipe andamos as ruas do Centro entregando de mão em mão um convite explicativo, chamando as pessoas para comparecerem à audiência pública.

Além dessa audiência pública, fizemos vários encontros com o Sindicato da Indústria da Construção de Goiás (Sinduscon-GO) e outras entidades. A ideia agora é fazer uma reunião nos dois mercados populares do bairro e em associações de arte e cultura. Estou tentando fazer reuniões com todos para dirimir o problema do Jóquei Clube de Goiás. 

Italo Wolff — Agora, qual é o principal desafio para o Centraliza se concretizar?

Na minha opinião, o principal desafio de toda a Prefeitura, não apenas do Centraliza, é conseguir se comunicar bem com as pessoas. Os empreendedores, moradores e goianienses interessados pelo Centro precisam aderir. Não é um projeto passivo, que vai se realizar aguardando o poder público. É um programa em que a população é parte ativa. 

Conversei com o secretário Vinicius Henrique sobre a possibilidade de destinar um percentual das emendas parlamentares do Centraliza à comunicação do projeto. Também já solicitamos à Prefeitura que enviasse junto com o IPTU uma cartinha explicativa para os moradores da região, esclarecendo como podem ser afetadas e como podem aderir. Além disso, precisamos de investir na comunicação nos meios de informação: jornais, televisões, rádios, outdoors, etc.

19/03/24 Vereadora Sabrina Garcez Henrique da Silva. Partido Republicanos Nasc: 03/01/1989. Foto Leoiran
Sabrina Garcez em entrevista aos jornalistas Italo Wolff e Ton Paulo | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Italo Wolff — Muitos projetos de requalificação do Centro foram desenhados, propostos com custos para a cidade, e nunca colocados em prática. Como o centraliza é diferente? 

O Centraliza traz uma proposta arrojada de isenção fiscal e permite uma participação maior da sociedade civil. O grande diferencial é que o Centraliza não é um projeto que depende da vontade do governo municipal de turno. 

O Sicoob, por exemplo, já está com uma linha de crédito pronta para financiar as reformas dos prédios históricos. Assim, as empresas e moradores que ocupam um edifício com fachada que deve ser restaurada não ficarão com o caixa descapitalizado. Para os proprietários dos prédios, será economicamente vantajoso participar do Centraliza, e as reformas poderão ser feitas com dinheiro emprestado, sem onerar ainda mais os moradores. Para mim, o Centraliza vai funcionar porque o projeto fecha a conta. Matematicamente, vale a pena aderir às isenções.

Italo Wolff — Já há emendas encaminhadas pela Prefeitura para o Centraliza?

Precisamos garantir recursos para a manutenção do projeto. Estão previstas a pedestrianização da Avenida Anhanguera, a iluminação, e muitas outras ações que precisam de recursos para ser mantidas. Se todos os custos entrarem na esteira comum das diversas demandas do município, o projeto não dá certo. Por isso, a nossa ideia é criar um fundo para a manter o Centraliza, e isso tem de vir da Prefeitura. 

Já temos outras emendas, mas ainda não avançamos — elas aguardam a próxima  etapa de discussão. Primeiro, precisamos para destravar logo o projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e permitir que as outras comissões analisem. O desenho do fundo já está em discussão com o secretário Vinícius Henrique. 

Todas as emendas precisam ser conversadas com o secretariado para não cometermos nenhum vício de origem. Para não ferir competência legislativa, por exemplo, solicitamos que a Prefeitura encaminhasse modificações ao comitê gestor, para o tornar mais do que um órgão consultivo, e transformá-lo em um comitê deliberativo. Assim, o órgão terá força na normatização e na fiscalização do Centraliza. 

Acrescentamos algumas entidades ao Comitê, como a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas. Infelizmente, um dos problemas do Centro são as pessoas em situação de rua. Com essa Secretaria, o comitê poderá atuar junto à população que vive ali e pensar em formas de acolhimento e integração.

Ton Paulo — A gestão desse fundo seria feita pela Secretaria Municipal de Finanças?

Estamos estudando tecnicamente a melhor forma. Em vez de possuir uma dotação orçamentária, um fundo pode ser vinculado a um conselho gestor, que recebe repasses. Essa é uma alternativa. Nada foi definido ainda, mas o que posso adiantar é que existe a preocupação com a manutenção do Centraliza.

Italo Wolff — No dia 20, a Polícia Civil cumpriu mais de 30 mandados de busca e apreensão em uma operação com o objetivo de apurar licitações suspeitas realizadas por órgãos públicos do município de Goiânia que teriam sido fraudadas. A Câmara já havia levantado suspeita sobre os contratos da Amma, Seinfra e Comurg alguma vez? Como a base do prefeito se posiciona diante do caso? A operação muda o clima entre os vereadores, especialmente em relação às eleições? 

Em relação aos contratos da Comurg, a Câmara suspeitava e até abriu uma Comissão Especial de Investigação (CEI). Foram levantados apontamentos sobre os contratos e a CEI chegou a sugerir mudanças na direção da Comurg. Quanto aos contratos da Seinfra e da Amma, até o momento, não há denúncias junto ao Legislativo. 

Meu posicionamento é de apoio às investigações em andamento. É fundamental aguardar o desdobramento dessa fase do inquérito e, se houver provas de culpa, os responsáveis devem ser devidamente punidos conforme a lei. A preservação do bem e do patrimônio público precisa ser uma prioridade constante. 

Ainda é cedo para avaliar como a operação está influenciando as relações entre os vereadores, especialmente no que diz respeito às eleições. Estamos atualmente no período final de filiações partidárias, e acredito que a maioria está focada nesse processo.

19/03/24 Vereadora Sabrina Garcez Henrique da Silva. Partido Republicanos Nasc: 03/01/1989. Foto Leoiran
“Ter nossos próprios candidatos não significa romper com o governo”, diz presidente metropolitana do Republicanos | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — Um dos pontos que está gerando muita expectativa, além da pedestrianização da Avenida Anhanguera, é a conformação do Jóquei Clube, que tem sido um elefante branco no Centro há muitos anos. O Jóquei é também uma jóia arquitetônica. O que se pretende fazer com aquele espaço?

O Jóquei pertence aos “joquianos”, ou seja, ele não é um prédio público, ele não é da Prefeitura. Mas nós sabemos que existe uma dívida de tributos histórica dos proprietários do Jóquei (os joquianos) com a Prefeitura. Nossa ideia é, a partir da disposição dos envolvidos, que já me procuraram para fazer um acerto de contas, chegar a um denominador comum. 

Na prática, o caminho que temos tentado é avaliar o valor do Jóquei e Hipódromo da Lagoinha, passar o patrimônio para o poder público e, a partir daí, tentar um acerto das dívidas tributárias com os joquianos. Em outras gestões, nós não vimos a disposição da Prefeitura em sentar com os proprietários das ações. Ainda não sei se dará certo, mas é se não tiver uma solução, vamos depender da Justiça — e essa via pode levar muito tempo. 

Ton Paulo — Acredita que podem chegar a um entendimento apenas com diálogo? O que foi proposto?

Acredito que sim. Primeiro, precisamos entender o valor a que o IPTU chegou, qual é a real dívida dos joquianos e se o valor que está sendo cobrado foi corretamente calculado. Depois, precisamos compreender o valor daqueles imóveis para a Prefeitura. Se a gente fosse colocar o Jóquei e Hipódromo na praça, quanto valeriam? Agora, se os joquianos tivessem esse montante, eles conseguiriam pagar sua dívida?

Com essas respostas, podemos fazer algum acerto. No momento, estamos fazendo os cálculos. Talvez, uma alternativa seja fazer o acerto tributário e a autorizar os joquianos a explorar o espaço junto com a Prefeitura (essa é apenas uma possibilidade hipotética, isso não foi conversado com as partes porque esse momento de acordo ainda não chegou). Existem inúmeras articulações e negociações que podem ser feitas para que a sociedade volte a utilizar aquele espaço de maneira coletiva.

Ton Paulo — A senhora é líder dos republicanos aqui em Goiânia. O prefeito Rogério Cruz é candidato a reeleição?

O espaço do partido sempre esteve à disposição de Rogério. Se ele quiser ser candidato, naturalmente, ele vai ter a legenda do Republicanos. Mas essa é uma decisão do prefeito. Ele tem falado publicamente e nos bastidores que quer disputar a eleição, então, acredito que essa é a escolha dele. Como presidente metropolitana do Republicanos, afirmo que a legenda dele está garantida.

Italo Wolff — Como está a formação da chapa de vereadores? Entre os eleitos, o partido conta com a senhora, Geverson Abel, Isaías Ribeiro. Todos vão para a reeleição?

Sim. Nosso objetivo é fazer uma chapa que eleja cinco vereadores. Queremos aumentar em duas cadeiras o que conseguimos na última eleição. É uma chapa equilibrada, que dará oportunidades para quem não tem mandato concorrer a uma dessas duas vagas. O Republicanos hoje tem uma boa estrutura, então é natural que exista disputa entre pré-candidatos para concorrer. 

Haverá migrações para o Republicanos — não de outros vereadores eleitos, mas de suplentes e de pré-candidatos que disputaram a eleição por outros partidos. Nós temos recebido uma grande quantidade e dado atenção a todos.

19/03/24 Vereadora Sabrina Garcez Henrique da Silva. Partido Republicanos Nasc: 03/01/1989. Foto Leoiran
Sabrina Garcez: “O prefeito Rogério Cruz avançou em pautas importantes, mas comunicou muito mal as realizações do seu governo” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — Na última reforma administrativa, o prefeito Rogério sofreu muitas críticas por parte do próprio partido, que sentiu ter sido deixado de fora do secretariado. Como a senhora avalia essa reforma que começou agora? O Republicanos ganhará espaço?

Eu não tenho tratado com o Rogério de indicações e nem das trocas em seu secretariado, porque isso é uma decisão do prefeito. É prerrogativa da gestão. Se o prefeito Rogério quiser a opinião ou o auxílio do Republicanos, estamos aqui para oferecer todo suporte. Mas nós entendemos que essa é uma decisão de foro íntimo dele, afinal, são os secretários dele, que vão auxiliar no projeto político dele na administração pública.

Assim como ele, por exemplo, não interfere nas nossas escolhas para o nosso gabinete, a gente também dá a liberdade para ele poder fazer suas escolhas. Temos a postura de respeitar o que ele achar que é a melhor para a Prefeitura. 

Ton Paulo — Mas há uma preocupação do partido em referência a essa reforma?

Essa preocupação, nesse momento, não existe. Geverson Abel é secretário municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa, uma pasta importante comandada pelo vereador. Ele irá se licenciar para concorrer às eleições. O partido defende, naturalmente, que seja indicado alguém para seu lugar com alinhamento ao Geverson, que exista consenso entre todos. Pelo que sabemos, tudo está bem encaminhado, então a preocupação de perder espaço não existe. 

Italo Wolff — Pode haver um novo Grupo de Apoio ao Prefeito (Gap)?

Ele não dialogou nada nesse sentido comigo, mas entendo que é uma decisão dele, da administração. Se tiver um novo gap, ótimo. Se não tiver, melhor, porque o prefeito já tem seus auxiliares, seus secretários. Agora, ele tem trabalhado a sua pré-campanha e entendo que a missão do partido é montar uma chapa forte para o prefeito e auxiliar lá na Câmara, como a gente tem feito.

Ton Paulo — Comos está a relação da diretoria da Câmara com a gestão de Rogério Cruz, que depois da extinção do GAP, teve um distanciamento do presidente vereador Romário Policarpo (Patriota)?

O presidente da Câmara Romário em determinados momentos esteve mais perto e mais distante do prefeito Rogério, mas a Mesa Diretora e a Prefeitura não se movimentam de acordo com essa relação. O presidente consegue manter uma distância entre os trabalhos da Câmara e o trabalho dele, o pessoal, enquanto agente político. Às vezes, Policarpo está muito próximo do Rogério, mas isso não significa que a Câmara será leniente com Rogério. Quando estão distantes, a Câmara não deixa de aprovar projetos importantes para a cidade.

Ton Paulo — Nos bastidores, se diz que o Republicanos, mesmo com o prefeito como pré-candidato, está dialogando com outros pré-candidatos de outros partidos. Isso procede? 

Nós mantemos diálogo com todos os partidos, com todos os pré-candidatos a vereador e pré-candidatos a prefeito. Isso não significa que uma aliança esteja sendo articulada. O partido nunca discutiu, em momento algum, escolher outro pré-candidato. O que começaremos a construir, a partir de junho, é uma articulação para a indicação de um vice. Neste momento, teremos de voltar a conversar sobre composição. Mas isso é um processo que ainda vai acontecer no futuro. 

No momento, em período de janela partidária. É o momento de os vereadores e pré-candidatos decidirem para qual partido vão. É um período de diálogo intenso, mas precisamos esperar passar essa fase de filiação para debater a composição partidária com qualquer possível vice-prefeito. Por enquanto, cada partido está voltado para se fortalecer. Por parte da liderança do Republicanos, não existe conversa com nenhuma outra força sobre candidatura majoritária, apesar de a fase ser de relacionamento com outros partidos.

Ton Paulo — Há expectativa muito grande pelo anúncio do apoio do governo Ronaldo Caiado (UB) para um pré-candidato a prefeito de Goiânia. Na sua perspectiva, considerando os nomes que estão colocados, quem deve receber o apoio da base?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Infelizmente, eu não sei, e acredito que ele próprio não tenha se decidiu ainda. O governador terá uma enorme relevância para a decisão do eleitorado goianiense. Eu acho que Ronaldo Caiado transferirá mais votos do que os presidenciáveis, por exemplo.  

O que o governador tem demonstrado é que ele ainda está aberto, que vai olhar o cenário político após as filiações partidárias. A sigla partidária também importa nessa conjuntura que vivemos hoje no Brasil, então, não creio que o governador tomará uma decisão em contexto de possível mudança de partidos. O União Brasil, por exemplo, tem que fazer a sua chapa de vereadores, o MDB tem que fortalecer a sua chapa, a gente está fortalecendo a nossa.

A escolha de um candidato, eu creio, virá com o tempo e com a resposta da população às pesquisas. Não adianta o governador apoiar um candidato impopular. Imagino que o governador vá esperar as coisas se assentarem, as candidaturas se definirem, e entender o que a população de Goiânia espera do próximo prefeito ou prefeita.

19/03/24 Vereadora Sabrina Garcez Henrique da Silva. Partido Republicanos Nasc: 03/01/1989. Foto Leoiran
“A política é dinâmica e momento. Se Bruno Peixoto estiver forte, acho que vai concorrer”, diz Sabrina Garcez | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — Acredita que Bruno Peixoto (UB) está mesmo fora do jogo? 

A política é dinâmica. Até as convenções partidária, tudo pode acontecer… Inclusive nada [risos]. Pode ser que tudo continue como está. Bruno Peixoto me pareceu sincero quando anunciou seu recuo. Mas, se chegarmos em junho e as pesquisas apontarem que ele tem chances, como ignorar? A política é dinâmica, e a política é momento.

As pessoas começam a prestar mais atenção na disputa a partir de junho, então as pesquisas de intenção de voto passam a valer mais, ficam mais refinadas, seus dados revelam melhor o que o eleitorado realmente quer. Ainda não começamos a mapear com precisão os movimentos eleitorais. Acho que, de fato, Bruno Peixoto recuou, mas nada impede que ele seja candidato.

Italo Wolff — E quanto a Ana Paula Rezende (MDB)? Recentemente, ela esteve em reunião com Ronaldo Caiado. Acredita que pode ser candidata?

Estive com ela recentemente. Tivemos uma conversa extremamente agradável, no escritório que hoje é dela e que já foi o escritório de Iris. Falando por toda uma tarde das histórias dela com Iris Rezende — e eu já fui oposição a Iris, mas forma sempre muito respeitosa. Acredito que Ana Paula tem a sensibilidade que Iris tinha, isso é visível. 

Não existe nada que desabone uma possível candidatura dela. No meu entender, é um grande nome e eu fico feliz com mais uma candidatura de mulher em nossa cidade. Destaco que o Rogério é meu candidato, mas a gente precisa de mais mulheres na política e o nome dela me agrada.

Ton Paulo — Como está a relação do Republicanos de Goiânia com o presidente estadual, Roberto Naves?

Minha relação com o ex-presidente estadual do partido, Hildo do Candango, é muito boa. Acredito que, pelo tempo que permaneceu na presidência do Republicanos, Hildo potencializou a sigla. Ele começou um trabalho que o Roberto Naves assumiu e continuou muita competência.

Gosto de tratar com Roberto Naves porque ele é muito franco. De forma democrática, ele tem dado a oportunidade de participarmos da gestão da estadual. No momento de definir os nomes que vão disputar as prefeituras dos municípios, as comissões provisórias de outras cidades, Roberto Naves sempre faz uma reunião ampla, com todo mundo na mesa. Com ele, não existe uma escolha monocrática, pessoal. Gosto da forma que ele tem feito a gestão do partido. Acho interessante a liberdade participativa que ele dá para cada membro guiar o processo político dentro das suas cidades.

Ton Paulo — Roberto Naves tem proximidade com o governador. Teme uma divisão no partido caso a base apoie um pré-candidato diferente de Rogério Cruz para Goiânia?

Não. Uma das decisões do Republicanos é fortalecer o Republicanos. Onde tivermos pré-candidatos a prefeito, o partido vai impulsionar seus pré-candidatos. A gente precisa de um partido forte, e o Republicanos só será respeitado se tiver quadros, prefeitos e parlamentares eleitos. 

Não é uma questão de estar na base do governo. Ter nossos próprios candidatos não significa romper com o governo. Damos todo o apoio administrativo na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Essa relação que conta para o governador neste momento. A base política do governo do Estado precisa que os partidos que a compõem sejam competentes em fazer a sua parte e tenham uma quantidade relevante de integrantes.

Italo Wolff — Quais são os seus planos para 2026?

O meu plano imediato é a reeleição. Apenas depois é que vou realmente tentar entender quais serão meus próximos passos. Hoje, eu estou 100% focada em conquistar um novo mandato na Câmara Municipal de Goiânia.

Ton Paulo — Nunca tivemos uma prefeita mulher em Goiânia. A longo prazo, esse pode ser um projeto seu?

Um dos meus maiores sonhos é ser prefeita de Goiânia, e eu costumo perseguir os meus sonhos. Com certeza, uma disputa pela Prefeitura de Goiânia está em meu caminho. Não sei em qual momento, mas é uma coisa que eu ainda quero realizar; pelo menos lutar por isso em uma disputa eleitoral.

Ton Paulo — Qual avaliação você faz da gestão do prefeito Rogério hoje? 

Quando Rogério chegou à prefeitura, houve um rompimento com o MDB. As pessoas não esperavam Rogério, elas esperavam Maguito Vilela, então, naturalmente houve uma quebra de expectativa. Independentemente do que o prefeito fizesse, qualquer que fosse a ação do prefeito, essa quebra de expectativa marca sua avaliação.

O rompimento com o MDB (um MDB que já estava acostumado a estar na máquina pública há muitos anos) deixou a prefeitura vulnerável em vários pontos sensíveis. Quando prefeito Rogério Cruz teve de correr atrás, demorou a ajustar a equipe, e essa demora levou a mais desgastes na perspectiva do morador de Goiânia.

Apesar de todos os desafios superados, o prefeito Rogério avançou em muitas áreas. Por exemplo, o serviço público: hoje, quase todas as carreiras estão de acordo com o plano de carreira ou conseguiram uma melhoria em seus planos de carreira. Antes, muitos prefeitos não pagavam a data-base, não renovavam os planos de carreira. Ainda há um grande desafio que é o administrativo do educação, mas é um compromisso para a próxima gestão.

O prefeito entendeu a importância do servidor público e deu a valorização, o que não é um favor, mas um reconhecimento de sua importância. Acredito que Rogério Cruz deu a devida importância aos servidores. Acredito também que, no aspecto cultural, Goiânia deu um passo adiante. Mesmo com a pandemia em sua gestão, eventos e artistas foram muito valorizados. Na causa animal: quantas cidades possuem uma Unidade de Pronto Atendimento Veterinária (Upa Vet)?

Mas existe na população uma sensação de que os problemas macro não foram abordados. Nós, políticos, precisamos ter a humildade de ouvir o que a rua está falando, entender onde que estamos errando. Apesar disso, me questiono: será que a gente está errando porque deixamos de fazer, ou porque não conseguimos comunicar?

A parte de infraestrutura realmente teve um salto. Várias obras do prefeito Rogério Cruz são importantíssimas para a comunidade. Muitas estavam travadas. Acredito que obras feitas em um bairro não estão sendo valorizadas, pois a população de outro bairro não sabe que aquilo foi concluído. 

Então, a minha avaliação é que o prefeito Rogério Cruz avançou em pautas importantes, mas comunicou muito mal as realizações do seu governo. Hoje, ele tem a previsão de receber um empréstimo, e pode usar essa oportunidade para demonstrar para a população o que sua gestão fez por Goiânia.

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