Apesar do crescimento dos movimentos evangélicos, a Igreja Católica ainda é a principal denominação religiosa em Goiás, segundo o arcebispo metropolitano de Goiânia, Dom João Justino de Medeiros Silva. A afirmação é baseada nos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda do Censo de 2010.

“Nós lidamos ainda com os dados do Censo 2010. E há indicações de que, nacionalmente, não houve alteração significativa do resultado daquele censo. Aguarda-se a publicação dos números do Censo 2022”, explicou o arcebispo.
Questionado sobre a quantidade de templos católicos em relação aos evangélicos, Dom João Justino afirmou que não há dados concretos para essa comparação. “Não temos números para fazer essa comparação”, disse.
Com base no percentual da população católica registrado em 2010, o número estimado de fiéis em Goiânia seria de cerca de 900 mil pessoas. “Mas esses números carecem de exatidão”, ponderou.
Dom João Justino ressaltou a capilaridade da Igreja Católica no estado. “Sim, a capilaridade da fé católica é claramente perceptível”, afirmou, ao dizer que há presença da Igreja em todos os municípios goianos.
Na capital, no entanto, a distribuição de templos ainda é desigual. “Não há templos em todos os bairros. Mas em bairros onde não há, temos a prática solidificada de celebrar a missa nas casas de famílias católicas que abrem suas casas para acolher a comunidade local”, relatou.
Sobre o crescimento dos movimentos evangélicos e a redução do número de católicos, o arcebispo destacou que há múltiplos fatores envolvidos. “Os motivos são muitos e carecem de estudos. A Igreja Católica tem um modelo evangelizador com processos menos rápidos. Conta, porém, com a riqueza de sua Tradição. Houve, nos últimos anos, uma substancial revitalização de nossas comunidades”, avaliou.

Segundo ele, a Renovação Carismática Católica teve um papel importante nesse processo. “É um movimento eclesial muito organizado e bastante presente nas comunidades, que colaborou significativamente para a revitalização das comunidades e maior adesão da juventude”, disse.
Em suma, o arcebispo rejeitou a ideia de rivalidade entre católicos e evangélicos. “Certamente são cristãs, e a linguagem e a postura de rivalidade são impróprias para os que se confessam discípulos de Jesus Cristo”, concluiu.
Crescimento evangélico em Goiás
Flávio Munhoz Sofiati, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), traça um panorama do crescimento evangélico no estado e no Brasil, destacando mudanças recentes no perfil religioso da população.
Sobre a questão do crescimento dos evangélicos e a dispersão dos católicos, principalmente entre os jovens, Sofiati afirma:“O crescimento evangélico no Brasil tem sido identificado pelos últimos Censos de 1990, 2000 e 2010. Aguardamos para julho deste ano o resultado do Censo de 2022, com a perspectiva de desaceleração do crescimento evangélico e estancamento do processo de decatolização.”
Ele explica que “o principal doador de fiéis para o campo evangélico são os católicos não praticantes, mas eles também são o principal grupo de reafiliação promovido pelo catolicismo carismático.”
Sofiati ressalta ainda que “o cristianismo pentecostal, seja de origem carismática católica, seja evangélica, tem tido a adesão principalmente de grupos que herdaram o catolicismo de suas famílias, mas que agora sentem-se com menos constrangimentos para mudar de religião ou de posicionamento dentro mesmo do catolicismo.”
Dessa forma, ele conclui que “o crescimento evangélico não significou necessariamente uma dispersão católica, mas, em muitos casos, um processo de efervescência da adesão religiosa no seio do catolicismo.”

Quando questionado sobre a competição entre as igrejas evangélicas, Sofiati destaca a Assembleia de Deus como a maior denominação no país, com cerca de 12 milhões de fiéis segundo o Censo de 2010, contra 1,8 milhão da Igreja Universal, mais conhecida pela presença midiática.
Para ele, “não vejo o campo evangélico competindo entre si, visto que a adesão tem se tornado cada vez mais provisória no campo religioso brasileiro, altamente diversificado.”
“Mas há estratégias de busca por fiéis de perfis muito parecidos,” afirma, apontando que “o cristianismo pentecostal aposta na busca de uma população ressentida, adoecida pelo sistema societário capitalista que exige muito das pessoas e oferece muito pouco. A vida em comunidade, ofertada pelas igrejas, tem se tornado espaço terapêutico para os fiéis. O slogan da Igreja Universal, por exemplo, é ‘pare de sofrer’.”
Sobre o cenário específico de Goiás, o professor comenta que o estado está “acima da média no que concerne aos evangélicos e abaixo no que diz respeito aos católicos.”
“Em Goiânia, a situação é ainda mais particular,” observa.
“O Censo de 2010 apontou uma diminuição relativa e até absoluta no número de católicos no país. Em Goiás, a Igreja Católica representava 58,9% da população, contra 28% de evangélicos. Em Goiânia, esses números já se invertiam em parte, com 50,7% católicos e 32,3% evangélicos.”

Sofiati também destaca dados da Fundação Getúlio Vargas que mostram que Goiânia é “a capital brasileira com a maior proporção de evangélicos de igrejas pentecostais e, ao mesmo tempo, a 23ª mais católica entre as 27 capitais do país.”
Sobre a presença de igrejas evangélicas muitas vezes muito próximas umas das outras, ele explica que “o perfil do campo evangélico é de ocupação do território, pois o evangelismo foi em missão ocupar as periferias das grandes cidades. É uma religião urbana, uma versão ‘moderna’ do catolicismo popular, mais comunitária.”
“Estar fisicamente nos territórios é importante para que as igrejas apareçam, sejam frequentadas pelas pessoas do bairro e criem envolvimento com a comunidade. Isso cria relações de comprometimento e garante, pelo menos por um tempo, a adesão das pessoas à denominação,” complementa.
Quanto à hegemonia da Assembleia de Deus em Goiás, Sofiati afirma: “É preciso pensar a Assembleia de Deus no plural, pois se trata de uma denominação com muitas denominações internas, organizadas por diferentes Ministérios, como Madureira, Belém e Vitória em Cristo.”
“A hegemonia se dá pela capilarização nas grandes cidades e pela articulação quase independente dos seus Ministérios, o que torna menos ‘pesada’ a missão. Diferente da Igreja Universal, que aposta em grandes templos centralizados, as Assembleias de Deus criam pequenos espaços comunitários, garantindo ampla presença nas cidades.”
Por fim, ao ser perguntado se Goiás pode ser considerado um estado evangélico, ele pondera:
“Goiás não é um estado evangélico, mas é um estado com forte presença evangélica, acima da média nacional, evidenciada pelo número de parlamentares evangélicos.”
“No entanto, a tradição católica ainda é muito forte, visível nas atividades públicas das dioceses e nas peregrinações aos principais centros católicos do estado, como Trindade e Muquém.”

Assembleia de Deus Madureira em Goiás alcança 3.300 igrejas e meio milhão de membros, afirma bispo Oides do Carmo
O presidente da Convenção das Assembleias de Deus de Madureira em Goiás, bispo Oides José do Carmo, afirmou que a denominação já soma cerca de 3.300 igrejas em todo o estado e aproximadamente 500 mil membros. “Sem dúvida, somos a maior denominação do estado”, declarou.

Segundo ele, o crescimento é resultado da estrutura organizacional em “campos”, que possuem autonomia para fundar novas igrejas em diferentes regiões. “Cada campo, dentro de sua autonomia, planta igrejas na maioria dos setores”, explicou.
O bispo destacou ainda que não há disputa entre as diversas vertentes da Assembleia de Deus. “Nada de concorrência. Trabalhamos em harmonia e unidade, e sobretudo com respeito”, afirmou.
O aumento no número de templos, segundo Oides, acompanha a crescente busca da população pelas igrejas. “A abertura de tantas igrejas ocorre para atender à demanda do povo, que cada vez mais procura as igrejas. Elas estão, na maioria, superlotadas!”, disse. Para ele, a principal motivação por trás da expansão continua sendo evangelística. “Não posso duvidar que a motivação da maioria é levar o Evangelho de Cristo a todas as criaturas”, concluiu.
Presidente da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova fala sobre crescimento e atuação da igreja em Goiás
O pastor Josué Gouveia, presidente da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligada à Convenção de Madureira em Goiás, fez um relato sobre a presença e expansão da igreja no estado, incluindo a capital Goiânia.

Segundo ele, a Assembleia de Deus Ministério Vila Nova conta com cerca de 290 igrejas em Goiás, sendo 100 delas apenas na capital. “Os lugares que têm mais igrejas são Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, que são as cidades onde temos mais fiéis”, afirma o pastor.
Sobre os critérios para abrir novas congregações, Josué explica que isso geralmente ocorre quando membros da igreja se mudam para uma região onde ainda não há presença da Vila Nova. “Às vezes um obreiro nosso muda para um determinado lugar ou uma família, duas famílias, e lá não tem nenhuma igreja da Vila Nova. O pessoal se adapta, cresce na Vila Nova e nos pede para abrir um trabalho ali”, conta.
Ele acrescenta que o crescimento é constante. “A igreja vive em processo de crescimento ano após ano, porque não para. Surge um bairro novo, como em Senador Canedo, e algumas famílias mudam para lá. Então, começamos um novo trabalho nessas áreas”, explica.
O pastor destaca ainda que a Assembleia de Deus é a maior denominação evangélica do país, presente em todos os tipos de comunidades, dos grandes centros aos bairros periféricos. “Você pode andar na Grande Goiânia, em povoados pequenos, e sempre vai encontrar uma Assembleia de Deus. Às vezes em um lugar com 50 casas tem três igrejas da Assembleia de Deus”, observa.
Sobre a forma como a igreja atua financeiramente, Josué esclarece que nem todas as congregações são sustentáveis por si mesmas, e existe um sistema de apoio interno. “Às vezes você tem que dar uma ajuda para o pastor porque lá não entra renda. A Assembleia de Deus banca umas as outras. A gente não fica olhando se vai ter resultado financeiro, mas sim em cuidar das pessoas e ganhar almas”, afirma.
Em relação à diferença da presença das igrejas evangélicas e da Igreja Católica nos bairros, o pastor acredita que a abordagem é distinta. “Eu vejo que a Igreja Católica, as lideranças, os padres, olham para a igreja como um lugar fixo, aonde o católico deve ir. Eles não têm essa visão de evangelizar no bairro. Evangelismo da Igreja Católica nos bairros é raridade”, diz.
Já a igreja evangélica, segundo Josué, tem o foco na evangelização ativa. “Ela ensina que fomos chamados para evangelizar, para ganhar almas. O crente se preocupa em levar um amigo para a igreja. A Igreja Católica não tem isso, só se vai para a missa”, afirma.
Ele ainda destaca o mandato de Jesus para os cristãos: “Jesus deu uma ordem, não um convite, quando disse ‘vá e faça discípulos’. A igreja evangélica tem esse lado de buscar aonde for, nos bairros, nos presídios, evangelizando”.
Por fim, Josué reconhece que o crescimento das igrejas evangélicas está ligado à migração de fiéis da Igreja Católica para o movimento evangélico. “São milhares de pessoas que saem da Igreja Católica e vão para a evangélica porque nós vamos atrás, evangelizamos, pregamos que Jesus morreu na cruz para salvar”, conclui.
Histórias de conversão revelam caminhos distintos de fé
O gastroenterologista clínico Evandro das Merces Bittencourt Resque Júnior, de 59 anos, conta que sua conversão ao protestantismo ocorreu em meio a uma fase de intensos conflitos pessoais e conjugais, quando buscava consolo espiritual. Nascido em uma família tradicionalmente católica, ele afirma que sua aproximação com o evangelho se deu após um episódio que ele considera como uma revelação divina.
“Minha família é majoritariamente católica. Minha avó era uma daquelas católicas fervorosas, praticantes mesmo. Meu pai contava que ela ia à missa todos os dias, fizesse chuva ou sol”, relata.

Evandro cresceu imerso na tradição católica, estudando no Colégio Marista de Belém do Pará, onde se envolveu com o Serviço de Orientação Religiosa (SOR). “Eu fui convidado a participar do serviço de orientação religiosa. Já naquela época, eu gostei de trabalhar para Deus, era a religião que eu conhecia”, conta.
O médico participou ativamente da organização de encontros para jovens e congressos marianos promovidos pela escola. Mais tarde, casou-se em uma cerimônia católica na capela do próprio colégio. No entanto, segundo ele, o primeiro casamento foi marcado por dificuldades, agravadas por comportamentos que ele hoje reconhece como influenciados por valores equivocados.
“O comportamento que meu pai me ensinou era totalmente fora do que é considerado ético ou moral. Ele achava que era bom ser garanhão, e isso com certeza contribuiu para a destruição do meu relacionamento”, admite.
Durante o serviço militar, em 1995, quando atuava como médico do Exército, Evandro confidenciou seus problemas pessoais a um colega de farda. Foi nesse momento que ouviu uma história que mudaria sua vida.
“Ele me disse: ‘Olha, eu não sei se você vai acreditar, mas eu sou evangélico e Deus me deu uma revelação em sonho. Um jovem de boa aparência ia me procurar e falar dos problemas que estava vivendo. E Deus me pediu para trazê-lo para a igreja’. Ele me descreveu e disse que acreditava que eu era esse jovem.”
A partir desse convite, Evandro começou a frequentar cultos na Igreja do Evangelho Quadrangular em Belém. “Fui uma vez, fui duas. Na terceira, quando fizeram o apelo, eu aceitei Jesus. Foi no segundo semestre de 1995.”
No ano seguinte, mudou-se para Goiânia, onde vive desde então como membro da igreja Assembleia de Deus Ministério Vila Nova. “Desde essa época eu sirvo a Jesus. Foi assim que aconteceu a minha conversão.”
Foi a palavra certa no momento certo
Empreendedora, mediadora e conciliadora, Carla Munique Brandão Lima conta que cresceu em uma família católica, mas nunca se identificou completamente com a Igreja.
“Meus pais sempre foram católicos. Minha mãe, religiosa assim ao extremo. Então, eu sempre os acompanhava, mas não me identificava”, relata.
Para ela, a liturgia da Igreja Católica não despertava conexão emocional. “Você vai, você se senta… Às vezes, você não consegue entender nada do que o padre está falando. Não tem aqueles louvores, não tem aquela palavra que realmente toca o coração”, diz.

A aproximação com a fé evangélica veio por meio da irmã. “A minha irmã é evangélica. Eu já a acompanhava algumas vezes, mas não frequentava com regularidade. Também não tinha aquela coisa que me pegava”, explica.
A mudança aconteceu a partir de um convite para conhecer uma nova igreja. “Um dia ela me convidou para ir à Family Church, e eu fui. Foi uma coisa que me tocou de verdade desde o primeiro momento. Gostei muito”, lembra Carla.
Ela conta que, naquele dia, ouviu algo que parecia feito sob medida para sua vida. “Por incrível que pareça, escutei uma palavra que era exatamente o que eu precisava ouvir. De alguma forma, aquilo me tocou”, revela.
Desde então, passou a frequentar os cultos com mais frequência. “Gosto muito do louvor. É mais animado, mais emocionante. As palavras nas músicas parecem que te cativam, mexem com você de alguma forma”, diz. Apesar da nova vivência religiosa, ela reconhece o papel da Igreja Católica em sua trajetória.
Já fui católica e budista, mas hoje sou evangélica
A radialista Débora Orsida, 49 anos, conta que já foi católica e budista antes de se tornar evangélica. Ela explica que a religião sempre fez parte de sua vida, desde a infância.
“Nasci numa família católica. E sempre frequentei a igreja, aliás, eu sou uma pessoa que não sabe viver sem religião, mesmo os meus pais não sendo tão frequentadores, eu sempre me dediquei nas atividades da igreja católica”, lembra.
Aos 13 anos, Débora acompanhou a mãe na conversão ao budismo, o que a levou a permanecer por 35 anos na organização budista, onde exerceu diversas funções.
“Quando eu tinha 13 anos minha mãe se converteu ao budismo e toda família a acompanhou. Exerci diversas funções na organização budista onde fiquei por 35 anos”, relata.
Em 2022, um ano marcado por mudanças profundas, Débora terminou o casamento, mudou de casa e assumiu novas responsabilidades no trabalho. No final daquele ano, um acidente vascular cerebral (AVC) mudou sua vida.

“Em 22 de dezembro de 2022 eu tive um AVC e aí teve início a minha nova vida”, conta.
Durante o processo de recuperação, ela diz ter refletido muito sobre as experiências vividas e sentiu o desejo de agradecer às pessoas que oraram por ela, o que a levou a visitar igrejas evangélicas.
“Durante meu processo de recuperação eu refleti muito sobre tudo que havia me acontecido, as motivações e a nova oportunidade que eu havia tido. Diante de tudo isso, eu sentia no meu coração o desejo de ir nas igrejas agradecer as pessoas que oraram por mim”, afirma.
Débora visitou duas igrejas, entre elas a Igreja Metodista, onde sentiu uma conexão especial.
“No dia 3 de setembro de 2023 eu fui no culto na Igreja Metodista. E ao entrar foi como se tivesse sido levada de volta ao meu lar. Durante a pregação era como se meu coração fosse inundado por um amor sobrenatural. Chorei. Chorei. E saí de lá sabendo que eu voltaria”, revela.
Pouco tempo depois, ela encerrou sua ligação com o budismo, iniciou o curso para novos membros e foi batizada em 10 de dezembro de 2023.
Questionada sobre o motivo da conversão ao cristianismo, Débora diz que não foi uma escolha dela, mas um chamado divino.
“Não fui eu que escolhi me converter, Deus me levou de volta pra casa. Hoje eu entendo que estava tão perdida na minha vida emocional, física e espiritual que, aquilo que parecia ser o fim, foi o meu recomeço, uma nova vida com Deus. E desde então decidi viver a vida que Ele tem preparado pra mim. E é surreal o que Jesus faz em minha vida”, conta.
Ela participa atualmente da Igreja Metodista Central em Goiânia e soma um ano e cinco meses desde o batismo.
“Se contar desde o batismo, tem 1 ano e 5 meses. Participo na Igreja Metodista Central em Goiânia”, finaliza.
Me converti ainda adolescente
José Fernando Duarte, 43 anos, psicólogo e professor universitário, contou como sua caminhada religiosa começou em um berço católico. “Meus pais eram católicos, então nasci em um berço católico”, explicou.
Ele relembra que, aos 10 anos, fez amizades em um bairro onde morava com alguns garotos evangélicos, que o convidavam para ir à igreja. “Passado algum tempo, fomos visitando. Passei, na verdade, dos 10 aos 13 anos indo às vezes. Aceitei Jesus algumas vezes, mas não firmava.”
Durante esse período, ele também continuou frequentando a igreja católica, fez catequese e primeira comunhão. “Mas, aos 13 anos, aceitei verdadeiramente Jesus e já são 30 anos.”

José Fernando destacou que sua fé se firmou pouco antes de uma cirurgia, apesar de já estar enfrentando um problema no quadril. “Posso dizer que esse problema foi um dos motivos que me fez refletir e firmar definitivamente no evangelho.”
Sobre a fé dos pais, ele comentou que eles não se converteram ao evangelho até perto do falecimento. “Quase perto do falecimento deles, aceitaram Jesus e firmaram, mas nunca impediram ou questionavam por estarmos na igreja evangélica.”
Alano Mota vivenciou experiências em diversas tradições religiosas
Alano Mota, repórter cinematográfico e publicitário de 42 anos, compartilha uma trajetória espiritual marcada por diversidade religiosa. Criado em uma família fortemente ligada ao catolicismo — com tios padres, uma tia freira e o pai, ex-frade dominicano — ele foi introduzido desde cedo à fé cristã tradicional.
“Fui criado nesse panteão religioso, com a tradição católica”, relembra. Ao mesmo tempo, teve contato com práticas orientais como o yoga, influenciado pelo pai. Ainda na juventude, passou a explorar outras filosofias e religiões, incluindo hinduísmo e budismo.
Na adolescência, Alano se aproximou do neopentecostalismo, que ganhava espaço no Brasil com igrejas voltadas ao público jovem. “Vi uma banda de rock cristão, a Resgate, e pensei: ‘Posso ir a um show sem estar fumando, cheirando ou bebendo cerveja. Que coisa legal!’” Essa fase marcou uma transformação em sua compreensão de Cristo.
“O Cristo que eu conhecia era o coitadinho pregado na cruz, não o Cristo ressurreto. Isso me despertou para algo diferente, uma fé não só de rituais, mas um Deus vivo.” Mesmo com a mudança, ele manteve uma convivência respeitosa com a fé católica da família: “Minha mãe continuou católica e disse: ‘Pode virar crente, mas não tira minha santa daqui.’”

Mais tarde, Alano passou por outras igrejas evangélicas, como a Presbiteriana e, há 13 anos, está na Batista, onde atua na comunicação. “Vejo um trabalho sério nessas igrejas históricas, embora algumas não aceitem manifestações como o falar em línguas. Mas eu respeito essas diferenças.” Sua experiência espiritual, segundo ele, moldou uma visão aberta e tolerante: “A visão holística que tive na infância e adolescência, por causa dos meus pais, me trouxe tolerância.” Para Alano, todas as crenças convergem para um princípio essencial: “Deus é amor, e Cristo foi a maior manifestação de amor na Terra.”
Fiel reencontra a fé no catolicismo
Aos 59 anos, Cleusimar Aparecida Costa Silva, auxiliar de copa e cozinha, descreve uma caminhada religiosa marcada por buscas, descobertas e reencontros. Criada na tradição católica, ela conta que, na infância, frequentava a igreja católica, mas sem compreender profundamente os ensinamentos da fé.
“Fui criada indo na igreja católica”, relata. “Mas eu não tinha conhecimento do que era ser católica de verdade.”

Ao longo dos anos, Cleusimar se aproximou de comunidades protestantes, onde passou a ter um contato mais direto com a leitura da Bíblia. “Com eles, aprendi a ler a Bíblia e estudar mais a palavra de Deus”, afirma. Ainda assim, algumas dúvidas permaneciam. “Sempre houve perguntas sem resposta para mim.”
O reencontro com católicos praticantes foi um ponto de virada. “Então conheci pessoas católicas de verdade, católicos praticantes! Foi então que resolvi estudar mais”, diz. A partir daí, as respostas começaram a surgir. “Hoje, as perguntas têm respostas!”
Cleusimar conta que decidiu retornar à Igreja Católica, que chama de “igreja mãe”. “Ou seja, a igreja que Jesus Cristo fundou! Estou muito feliz onde estou”, declara. Segundo ela, a vivência atual de fé tem sido profunda. “Nesses últimos tempos, tenho vivido uma plenitude com Deus tão grande”, conclui.
Jovem encontra novo caminho na fé católica após decepções com igreja evangélica
Após uma trajetória marcada por fé e rupturas, Yasmim Alves da Silva Lourenço, 28 anos, Técnica Administrativa diz que encontrou um novo propósito na Paróquia Nossa Senhora da Assunção. Nascida em lar evangélico, ela conta que a religião sempre fez parte de sua vida.
“Nasci e fui criada na igreja evangélica. Nunca conheci uma vida sem a presença de Deus. Permaneci na igreja até os 17 anos”, relata.
A jovem explica que, após vivenciar momentos difíceis, se afastou da religião.
“Passei por grandes decepções com a igreja evangélica e com alguns pastores, então decidi me afastar completamente de qualquer religião. Foi um período difícil”, afirma.
O reencontro com a fé aconteceu de forma inesperada, por meio de um convite.
“Um tempo depois, recebi um convite para ir à Paróquia Nossa Senhora da Assunção. Apesar de estar distante da fé e hesitar bastante, acabei aceitando”, diz.
Yasmim revela que, nas primeiras missas, sentiu dúvidas sobre sua presença ali. Foi então que fez um pedido a Deus.

“Comecei a me questionar sobre o que eu estava realmente fazendo ali. Pedi a Deus um sinal, algo que me mostrasse se eu deveria continuar”, conta. “No final daquela missa, o Padre Marcos anunciou que o ministério de música precisava de cantores e músicos. Naquele momento, senti com clareza que era a resposta de Deus.”
Desde então, ela se envolveu ativamente na comunidade e atualmente participa de dois ministérios de música. “Tem sido uma caminhada maravilhosa”, afirma.
Yasmim agora se prepara para cantar no Totus Tuus, evento mariano dedicado a Nossa Senhora, que acontecerá no dia 31 de maio.
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