Criado em 2013 por neurocientistas do Imperial College London, o Pint of Science surgiu após uma iniciativa em que pessoas afetadas por doenças como Parkinson e Alzheimer foram convidadas a visitar laboratórios e conhecer de perto o trabalho dos cientistas. A experiência foi tão positiva que os idealizadores decidiram inverter a lógica: levar os pesquisadores até onde as pessoas estão.
O primeiro festival aconteceu em apenas três cidades do Reino Unido e, desde então, foi incluído por 27 países. No Brasil, é realizado há 10 anos, sempre com entrada gratuita, e tem se consolidado como um dos principais eventos de divulgação científica do país. Além de Goiânia, a edição de 2025 também acontece em outras capitais e cidades brasileiras, reunindo universidades, centros de pesquisa, bares parceiros.
No estado de Goiás, a organização é feita pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “O bar é um lugar descontraído, em que as ideias fluem aparentemente de forma espontânea, mas não é. O que nós sabemos, o que nós vivemos, o nosso cotidiano é todo impactado pela produção”, afirmou a reitora da UFG, Angelita Pereira, ao Jornal Opção.
O festival internacional Pint of Science chegou a Goiás em 2025 com programação confirmada em Goiânia, Anápolis e Formosa, entre os dias 19 e 21 de maio. Em ambientes descontraídos como bares e pubs, pesquisadores e pesquisadoras saem dos laboratórios e se reúnem com o público para conversar sobre ciência, clima, educação, comportamento e outros temas atuais de forma leve e acessível.
A professora Carolina Horta, da Faculdade de Farmácia da UFG, falou sobre Inteligência Artificial que faz bem à saúde: pesquisas para desenvolvimento de fármacos. “Desde 2010, tenho aplicado essas ferramentas de IA para acelerar a descoberta de fármacos. Em todos esses processos, a IA consegue ser aplicada”, afirmou a professora ao Jornal Opção.
Por exemplo, uma descoberta tradicional demora de 10 a 15 anos para que um novo medicamento chegue ao mercado. Com a inteligência artificial, o tempo pode reduzir para cinco, quatro ou até mesmo dois anos”, completa Carolina Horta.
Em Goiânia , o evento foi realizado no Rio Bahia Restaurante Bar , no Setor Marista, e no ThörDon Bierhaus Pub , no Setor Jaó. Com o tema “É tempo de mudanças” , o festival deste ano chama atenção para os efeitos das mudanças climáticas e convida a sociedade a refletir e agir sobre as transformações que já afetaram o presente. A iniciativa é gratuita, aberta ao público e não exige inscrição prévia.
A proposta do festival é promovida no Brasil pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e hoje conta com uma rede nacional de mais de dois mil voluntários. O Pint of Science 2025 foi realizado em 169 cidades, maior número de participações no mundo, à frente até mesmo do Reino Unido — onde o festival foi criado.
“A gente está pensando na pele agora aquilo que dizíamos que poderia acontecer no futuro, com os ursos polares ou os nossos bisnetos. As mudanças climáticas deixaram de ser um alerta distante. É um problema atual”, afirma Eduardo Bessa , coordenador nacional do festival e professor da Universidade de Brasília (UnB). O biólogo e pesquisador, Bessa reforça que o Pint of Science busca fortalecer o papel da ciência e se aproximar das comunidades, mostrando de forma clara como se produzem as evidências científicas.
Além de ouvir quem está na linha de frente da produção de conhecimento, o público pode entender melhor como funciona a ciência e o processo de criação de evidências que embasam políticas públicas, mudanças sociais e inovações. Para quem quiser inscrever-se em novas cidades na edição de 2026, o festival abrirá formulário específico no segundo semestre, disponível no site oficial e nas redes sociais.

Programação em Goiânia
THÖRDON BIERHAUS PUB:
19 de maio – 19h
Questões interessantes sobre o tempo e o universo
Lucas Céleri – Instituto de Física-UFG
20 de maio – 19h
Re-humanizar a vida: o desafio de restituir a dignidade perdida
Luciana Oliveira – Faculdade de Ciências Sociais-UFG
21 de maio – 19h
Fotógrafos lambe-lambe e uma constelação de imagens
Ana Rita Vidica – Faculdade de Informação e Comunicação-UFG
RIO BAHIA RESTAURANTE BAR:
19 de maio – 19h
Inteligência Artificial que faz bem à saúde: pesquisas para desenvolvimento de fármacos
Carolina Horta – Faculdade de Farmácia-UFG
20 de maio -19h
Vamos falar do nosso bem-estar? Biodiversidade no cerrado, desmatamento e mudanças climáticas
Luísa Carvalheiro – Departamento de Ecologia-UFG
Elaine Silva – Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento (Lapig)-UFG
21 de maio -19h
Música Instrumental Brasileira: do cotidiano aos games Palestrante: Everton Luiz Loredo de Matos, EMAC/UFG
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