Paulo Henriques Britto — assim como o bardo Gabriel Nascente — merecia se tornar integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL). Como se tornou na quinta-feira, 22.
Poeta de primeira linha, desses que “absorveram” de T. S. Eliot a Pound, passando por William Carlos Willians e Wallace Stevens e “beberam” em Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, não para imitá-los, como clone, e sim para arrancar o que têm de positivo e construir uma obra densa, à espera de uma crítica mais detida e perceptiva.
Paulo Henriques Britto é excelente poeta e, um pouco menos, prosador. Combina como poucos inspiração com transpiração (trabalho “pesado” de reconstruir como Sísifo).
Ao mesmo tempo, Paulo Henriques Britto, com suas dezenas de traduções — tanto de poesia quanto de prosa —, inscreve-se como uma ponte entre culturas e povos. Suas traduções são primorosas. Assim como suas introduções críticas. A poesia de Byron e Elizabeth Bishop, além de vários outros, deve muito à perícia tradutória deste brasileiro.
O bardo-tradutor ocupará a cadeira 30, substituindo Heloisa Teixeira, que fez muito pelos poetas patropis.
Escritores que perderam para Paulo Henriques Britto: Salgado Maranhão, Arlindo Miguel, Paulo Renato Ceratti, Spencer Hartmann Júnior e Eduardo Baccarin Costa. Os acadêmicos, sem nenhum desapreço aos demais, escolheram muito bem.
Com 22 votos, Paulo Henriques Britto superou Salgado Maranhão, que, com 10 votos, ficou em segundo lugar. Por sinal, é bom escritor.
Autor de 14 livros, oito deles de poesia, Paulo Henriques Britto também é ensaísta. E escreveu um livro infantojuvenil, o que prova sua versatilidade. Professor universitário, traduziu 120 livros de vários autores, como Charles Dickens, Virginia Woolf e James Baldwin.
Quando lançou “Nenhum Mistério”, Paulo Henriques Britto disse: “Demoro para publicar porque escrevo pouco e porquê de fato passo muito tempo reescrevendo cada poema; são relativamente raros os que já saem quase prontos”.
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