O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Chales Bento (MDB), disse que o colegiado deve se reunir a partir da próxima para definir a relatoria da representação da deputada Bia de Lima (PT) contra o deputado Amauri Ribeiro (UB) e vice versa. Será a primeira vez que a junta irá se reunir nesta legislatura.
Bento demonstrou preocupação com os embates mais acalorados na Alego e que se não houver coibição, em algum momento os parlamentares podem chegar “às vias de fato”. “Talvez punindo alguém hoje, podemos estar salvando ele amanhã”, afirmou.
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O deputado disse à reportagem que não estava presente no momento que as discussões iniciaram e que ainda não foi notificado quanto a representação apresentada por Bia contra Amauri e por Amauri contra Bia. “Recebendo as representações, faremos a distribuição para os deputados membros da Comissão de Ética, vamos escolher um relator que irá ouvir as partes e suas defesas para elaborar um relatório”, comentou.
Ele comemorou o fato do Conselho não ter se reunido nenhuma vez durante o seu mandato como presidente da Comissão, por não haver motivos, mas adiantou que é certa a reunião na próxima semana para discutir os episódios desta semana. “Independente se é homem ou mulher, o respeito tem que existir. O fato aconteceu e vamos apurar, ver o que provocou tudo aquilo”, adiantou.
O presidente do Conselho disse que toda discussão que extrapole os limites da política são ruins para o parlamento, mas que os deputados estão sujeitos a situações assim, que são costumeiras nas Câmaras e Assembleias. “Agora, o que temos que fazer é não deixar isso virar um barraco. O que não pode fazer parte do parlamento é o desrespeito. Isso não pode fazer parte do parlamento nem de lugar nenhum”, comentou.
Punições vão desde advertência à perda do mandato
Júlio Pina (SD), procurador da Comissão de Ética, diz que aguarda a formalização da denúncia para que o colegiado possa dar prosseguimento na análise do caso. “Tenho 30 dias para fazer isso, receber a denúncia, analisar e encaminhar ao conselho”, disse.

O parlamentar acredita que a decisão do conselho será uma que “fique a altura do poder Legislativo” tendo em vista a necessidade de “dar uma moralidade dentro da casa”. Pina reforçou que discussões de cunho pessoal não elevam o nível do parlamento e que o conselho será “rígido”. “Todo deputado tem direito de expressão e uso livre da tribuna, desde que dentro do campo político”, afirma.
Pina diz que o regimento interno da Assembleia define punições que podem ir desde advertências, suspensão do direito ao uso da Tribuna, suspensão temporária do mandato e até cassação do mandato. “O estatuto da Casa é muito rígido”.
Ataques começaram na terça-feira
Os ataques de Ribeiro começaram ainda na sessão de terça-feira, 20, quando o parlamentar comentou sobre a preferência sexual da deputada que disse em uma entrevista gostar de homens mais novos. “A senhora gostar de novinhos não me interessa. Eu só acho estranho uma professor gostar de novinho e aceitar ser chamada de papa anjo. Sobre a minha preferência sexual eu sou muito bem definido. Agora, se eu for dizer o que eu acho da senhora, com certeza a senhora não vai gostar”, disse.

As discussões se estenderam até o final da sessão que foi suspensa por falta de quórum para votação das matérias da ordem do dia e continuaram na sessão desta quarta e quinta-feira, 21 e 22.
Na sessão de quarta, Amauri voltou a classificar a fala da deputada como “desrespeitosa”, utilizou novamente termos como “papa-anjo e pedófila”, alegando que a expressão “novinhos” seria usada por criminosos. Após os ataques, Bia pediu a presidência que Amauri fosse enquadrado pelo comportamento agressivo. Apesar do pedido, o parlamentar atacou outro colega e o presidente da sessão, deputado Clécio Alves (Republicanos), precisou encerrar a sessão.
A deputada se dirigiu à sala da presidência da Alego para pedir providências ao deputado Bruno Peixoto (UB). No local, ela foi novamente cercada por Amauri, que voltou a proferir ofensas. Diante da insistência do deputado, Bia deixou a sala. Em seguida, o deputado Mauro Rubem (PT) chegou ao gabinete e Amauri passou a gritar palavrões e amaeaçar o colega de agressões físicas. A situação só foi contida após um segurança da casa intervir.
A reportagem tentou contato com o deputado Amauri Ribeiro por meio da assessoria, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. A reportagem também tentou contato com a deputada Bia de Lima por meio de ligações, mas não foi atendido. O espaço segue aberto para manifestações.
Presidente da Alego diz que não tolerará ataques pessoais
O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Bruno Peixoto (UB), repudiou publicamente, nesta quinta-feira, 22, as declarações feitas pelo deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) contra a deputada Bia de Lima (PT). A manifestação ocorreu durante sessão ordinária, um dia após Amauri acusar a parlamentar de pedofilia no plenário da Casa. “Ataques pessoais não serão tolerados”, disse Bruno Peixoto.
Peixoto anunciou que a representação apresentada por Bia de Lima será encaminhada ao Conselho de Ética da Alego. “Deputada, nós estaremos encaminhando para o Conselho de Ética a sua representação para que sejam tomadas as providências cabíveis, pois é um direito regimental desta Casa”, destacou.

O presidente também fez um apelo pelo respeito mútuo entre os parlamentares. “Nós deputados e deputadas a respeitamos e jamais aceitaríamos qualquer desrespeito. O embate entre direita e esquerda nas ideias é totalmente plausível e salutar. Não aceitaremos, seja da parte de quem quer que seja, ataques pessoais nesta Casa”, reforçou Peixoto.
Bruno elogiou a postura da deputada petista e defendeu seu caráter. Segundo ele, a fala de Bia de Lima, que originou o ataque, foi feita em tom de descontração durante uma entrevista. “Foi um momento espontâneo, inclusive com empatia com a apresentadora. Eu mesmo brinquei dizendo: ‘eu não sabia dessa sua preferência’, mas foi claramente em tom de brincadeira”, explicou.
Peixoto também lamentou os prejuízos ao funcionamento da Assembleia causados pelo conflito. “Duas sessões já foram interrompidas em razão dos debates acalorados. Isso prejudica os trabalhos da Casa e não podemos permitir que se repita”, concluiu.
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