‘A música cria vínculos’ diz ao Jornal Opção freira que viralizou fazendo beatbox em programa de TV

Em um momento de espontaneidade, a freira Marizele, da Congregação Copiosa Redenção, viralizou nas redes sociais ao protagonizar uma cena inusitada durante o programa Família de Amor, da TV Pai Eterno. No vídeo, que já ultrapassa 4 milhões de visualizações, ela canta, faz beatbox e é acompanhada por outra irmã dançando hip-hop. A performance ainda ganhou a participação do diácono Giovane Bastos, que entrou no ritmo e deixou tudo ainda mais descontraído.

Ao Jornal Opção, a irmã Marizele revelou que não imaginava que a repercussão seria tão grande. “Não imaginávamos que esse vídeo iria viralizar dessa forma, até porque eu tenho feito beatbox durante muito tempo. No Instagram, pelo menos, isso aparece há dois anos. Já fiz em outras redes, em outros lugares, inclusive na televisão, na TV Evangelizar, em shows”, explicou. “O fato de ter viralizado foi uma surpresa. Acreditamos que era diferente ver uma irmã dançando, fazendo beatbox, mas que viralizasse dessa forma e tivesse um feedback positivo, nós não imaginávamos.”

Natural de Ponta Grossa (PR), Marizele sempre teve a música como companheira de caminhada. Desde a infância, a musicalidade marcou sua vida familiar, com referências do sertanejo raiz. “Venho de uma família com uma raiz da música, não profissional também, mas um avô que era violeiro, fazia viola, meus pais também gostavam sempre de músicas, músicas raízes, moda de viola”, contou. Ela relembra com carinho os momentos cantando durante as tarefas domésticas ou se divertindo com as irmãs nos karaokês das férias.

A história com o beatbox começou despretensiosamente na adolescência, como uma brincadeira entre amigos. “Eu me lembro que na minha adolescência eu tentava já fazer alguns movimentos do beatbox, mas só como brincadeira, então na juventude sempre usei, nem sabia que o nome era beatbox, mas sempre usei o beatbox para descontrair, para brincar um pouco ali na roda de amigos”, afirmou.

A técnica vocal acabou se tornando uma ferramenta importante de evangelização, especialmente no trabalho com pessoas em situação de vulnerabilidade. “Nós trabalhamos com a recuperação de dependentes de drogas, então são pessoas muito feridas, principalmente em relação a algumas músicas, letras que destroem a vida delas ou deles, e de certa forma ver uma freira, fazendo beatbox, utilizando da música, para construir e não destruir, utilizando momentos mais descontraídos, o próprio teatro, dança, fazem com que as nossas acolhidas, nossos acolhidos percebam que existe ali uma abertura, e isso cria entre nós um vínculo capaz de ajudar essa pessoa a restaurar a vida.”

O ponto alto da cena foi a interação entre as irmãs e o apresentador. Durante a performance, Marizele iniciou a música Vocação de Amar e Servir com o verso “vocação ooh” e, de forma inesperada, iniciou o beatbox com sons feitos pela boca e nariz, enquanto a irmã Marisa acompanhava com passos de dança.

O momento conquistou não só a plateia, como também o diácono Giovane Bastos, que entrou na brincadeira. “Fiquei impressionada com a agilidade do Diácono. No momento em que ele levanta e pega o ritmo certinho da irmã Marisa, eu fiquei impressionada com a agilidade dele, com a destreza de se colocar à disposição e isso tornou com certeza o vídeo mais interessante, mais divertido, demonstrando aí que a vida religiosa é leve quando você encontra o seu lugar. Ela é alegre porque nós anunciamos a Boa Nova, o Evangelho Jesus Cristo”, conta a irmã Marizele.

A rotina musical de Marizele não se limita ao beatbox. “Canto, sou cantora, não digo profissional porque preciso aprender muito ainda, mas tenho evangelizado através da música mais intensamente nesses dois anos”, afirmou. O momento decisivo para assumir a música como missão veio durante uma missa. “Fui convidada para cantar o salmo e no salmo dizia: ‘Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor’. Percebi que essa frase se tornou uma profecia na minha vida. Nunca mais deixei de cantar as maravilhas do Senhor.”

Marizele também utiliza o teatro e a dança como ferramentas de evangelização. Em seus vídeos e atividades com acolhidos, procura mostrar que a espiritualidade pode caminhar junto com a criatividade e o afeto. Ela defende que trazer elementos da cultura jovem para dentro da missão religiosa não só aproxima as pessoas da fé, como ajuda a curar feridas profundas.

A repercussão nas redes sociais foi imediata. Marizele, que já tinha uma presença digital, viu seu número de seguidores saltar para mais de 100 mil após o vídeo viralizar. Os comentários, em sua maioria, celebram a irreverência e a alegria das irmãs, além da naturalidade com que transmitiram uma mensagem profunda sem perder o bom humor.

Ainda que o beatbox seja uma técnica associada ao hip-hop, estilo urbano e contestador, a freira mostra que ele também pode ser instrumento de fé. E talvez esteja justamente aí o segredo do sucesso: quebrar estereótipos sem perder a essência. Para Marizele, evangelizar é, antes de tudo, comunicar-se com amor.

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