Novo presidente da Viva Bicho quer melhorar estrutura e conscientizar sobre o crime do abandono de animais

O novo presidente da ONG Viva Bicho, de Balneário Camboriú, Victor Henrique Thiago, assumiu oficialmente a liderança da instituição em 10 de abril deste ano, após um processo de sucessões internas. 

Victor se aproximou da entidade, como voluntário, em 2021 e, desde então, sua atuação cresceu e se intensificou, culminando na presidência com um compromisso claro: melhorar a estrutura física e a gestão da ONG, além de ampliar a conscientização sobre o abandono de animais.

“No começo do ano e no verão, infelizmente, muita gente abandona os animais. É uma época complicada”, diz o presidente (Foto Divulgação)

Da construção de um parquinho à presidência da ONG

“Em 2021 fui fazer trabalho voluntário na ONG. Eles queriam construir um parquinho para os cães… eu fiz isso pra eles. E de lá pra cá, nunca mais parei de ajudar”, relembra Victor, que começou auxiliando principalmente nas agendas de castrações. Em setembro de 2024, passou a integrar oficialmente a equipe como conselheiro fiscal.

A trajetória dentro da organização ganhou força quando a então vice-presidente renunciou ao cargo no início de 2025. “Ela descobriu que estava grávida e precisou sair. Eu fui o único a me candidatar. Depois, com a renúncia recente do então presidente, assumi automaticamente a presidência”, explica.

Reformas e melhorias na estrutura do abrigo

Antes mesmo de ocupar cargos formais na diretoria, Victor já se envolvia ativamente com a administração da ONG. 

“Eu abraçava tudo o que dava pra fazer: folha de pagamento, compra de medicamentos, gestão de funcionários. A gente precisava melhorar muita coisa”, diz.

Com quase 600 animais sob responsabilidade direta — fora os que estão em lares temporários —, a Viva Bicho tem enfrentado desafios logísticos e estruturais. 

Um dos primeiros focos da nova gestão foram os portões, que estavam com problemas e facilitavam fugas. 

“Começamos a fazer portões novos. Mas de que adianta portão novo se os canis estão sem padrão? Então também começamos a reformar os canis”, afirma.

Atualmente, estão em andamento cinco obras dentro do abrigo: dois canis já foram reformados, o gatil está com 50% da reforma concluída, e melhorias nas áreas destinadas a pitbulls e aos casos de parvovirose estão em curso. 

“Estamos fazendo baias de contenção para que, na hora da limpeza, o tratador não tenha contato direto com os cães. Tudo pensado para a segurança de todos”, acrescenta.

Funcionários e voluntariado: estrutura mais organizada

A ONG conta com uma equipe fixa, que foi sendo estruturada com apoio da voluntária Tiffani. 

“Ela ajudou muito na gestão do quadro de funcionários. Hoje temos pessoas responsáveis por cada setor da ONG, mas ainda enfrentamos dificuldades. A área dos pitbulls, por exemplo, depende de duas pessoas. Se uma entra de férias, ficamos aflitos”, diz.

Apoio público é importante, mas não suficiente

Apesar de contar com um convênio com a prefeitura, Victor explica que os recursos públicos não são suficientes para manter toda a estrutura. 

“Grande parte da manutenção da ONG vem da ajuda da população, de doações, e de empresas parceiras que nos ajudam a pagar mão de obra e comprar materiais”, acrescenta.

A Viva Bicho também colhe os frutos de sua forte presença nas redes sociais, onde já soma mais de 100 mil seguidores. “Esse alcance tem nos ajudado a aumentar as doações e conseguir mais apoio”, comenta.

A ONG também conta com uma coluna fixa no Página 3, onde são relatados casos reais de pets que esperam por um lar – leia aqui (pagina3.com.br/petdasemana).

Média de 100 entradas por mês: o ciclo do abandono

Segundo Victor, a ONG tem uma média de 100 novas entradas de animais por mês e praticamente o mesmo número de adoções, com variações: em março foram 136, em abril 92, e em janeiro 100. 

“No começo do ano e no verão, infelizmente, muita gente abandona os animais. É uma época complicada”, salienta.

Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe é a falsa ideia de que a Viva Bicho é um canil municipal. 

“Teve um caso recente de uma mulher que foi despejada e queriam deixar todos os animais com a gente. Mas não temos essa obrigação. Cabe ao tutor buscar uma nova casa. O que fazemos é ajudar a divulgar, porque temos um grande alcance. Mas muitas pessoas não querem resolver, querem apenas se livrar do ‘problema’. E isso é muito triste”, diz.

Abandono é crime — e falta conscientização

Victor ressalta que o abandono de animais é crime, mas ainda falta conscientização da população. 

“Por mais que a gente explique, muita gente não entende. Se houvesse mais consciência, poderíamos ajudar muito mais. O correto seria a pessoa vir até nós, pedir ajuda para divulgar o animal, e não simplesmente largar aqui. Isso é crime”, comenta.

Hoje, a maioria dos animais que chegam à ONG são encaminhados pela Guarda Municipal via Abraço Animal, mas ainda são registrados casos de abandono nas proximidades do abrigo. 

“Temos casos de cães comunitários, que vivem na rua, mas são cuidados por moradores. A ONG pode ajudar, sim, quem precisa encontrar um novo lar para seu pet – mas o nosso papel é auxiliar na divulgação, e não aceitar casos de abandono. É preciso uma maior consciência”, completa.

Se você tem interesse em adotar um cão ou gato da ONG Viva Bicho, com consciência de que não pode abandoná-lo ou devolvê-lo, acesse o Instagram @ongvivabichobc. 

O abrigo da ONG fica na Av. José Alves Cabral, 104 – Nova Esperança, Balneário Camboriú.

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