Metrópoles contrata Andreza Matais para investigar os escaninhos dos poderes

Antes da invenção do “recórter” — o “repórter” que copia e cola — dizia-se nos tristes ou alegres trópicos: “O bom repórter nunca agrada”.

O Brasil corre o risco de inventar o “repórter torcedor”, aquele que joga para suas plateias. Se é de esquerda “torce” — ou distorce — a notícia para agradar o público que lhe aplaude. Se é de direita “prepara” a notícias com “condimentos” que põem a esquerda para escanteio. Se for de centro, talvez o mais livre, é apontado como “isentão”.

Em Pauta põe GloboNews na rota da esquerda

Está difícil ser repórter e, sobretudo, comentarista no Brasil de Claudio Abramo e Patrícia Campos Mello, dois notáveis profissionais. Na GloboNews, ao menos quatro analistas não aceitam patrulhamento ideológico, por isso nem sempre agradam aos colegas, quase todos, senão todos, de esquerda. Está se falando de Demetrio Magnoli, Joel Pinheiro da Fonseca, Jorge Pontual e Maria Cristina Fernandes.

Ao mencionar que os quatro não aceitam patrulhamento, nem da esquerda nem da direita, está se sinalizando que os outros aceitam? Não é bem. É preciso formular direito a questão.

O que se está dizendo é que os demais são, no geral, de esquerda. Mesmo não sendo patrulhados, tendem a inscrever suas ideias à esquerda. Esclareça-se: Demetrio Magnoli, Joel Pinheiro, Maria Cristina (sempre ponderada) e Pontual não são de direita. Criticam aqueles que, em regra, não são criticados ou são pouco criticados.

Demétrio Magnoli: o comentarista mais polêmico do “Em Pauta” | Foto: Reprodução

Acrescente-se que Ana Flor também escapa à patrulha. Mas sua crítica é mais distanciada e leve, portanto menos posicionada. E, enfatize-se, qualificada.

Ainda assim, os comentaristas — os nomeadamente de esquerda — são de excelente qualidade. Porque conhecem a política do país, notadamente a de Brasília, como poucos — casos de Gerson Camarotti (o que mais se irrita com Demetrio Magnoli) e Eliane Cantanhêde.

Por morar na Argentina, o ótimo Ariel Palacios não se envolve com as quizílias locais e traz a política sul-americana para a GloboNews (o Brasil se esforça para não ver o que ocorre nos países vizinhos). Gugu Chacra está cada vez melhor nos comentários internacionais, sobretudo porque é muito bem-informado.

Repórter não cede aos poderosos e incomoda

Andreza Matais é o típico de repórter que não cede à ideologia e, por isso, muitas de suas reportagens desagradam tanto aos donos do poder.

Recentemente, quando estava no jornal “O Estado de S. Paulo”, no qual publicou uma série de reportagens qualificadas, sofreu uma série de ataques orquestrados, quer dizer, coordenados.

Entre os que atacaram Andreza Matais estavam jornalistas de esquerda, ancorados em blogs, que se portam como sábios da aldeia.

Qual era o problema com Andreza Matais? Não era e não é pautada pelo Palácio do Planalto. Por isso, de uma hora para outra, a transformaram em vilã, em Odete Roitman do Jornalismo, o que não é e nunca foi.

A rigor, Andreza Matais é apenas uma grande repórter, como Rubens Valente. Fica-se com impressão de que, por vezes, os repórteres de alta qualidade têm uma certa dificuldade para conseguir (e manter-se no) emprego.

Entretanto, logo depois de deixar o UOL, há poucos dias, Andreza Matais foi contratada como repórter-colunista investigativa do portal Metrópoles, do ex-senador Luiz Estevão.

Diz-se, nos bastidores, que Luiz Estevão usa o Metrópoles para pressionar políticos. Não parece. O jornalismo do portal é de alta qualidade. Sua equipe não fica a dever às da “Folha de S. Paulo”, da “Veja”, do “Estadão” e de “O Globo”.

Se deixarem Andreza Matais livre para escarafunchar os escaninhos dos poderes — de todos eles —, o Metrópoles vai se tornar melhor do que já é. O portal, por sinal, deixou o “Correio Braziliense” para trás.

Andreza Matais faturou dois prêmios Esso e recebeu quatro vezes o Prêmio Latinoamericano de Periodismo de Investigación. Ela tem mestrado em política e história pela Fundação Getúlio Vargas.

O post Metrópoles contrata Andreza Matais para investigar os escaninhos dos poderes apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.