TV Anhanguera erra, mancha imagem do Cais Campinas mas pelo menos fez correção ampla

Na tradição da TV Globo, a TV Anhanguera, quando erra, divulga a correção. O que mostra a seriedade da equipe de jornalismo e da empresa, o Grupo Jaime Câmara.

O problema é que os públicos da primeira notícia e da segunda notícia podem ser diferentes. Então, a correção pode não atingir parte do público impactado pela primeira notícia, o que às vezes tende a levar à manutenção do desgaste de quem foi denunciado.

Ainda assim, é importante a correção, até porque não há outra alternativa.

O que se deve cobrar do jornalismo é menos pressa e mais cautela na apuração. Divulgar com precisão exige ouvir mais, de maneira cuidadosa, e inclusive duvidar das fontes, o que nem sempre ocorre — dada a pressão sobre repórteres, apresentadores e editores.

A forte competição, que exige notícias quentes — que geram mais audiência —, tem gerado graves distorções, desgastando tanto a imagem do setor público — do valioso e necessário SUS — quanto de médicos, enfermeiros e demais funcionários das unidades de saúde. A maioria abnegada e, inclusive, paciente.

A morte do personal Micael Lopes

Na quarta-feira, 4, o personal trainer Micael Lopes, de 23 anos, morreu no Cais de Campinas.

Baseada em informações de familiares, a TV Anhanguera cometeu dois erros, dos que se penitenciou no dia seguinte, quinta-feira, 5.

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Primeiro, a TV Anhanguera, endossando a denúncia de familiares, disse que Micael Lopes havia falecido na recepção do cais, à espera de atendimento. Na verdade, morreu na sala vermelha da unidade de saúde, a dos pacientes em estado mais grave.

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Portanto, ao contrário do que disse a emissora da TV Globo, Micael Lopes havia sido atendido. E mais: o atendimento se deu em menos de 15 minutos. Ele não ficou esperando oito horas. As gravações provam a versão do cais e desmentem o que a TV Anhanguera divulgou num primeiro momento.

Segundo, no Ciams do Setor Urias Magalhães, encaminhado para fazer exames, Micael Lopes saiu de lá sem fazê-los. Porque, não se sabe — a emissora não esclareceu.

A morte de Micael Lopes — tão jovem — é lamentável e é natural que a família esteja inconsolável. Assim como o erro da TV Anhanguera, por fala de checagem adequada, é lamentável.

O SUS pode ter defeitos, mas é muito melhor tê-lo do que descartá-lo. Trata-se de um modelo de saúde público universal e que beneficia fortemente os setores mais pobres da sociedade. Repórteres deveriam ler, com o máximo de atenção, o livro “SUS — Uma Biografia: Lutas e Conquistas da Sociedade Brasileira”, de Luiz Antonio Santini e Clóvis Bulcão. A obra mostra o tanto que o SUS — do qual o Cais de Campinas é uma parte substancial — é importante para os brasileiros. Problemas? Há. Mas as soluções — os acertos — são muito maiores.

Os profissionais que trabalham nas unidades de saúde merecem o respeito e, até, o aplauso da comunidade. Não ataques resultantes da falta de informação ou de um caráter, por assim dizer, doloso.

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