“Abre novos mercados para a nossa carne”, diz Agrodefesa sobre Brasil receber certificado de livre de aftosa sem vacinação

O Brasil foi oficialmente reconhecido como país livre da febre aftosa sem vacinação nesta sexta-feira, 6, em Paris, na França. Ao Jornal Opção, para o presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), José Ricardo Caixeta, a nova certificação traz perspectivas promissoras para o setor agropecuário.

“Isso abre novos mercados para a nossa carne, como o Japão, a Coreia do Sul e a Finlândia. São mercados que remuneram melhor e valorizam nossa carne. O Brasil tem hoje o maior rebanho comercial do mundo e também é o maior exportador de carne bovina”, destacou.

De acordo com ele, o reconhecimento internacional é resultado de um trabalho coletivo e persistente iniciado há quase três décadas. “É fruto de um trabalho de décadas, de quase 30 anos, de um plano de erradicação da febre aftosa. No passado, nós já havíamos recebido o certificado de livre da doença com vacinação. Agora, com a retirada da vacina, atingimos um novo patamar”, afirmou.

A conquista foi possível graças à parceria sólida entre o setor público e os produtores rurais, que seguiram rigorosamente o plano de erradicação, baseado principalmente em campanhas de vacinação.

“As vacinações aconteciam duas vezes ao ano e, em Goiás, sempre atingíamos índices próximos aos 100%. Depois, com as varreduras finais, conseguíamos fechar esse ciclo com excelência”, destacou o presidente da Agrodefesa.

Infraestrutura

Goiás, que possui o terceiro maior rebanho do país, também se destaca pela infraestrutura e pelo comprometimento com a qualidade. “Temos o maior número de propriedades habilitadas para a União Europeia, o maior parque de confinamento do Brasil e recebemos animais de outros estados para suprir a demanda. Isso fortalece ainda mais nossa economia e a visibilidade da nossa pecuária, tanto de corte quanto de leite.”

O presidente da Agrodefesa também apontou que o cenário internacional favorece o Brasil. “A Austrália e os Estados Unidos, nossos principais concorrentes, enfrentam uma redução no rebanho. O preço da carne está alto no mundo, e o Brasil tem capacidade de atender com qualidade, seguindo todos os protocolos sanitários.”

Caixeta reforçou ainda o compromisso do país com a sustentabilidade e com a rastreabilidade dos animais. “Estamos iniciando o processo de identificação individual do rebanho bovino. O Ministério da Agricultura já lançou uma lei federal, e os estados estão regulamentando. Goiás é protagonista nesse processo. Nosso sistema já está presente em 17 estados e pode se tornar a base do sistema nacional de controle de rebanhos.”

Segundo ele, a tecnologia permitirá rastrear o trânsito dos animais e garantir que apenas propriedades adequadas à legislação ambiental possam exportar. “Vamos ter o rebanho bovino mais sustentável do mundo. É um rebanho criado a pasto, em conformidade com a legislação ambiental mais moderna do planeta. E os bons pecuaristas estão alinhados com essa nova realidade.”

Reconhecimento

O certificado foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da OMSA, realizada em Paris.

Presidente Lula e ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro recebendo certificado de reconhecimento do status do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação | Foto: Ricardo Stuckert/PR

A conquista marca um momento histórico para a agropecuária brasileira e representa um avanço significativo no controle sanitário do rebanho nacional. “Este é um dia histórico, comprovando a força da sanidade agropecuária brasileira”, afirmou o ministro Fávaro durante o evento.

A entidade destacou que essa certificação representa um ativo estratégico para negociações internacionais e pode elevar o país a um novo patamar no comércio global de carnes. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) também celebrou o reconhecimento como resultado de décadas de investimentos em vacinação e controle sanitário.

A febre aftosa é uma doença infecciosa altamente contagiosa, que atinge animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos, caprinos e búfalos. Ela provoca febre e o surgimento de vesículas (aftas), especialmente na boca e nos pés dos animais.

Um único foco da doença exige a interdição da área afetada e o sacrifício imediato dos animais contaminados, causando grandes prejuízos à cadeia produtiva. Desde 2006, o Brasil não registra casos da doença, quando focos foram identificados nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.

Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro a ser reconhecido pela OMSA como zona livre da febre aftosa sem vacinação, em 2007. Já em 2008, o Brasil obteve o título de país livre da doença, mas ainda com a obrigatoriedade da vacinação.

Agora, com o novo status, o país atinge o nível máximo de reconhecimento sanitário internacional, consolidando sua posição como o maior exportador mundial de carne bovina. Para se adequar ao novo status, o governo brasileiro precisará renegociar diversos certificados sanitários com os países importadores.

Esse processo pode exigir ajustes no curto prazo, mas é considerado um passo necessário para ampliar o acesso a mercados mais valorizados. “O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina, e esse status garante que continuemos contribuindo para alimentar pessoas em todo o mundo”, afirmou o Dr. Marcelo de Andrade Mota, delegado da OMSA e diretor do Ministério da Agricultura.

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