Conheça o governador de Goiás que trouxe Margot Fonteyn para dançar no Teatro Goiânia

Aos 87 anos, o ex-governador de Goiás Irapuan Costa Junior é uma força da natureza. Ele escreve, todo domingo, uma coluna sob assuntos variados no Jornal Opção. Algumas delas, sempre polêmicAs, chegam a ser lidas por 1 milhão de leitores. Pelas mensagens, há leitores tanto do Brasil quanto do exterior. Um de seus textos figura numa parede de um restaurante de Aveiro, a Veneza de Portugal. O linguista português Fernando Venâncio, recém-falecido, apreciou uma resenha que o intelectual goiano fez de um dos seus livros.

Há poucos anos, traduziu “Primeiros Princípios” e “Filosofia do Estilo”, do filósofo britânico Herbert Spencer. O primeiro, mais alentado, é um livro difícil de traduzir, mas Irapuan Costa Junior conseguiu vertê-lo com extrema perícia.

Irapuan Costa Júnior escreveu vários livros. Em alguns deles, revela-se um cronista — prosador — altamente refinado e um estilista da língua. Formado em Engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, parece ter feito um curso de Letras Vernáculas, tal o domínio da Língua Portuguesa.

Pelo mundo todo há os chamados “jacklondonmaníacos”. Irapuan Costa Junior não figura entre eles, mas, ainda assim, é um dos maiores conhecedores da prosa do escritor americano Jack London, autor de “Caninos Brancos”, “Apelo Selvagem” e “O Lobo do Mar”. Chegou a cogitar seguir seus passos pelas várias regiões por onde passou nos Estados Unidos. No Alasca, por exemplo.

Em 1978, quando governador de Goiás, trouxe para dançar em Goiânia a grande dama do balé internacional Margot Fonteyn e o igualmente famoso bailarino David Wall. Tentou trazer também o russo Rudolf Nureyev.

Quando governador, com o apoio do vice-governador José Luiz Bittencourt, reeditou, em formato de livro, a revista “A Informação Goyana”, que era editada, no início do século 20, pelo jornalista Henrique Silva.

Irapuan Costa Junior na redação do Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção/Junho de 2025

Quando o senhor assumiu o governo, em meados da década de 1970, o Teatro Goiânia já estava abandonado e prevalecia o caos?

Não. O Teatro Goiânia estava arrendado para uma empresa de exibição cinematográfica. Era uma empresa de Brasília. As instalações estavam muito deterioradas. Então, decidimos recuperar a casa de espetáculos mais tradicional de Goiânia, inaugurada em 1942, no Batismo Cultural da capital.

O governo rompeu o contrato com a empresa?

Felizmente, o contrato estava acabando. Houve pressão de um lobby de Brasília por sua renovação. Mas firmei o pé e retomamos o Teatro Goiânia para os goianienses. Informei que iria restaurá-lo.

Qual foi a maior dificuldade para restaurar o Teatro Goiânia?

Não lembro de tudo, pois os fatos ocorreram há quase 50 anos. Mas havia vários problemas. Não havia mais nenhum equipamento cênico. Nós tivemos de refazer tudo, além da reforma completa do edifício.

Quem operou a reforma do Teatro para o governo?

A Suplan ficou encarregada da gestão da reforma. O superintendente era o arquiteto e urbanista Ailton Lélis (1940-2011), que se dedicou inteiramente à reforma. Foi feito um mutirão para recuperar cenicamente o teatro. Todo o equipamento cênico teve de ser comprado no exterior, porque não havia no Brasil.

Teatro Goiânia, em estilo art déco | Foto: Herbert Moraes/Jornal Opção

O Teatro Goiânia foi quase demolido por dentro para a reforma ser possível de maneira ampla?

Sim. Tudo foi reconstruído. A estrutura interna passou a ser outra, adequada para o teatro, para a dança, para a música.

Foi um grande desafio, não é?

Dos maiores, sobretudo para a época. Porque envolvia uma série de coisas. Foi a primeiríssima reforma. Havia “n” problemas, todos interligados. Era preciso pôr ordem no caos. Então, tivemos de reformar todo o edifício do teatro.

Então, não foi uma reforma cosmética…

Na verdade, foram grandes obras civis, como se estivéssemos construindo um novo teatro, mas por dentro, ainda que, por fora, tenhamos feito também uma reforma, recuperando a originalidade do, digamos, palacete da cultura.

A reforma trocou o telhado, a tubulação, as luminárias internas, cortinas, carpete, poltronas e o piso. A restauração buscou, inclusive, repor a pintura original. Foi muito difícil conseguir todo o material?

Muito difícil. Por isso eu disse que foi preciso um mutirão de mãos, expertises e inteligências. O governo se empenhou, de maneira integral, para recuperar o monumento histórico, não para exibi-lo para turistas, e sim para ser utilizado pelos artistas — atores, bailarinos e músicos — de todo o país e de outras nações. E, claro, para ser frequentado pelas pessoas. Posso dizer que todo o governo se empenhou na restauração. Era, a rigor, quase uma nova construção.

Margot Fonteyn e David Wall: bailarinos que mesmerizaram os goianos | Foto: Reprodução

Mas não foi apenas a reforma em si. Porque seu governo reequipou o teatro.

Sim. Tivemos de instalar equipamento moderno e adequado ao teatro. Tivemos de adquiri-lo fora de Goiás. Todo teatro de nível precisa de um piano de cauda, mas o de Goiânia não tinha. Então, importamos um da Inglaterra. Depois de muito tempo, construíram o Teatro Rio Vermelho, na Avenida Paranaíba, no Centro. Mas nenhum supera a beleza e a majestade do Teatro Goiânia. Trata-se de um belíssimo prédio no estilo art déco. Sei de pessoas que vêm a Goiânia para ver sua arquitetura, digamos, escultural.

O que mais teve de adquirir para o Teatro Goiânia?

Por exemplo, um piano de cauda. A professora e pianista Belkiss Spenciere se encarregou da aquisição. O piano Steinway foi importado da Inglaterra. Foi uma luta tremenda, mas conseguimos fazer tudo a tempo. E foi muito gratificante.

O que disse a bailarina Margot Fonteyn (1919-1991) depois da apresentação no Teatro Goiânia, em 1978?

Depois da apresentação, ao ser entrevistada pelos colunistas sociais Zózimo Barroso do Amaral e Ibrahim Sued — o mais celebrado da época —, no Rio de Janeiro, Margot Fonteyn disse que ficou impressionada com o equipamento cênico do Teatro Goiânia. A bailarina inglesa afirmou que era equivalente aos melhores do mundo. Frise-se que havia dançado nos palcos de toda a Europa e de outros países. Depois da exibição na capital goiana, ela se mudou para o Panamá. Era casada com Roberto Emilio Arias, embaixador do Panamá no Reino Unido.

Herbert Moraes entrevista Irapuan Costa Junior | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Qual foi a maior desafio na reforma do Teatro Goiânia? Quando foi construído, no governo de Pedro Ludovico, o arquiteto e o engenheiro não tiveram preocupação com o tamanho do palco?

A maior preocupação era adaptá-lo para receber peças de teatro, porque não havia palco adequado. O palco talvez tenha sido subdimensionado, mas houve a preocupação com o assunto.

O palco era pequeno, não é?

Sim, era pequeno. Mas o teatro em si era e é imponente, uma bela construção. Tanto que, 83 anos depois de sua inauguração, permanece uma construção tão consistente quanto moderna. Quem visita o Centro de Goiânia não tem como não notá-lo. É uma referência arquitetônica, cultural e histórica. As pessoas, quando visitam a capital, pedem para vê-lo.

O sr. disse, na época, que era uma preocupação pessoal, ou seja, queria deixar um legado cultural no seu governo. Além do Teatro Goiânia reformado, e ainda utilizado, há outros legados culturais de seu governo?

O governo poderia ter construído um novo teatro? Poderia. Mas, se havia um belo teatro, que só precisava de uma reforma integral, decidimos que, para os goianos, e não apenas os goianienses, era melhor recuperá-lo. Então, foi o que fizemos. O construtor do teatro, Pedro Ludovico, inclusive foi convidado por nós para a inauguração e ficou muito feliz e impressionado com o que viu.

Seu governo reeditou a revista “A Informação Goyana”, editada por Henrique Silva?

Com o apoio de meu vice-governador, José Luiz Bittencourt, um homem culto, de Luiz da Glória Mendes e Júlio Arnold Laender, reeditamos algumas importantes publicações para jornalistas, escritores e pesquisadores da história. São verdadeiros documentos históricos. Reeditamos, por exemplo, a revista “A Informação Goyana”, que, editada pelo jornalista Henrique Silva, circulou entre 1917 e 1935. Vários historiadores contam que pesquisam com frequência na publicação, hoje já digitalizada. O trabalho de recuperação básica foi feito no nosso governo. A coleção completa nos foi repassada por Luiz da Glória Mendes.  

O escritor Aldair Aires disse numa entrevista ao Jornal Opção: “Por causa da energia civilizatória do Irapuan, consegui trazer pessoas especializadas para criar o Arquivo Histórico de Goiás. Um especialista do Rio Grande do Sul ficou dois meses treinando nosso pessoal. Sem contar a Funarte, que enviou duas mulheres especializadas. Enviei gente para Belo Horizonte e Bahia. Irapuan nunca dizia não quando a questão era a cultura”. Mas a recuperação do Teatro Goiânia, como um presente cultural e histórico para os goianienses — e goianos — foi seu trabalho mais emblemático na área cultural?

Nós fizemos várias coisas no setor cultural. Porém, no imaginário popular, a restauração do Teatro Goiânia ficou como a mais marcante. Tão importante que, quase meio século depois, estamos discutindo a questão. A presença de Margot Fonteyn, dançando no palco, ao lado do britânico David Wall, consolidou a fama do belo teatro da capital. Se dame Margot Fonteyn bailou no palco goianiense, então os outros grandes poderão fazer o mesmo. É a mensagem que se cristalizou. Depois, grandes atrizes, cantores, pianistas e outros músicos passaram pelo teatro. Quem não se lembra dos espetáculos de Bibi Ferreira interpretando Edith Piaf?

Melchior Duarte foi decisivo para trazer Margot Fonteyn

Como conseguiram trazer Margot Fonteyn para dançar no Teatro Goiânia; afinal, Goiás não era tão conhecido como São Paulo e Rio de Janeiro?

Conquistar Margot Fonteyn não uma operação de grande porte. Quase uma operação de guerra, por assim dizer. Ressalte-se que a bailarina, aos 59 anos, estava preparando a sua aposentadoria. Não se apresentava mais no notável Royal Ballet e no exterior. Ainda assim, conseguimos trazê-la.

Quem participou da missão para trazer Margot Fonteyn para dançar em Goiânia?

Indicado para a missão — dita “impossível” —, Melchior Luiz Duarte trabalhou muito para atrair dame Margot Fonteyn para dançar no palco do Teatro Goiânia. Dia e noite, a bailarina inglesa era tema das conversas dentro do governo.

Como Melchior Duarte conseguiu localizar e falar com Margot Fonteyn?

Melchior Luiz Duarte acionou o Departamento Cultural do Itamaraty e a Embaixada brasileira em Londres, na Inglaterra. Depois de várias tratativas, conseguimos convencê-la a dançar em Goiânia. Veio Margot Fonteyn e seu parceiro de dança, David Wall (1946-2013), um grande bailarino.

Como foi a decisão de trazer Margot Fonteyn para dançar em Goiânia? O sr., um homem de cultura, era admirador do balé da dama inglesa?

Como governador, conversei com o setor cultural do governo e chegamos à conclusão de que Margot Fonteyn, grande dama do balé internacional, era a escolha correta para abrilhantar a reabertura do Teatro Goiânia. Pense em Van Gogh e Picasso. Pois a inglesa era a Van Gogh ou a Picasso do balé. O nome dela surgiu logo. Sim, eu a admirava.

Com quais pessoas conversou sobre trazer Margot Fonteyn para dançar em Goiânia?

Organizamos uma mesa redonda para discutir a reabertura do teatro e a respeito da bailarina que contrataríamos para dançar no dia. Eu participei de reuniões com o Melchior Luiz Duarte, Amaury Menezes — um dos maiores artistas plásticos do país, um verdadeiro mestre —, o arquiteto Ailton Lélis (o arquiteto e urbanista que, na gestão de Nion Albernaz, embelezou Goiânia com árvores e flores e depois tornou Palmas uma bela cidade) e Belkiss Spenciere, a notável pianista, professora e escritora. Numa das reuniões, surgiu o nome de Margot Fonteyn. Então, definido o nome, eu disse: “Vamos fazer todos os esforços possíveis para trazê-la”. Todos concordaram.

Pode-se dizer que Margot Fonteyn, contrariando Nelson Rodrigues, foi a unanimidade inteligente?

Sim. Todo mundo da equipe quis trazer Margot Fonteyn. A bailarina carioca Ana Botafogo veio junto. Aos 21 anos, já era uma bailarina consagrada, tendo dançado em Marselha, Paris, Cannes e Londres. O evento obteve um sucesso extraordinário, sendo comentado em todo o país.

Pedro Ludovico, então com 87 anos, compareceu à inauguração da reabertura do Teatro Goiânia…

Sim, era o convidado de honra, pois havia construído o teatro. Tivemos o prazer de ter Pedro Ludovico (1891-1979) na inauguração da reforma do Teatro Goiânia. A rigor, trata-se de um momento histórico. Homem culto, ele ficou feliz com a restauração do teatro, um dos símbolos culturais de seu governo.

O que Margot Fonteyn dançou?

Salvo engano, o “Lago dos Cisnes”, balé dramático em quatro atos. É uma criação do compositor russo Piotr Ilitch Tchaikóvski, que fez muito sucesso em todo o mundo, sobretudo no Balé Bolshoi.

Ana Botafogo: um das maiores bailarinas brasileiras e globais dançou em Goiânia | Foto: Reprodução

A plateia se emocionou com o balé de Margot Fonteyn, David Wall e Ana Botafogo?

Sim, foi emocionante. Durante dias, talvez meses, não se falou outra coisa na sociedade goianiense. Todo mundo queria entrar no Teatro Goiânia para vê-los.

Como foi a inauguração?

Nós fizemos uma placa e organizamos uma semana de espetáculos. Margot Fonteyn era a número um, mas havia outros shows. Pode-se dizer que, naquele momento, o Brasil estava de olho — positivos — em Goiás. Dizia-se que os goianos, ao trazer a dama do balé e David Wall, haviam sido ousados.

Quais os outros espetáculos?

Foram várias as apresentações. O cineasta, produtor e ator João Bennio (1927-1984) — um homem de múltiplos talentos, uma referência nacional — apresentou o monólogo “As Mãos de Eurídice”, de Pedro Bloch. Alcançou um sucesso tremendo. Os espetáculos musicais também ganharam o aplauso do público.

O sr. conversou com Margot Fonteyn?

Sim, Margot Fonteyn foi absolutamente simpática, muito agradável. Pediu apenas para não ser filmada, talvez para não se distrair enquanto dançava. Não era, por assim dizer, uma prima-dona.

As divas, às vezes se tornando prima-donas, são muito exigentes. Margot Fonteyn fez grandes exigências?

Não houve nenhuma exigência extraordinária. Chegou, dançou e foi para o hotel. Era muito tranquila e simpática.

O que Margot Fonteyn achou de dançar no Teatro Goiânia, no Centro-Oeste do Brasil?

Margot Fonteyn, que havia dançado nos melhores palcos do mundo, ao lado dos melhores bailarinos, elogiou, publicamente, os equipamentos do teatro, e seu profissionalismo. A bailarina frisou que o Teatro Goiânia se comparava, naquele momento, a qualquer casa de espetáculo — para teatro, dança e música — do mundo. Me pareceu bastante impressionada com o que viu e, como bailarina, usou. O balé é de uma delicadeza ímpar e, por isso, precisa de palcos especiais. A bailarina do Reino Unidos aprovou o palco de Goiânia.

Belkiss Spencieri: grande pianista brasileira | Foto: Reprodução

O sr. e sua equipe ficaram orgulhosos?

Toda a equipe ficou contente com os resultados, sobretudo com a satisfação do público. Dizia-se que Goiânia, com a presença de Margot Fonteyn, se tornara uma cidade cosmopolita. Para nós, a restauração do teatro, colocando-o novamente à disposição do público e dos artistas locais e nacionais, era o mais importante. Ficamos, realmente, orgulhosos.

Se Margot Fonteyn não tivesse aceitado o convite, qual seria o plano b?

A equipe do governo estava tão confiante de que poderia trazê-la que nem pensou em plano b. Logo que surgiu o nome de Margot Fonteyn, nós iniciamos os contatos. Melchior Luiz Duarte começou imediatamente a fazer os contatos para localizá-la. A negociação levou dois meses. Com a resposta positiva, ficamos exultantes.

Rudolf Nureyev quase dançou em Goiânia

Procede que tentaram trazer também o grande bailarino russo Rudolf Nureyev (1938-1993)?

Sim, nós fizemos uma operação para trazer Rudolf Nureyev, o bailarino russo que se consagrou como um dos maiores da história. Na época, com 40 anos, estava no auge; era, por sinal, o bailarino mais conhecido no Ocidente. Seria um grande parceiro para Margot Fonteyn; era, por sinal, o par original dela, seu par mais famoso. Mas, na época da inauguração, os dois não estavam dançando muito juntos. O partner, então, era o inglês David Wall, outro bailarino de primeira linha.

Margot Fonteyn e David Wall: dois bailarinos estelares do século 20 | Foto: Reprodução

Margot Fonteyn emocionava as plateias nas suas apresentações. A crítica especializada dizia que, além de bailarina notável, era uma grande atriz. Seu corpo elástico, com passos de precisão milimétrica, ao se movimentar pelo palco, de alguma maneira, “falava”. Sim, falava sem palavras. O sr. ficou emocionado?

Sim, fiquei emocionado, assim como toda a plateia pareceu ficar. Havia uma eletricidade no ar. Além da coreografia em si, Margot Fonteyn tinha uma expressão fisionômica muito marcante. Quando esteve em Goiânia, com mais de 45 anos de carreira, ela não aparentava a idade que tinha, tal sua capacidade de dançar. O que se via no palco era uma profissional da dança, uma mestra. Enfim, uma jovem bailarina. A idade de uma bailarina não tem, a rigor, muito a ver com a idade física, cronológica. Permanece corporalmente jovem. Era o caso da superstar inglesa.

Depois de dançar em Goiânia, Margot Fonteyn voltou para o Panamá?

A bailarina era casada com o diplomata e político Roberto Arias. Em 1964, ele foi baleado e ficou paraplégico. Margot Fonteyn cuidou do marido — que morreu em 1989 — com dedicação. Ela morreu em 1991, com 71 anos, de um câncer de ovário, na Cidade do Panamá. Vivia, então, em condições econômicas difíceis.

Projeto da Academia Goiana de Letras

Como analisa os espetáculos musicais dos tempos atuais?

O problema não ocorre só no país, no qual artistas medíocres, produzidos por “indústrias” de marketing azeitadas, imperam. Madonna e Lady Gaga, no plano internacional, agregam o quê em termos culturais? Mas o Brasil, felizmente, tem artistas de valor na música erudita e popular.

O sr. é um grande leitor, como avalia a prosa e a poesia dos escritores goianos?

A literatura brasileira, a goiana incluída, é de grande qualidade. Entre os prosadores, correndo o risco de deixar alguns de fora, há, por exemplo, Bernardo Élis, Eli Brasiliense, José J. Veiga, Carmo Bernardes (um verdadeiro sábio), Rosarita Fleury, Miguel Jorge, Antônio José de Moura, Augusta Faro (autora de “Friagem”), Maria José Silveira, Edival Lourenço (li e resenhei um de seus romances; por sinal, de alta qualidade), Hélverton Baiano, Solemar Oliveira, Ademir Luiz, entre outros de igual valor. Entre os poetas não há como não citar Afonso Félix de Souza, Yêda Schmaltz, Heleno Godoy, Geraldo Coelho Vaz, Lêda Selma (poeta e prosadora), Brasigóis Felício, Sônia Rodrigues, Valdivino Braz, Gabriel Nascente, Aidenor Aires, Luiz Aquino, Pio Vargas, Iúri Rincon, Carlos Willian Leite e vários outros. No plano nacional, vale mencionar Machado de Assis, Graciliano Ramos, Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Jorge de Lima, Rubem Fonseca, João Antônio, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Cristóvão Tezza, João Gilberto Noll, Bernardo Carvalho, Haroldo de Campos, Ferreira Gullar.

O que está lendo no momento?

Estou lendo dois livros: “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte — Biografia de Luís Vaz de Camões”, da portuguesa Isabel Rio Novo, e “Expedição Abissal”, romance de Hélverton Baiano, baiano radicado em Goiás há vários anos e amigo do Euler de França Belém, editor do Jornal Opção.

O sr. está em campanha para uma cadeia na Academia Goiana de Letras (AGL)?

Como publiquei alguns livros, além de ter traduzido para o português duas obras do filósofo britânico Herbert Spencer, alguns amigos que são membros da Academia sugeriram que eu deveria me candidatar à vaga aberta com a morte do escritor e historiador Martiniano José da Silva e eu aceitei o desafio. Sou candidato único e espero obter 21 votos para ser aprovado. Qualquer que seja o resultado, tenho o maior respeito pela Academia e pelos acadêmicos.

O post Conheça o governador de Goiás que trouxe Margot Fonteyn para dançar no Teatro Goiânia apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.