Bolsonaro afirma ao STF que não havia “clima”, “oportunidade” e “base sólida” para golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (2025), que discutiu com auxiliares a possibilidade de decretar Estado de Sítio após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Segundo Bolsonaro, ele e os comandantes das Forças Armadas avaliaram alternativas para contestar o resultado eleitoral, mas descartaram qualquer ação porque não existia “clima”, “oportunidade” nem “base minimamente sólida” para um golpe de Estado.

Durante o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe, Bolsonaro negou que tenha havido um planejamento golpista estruturado. Ele afirmou que “golpe não são meia dúzia de pessoas” e criticou os atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, alegando que não havia armas, liderança ou financiamento.

Bolsonaro também comentou sobre a elaboração de uma minuta golpista, mencionada por seu ex-assessor Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada. O ex-presidente afirmou não ter tido acesso ao documento e negou que tenha discutido a prisão de autoridades, ressaltando que as conversas foram informais e descartaram medidas fora da Constituição.

Na ação penal, Bolsonaro é acusado junto a outros sete réus do “núcleo crucial” por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, em episódio que visa impedir a posse de Lula no fim de 2022.

O ex-presidente também defendeu o voto impresso, tema recorrente em sua retórica política desde a época em que foi deputado federal, alegando que sua intenção era fortalecer a transparência eleitoral para evitar fraudes. Bolsonaro afirmou ter agido “dentro das quatro linhas da Constituição” e que nunca desrespeitou decisões judiciais.

Durante o depoimento, Bolsonaro pediu melhorias no sistema eleitoral, reconhecendo que a dúvida sobre a integridade das urnas eletrônicas levou à situação judicial atual. O ministro Alexandre de Moraes rebateu, afirmando que não há nenhuma dúvida sobre o sistema eletrônico e que o inquérito não trata de urnas eletrônicas.

Bolsonaro também se desculpou por declarações feitas em reunião ministerial de julho de 2022, nas quais insinuou corrupção contra ministros do STF, afirmando não ter provas e que não teve intenção de acusar.

Esta foi a primeira audiência em que Bolsonaro e Moraes se enfrentaram diretamente para responder sobre o caso da tentativa de golpe, que ainda está em andamento no STF.

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