O Google, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), anunciou nesta terça-feira, 10, uma nova inteligência artificial (IA) inteiramente em português: Gaia, que já está disponível gratuitamente para usuários e desenvolvedores. Com código aberto, este modelo tem várias aplicações possíveis, e já é utilizado por órgãos como o Tribunal de Contas dos Municípios e do Tribunal de Contas Estado de Goiás (TCM-GO e TCE-GO) e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.
A UFG é a primeira universidade do Brasil a ter um curso superior para IA e um Centro de Excelência (Ceia). Celso Camilo, cofundador do CEIA, professor da UFG e coordenador do Gaia, explica que será um marco na área de inteligência artificial em português por diversas razões. “É importante, inclusive, porque é uma prova de desempenho e talento de Goiás e do Brasil’, afirma Celso Camilo. “Temos convicção de que podemos apresentar um produto equivalente às IAs estrangeiras”.
Por ser inteiramente treinada em português, o modelo tem maior precisão para brasileiros. “Quando outras inteligências artificiais convertem dados e respostas do inglês para o português, perdem precisão semântica”. Com todas as aplicações possíveis da tecnologia, o Gaia desempenha tarefas conversacionais, faz resumos, extrai informações de bancos de dados, gera de conteúdo multimodal, incluindo imagens.
A parceria do Ceia com o Google já existe há algum tempo. Quando o Gaia começou a ser desenvolvida, era baseada no Gemma 2 — família de modelos do Google. Hoje, Gaia é alimentado pelo Gemma 3. “O conjunto genérico do Google é em inglês; fizemos toda a adaptação das particularidades para o português brasileiro”, diz Celso Camilo.
Além de manter e atualizar o Gaia, a UFG e o Google têm planos para desenvolver modelos maiores em parceria. “É uma cooperação super importante, inclusive para superar a ‘síndrome do vira-lata’. Podemos mostrar para a sociedade e para as crianças que há um caminho na inovação e no conhecimento. Temos orgulho do que é nosso.”
O Gaia não é a única Inteligência Artificial em língua portuguesa — há também o Sabiá (da Maritaca AI) e o Tucano (desenvolvido na universidade de Bonn, na Alemanha) — mas promete se diferenciar dos concorrentes por utilizar modelos Gemma 3 e integrar-se ao Vertex AI Model Garden do Google. A IA já está disponível na plataforma Hugging Face.
No lançamento da ferramenta, desenvolvedores explicaram que o Gaia já foi testado pelo TCM e TCE para identificar padrões similares nos processos e para extrair informações de documentos públicos. A Unimed recorreu à tecnologia para validar diagnósticos de discopatia em prontuários.
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