Para diminuir a própria responsabilidade, Bolsonaro se volta contra seus apoiadores no STF

Interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 10, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou uma estratégia dúbia. Enquanto afirma ser vítima de perseguição, se desculpou por falas do passado e admitiu ter planejado ruptura com a democracia institucional.

Bolsonaro declarou, por exemplo, ter discutido com chefes das Forças Armadas a decretação de um estado de sítio após a eleição presidencial de 2022. O ex-presidente diminuiu a gravidade do assunto — disse que se falou sobre o assunto “em poucas reuniões” e que “logo abandonamos qualquer possibilidade de uma ação constitucional” e que “nada foi para frente” — mas o estrago foi feito.

Adotar o discurso desenhado por sua defesa (chefiada pelo nacionalmente famoso advogado Celso Vilardi) pode funcionar juridicamente, mas é um desastre para o capital político que o ex-presidente ainda posui. Segundo levantamento da Arquimedes (empresa que monitora redes e comportamento online), no X (antigo Twitter), 65% das menções ao inquérito foram negativas para Bolsonaro. Seus apoiadores do ex-presidente de emplacar a narrativa de perseguição política, mas apenas 14% das menções foram em defesa do ex-presidente.

Parece haver, entre seus entusiastas, a frustração da expectativa de que Bolsonaro confrontasse Alexandre de Moraes. Seus apoiadores prefeririam que ele dissesse “tudo isso é uma farsa”, que defendesse os condenados pelo 8 de janeiro de 2023, e, se necessário, fosse preso por isso. Bolsonaro, na tentativa de diminuir sua responsabilidade na ‘trama golpista’, optou pelo tom amistoso com Moraes (o convidou em brincadeira para ser seu vice em 2026) e acabou legitimando o inquérito do STF.

Em determinado momento do inquérito, o ex-presidente chamou de “malucos” os organizadores ataques de 8 de janeiro. Quem assumiu o espaço deixado por Bolsonaro foi Ronaldo Caiado. Em entrevista ao Roda Viva nesta segunda-feira, 9, o governador de Goiás pediu “anistia ampla, geral e irrestrita” para os réus das invasões às sedes dos Três Poderes e para os acusados de promover tentativa de golpe de Estado.

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