TV Globo vai se associar no Brasil com a NBC/Peacock?

O colunista de “O Globo” Ancelmo Gois publicou uma nota, com o título de “A NBC, a gigante emissora dos EUA, conversa com investidores brasileiros”, no dia 14 de julho de 2021.

Ancelmo Gois, um dos mais bem-informados jornalistas de “O Globo”, relata que a “NBC, a gigante emissora de rádio e televisão norte-americana, conversa com investidores da Faria Lima (o centro do dinheiro de São Paulo e, por consequência, do Brasil). Tem planos de um desembarque mais robusto por aqui”.

O colunista global acrescenta: “A NBC integra hoje um grande conglomerado de mídia. Está vinculada a NBCUniversal, uma subsidiária da Comcast, que também detém a operação da Universal Studios”.

Em janeiro, o jornalista Ricardo Feltrin publicou uma pequena reportagem especulativa, com o título de “NBC/Peacock: pintou a futura sócia da Globo”. Seria o “desembarque mais robusto” no Brasil, a respeito do qual escreveu Ancelmo Gois? Talvez.

Diga-se, de passagem, que o material jornalístico de Ricardo Feltrin, ainda que tenha lógica não é amplamente esclarecedor e não contém a posição das partes interessadas, as redes americana e brasileira.

Feltrin começa lembrando que o site “Na Telinha” publicou, em dezembro de 2023, a informação de que “a NBC deve lançar seu canal de notícias na TV paga em outubro” de 2024. Trata-se, enfatiza o jornalista, do “5º canal de notícias na TV por assinatura, depois de GloboNews, Bandnews, CNN Brasil e Jovem Pan News”.

O jornalista, um dos mais bem-informados a respeito de assuntos televisuais, sublinha “que a NBC é dona de marcas midiáticas como NBC News (a emissora que está chegando), Universal Studios, Focus Features, Dreamworks, Telemundo e o serviço de streaming Peacock”.

Feltrin nota que a Globo e a NBC já mantêm relacionamento comercial. “Globo e Universal Studios já são sócias na TV paga, na base do 50-50.”

Como se sabe, grupos estrangeiros não podem ser donos 100% de redes de televisão no Brasil. Então, uma entrada mais ampla da NBC exige uma mudança na legislação, ou seja, na Lei de Telecomunicações (que, a rigor, ficou para trás. Porque a comunicação, com o acesso facilitado pela internet e pelos satélites, se tornou global. Quem quiser assistir canais internacionais, de vários países, praticamente não tem limites. A única barreira pode ser imposta pelos canais, ou seja, podem exigir pagamento).

Hoje, uma empresa de comunicação de outro país só pode controlar 30% de uma empresa de comunicação no Brasil — na televisão ou no rádio. De acordo com Feltrin, “um lobby de Brasília, comandado por emissários da Globo e apoiado por todas as emissoras, exceto a Record, tenta esticar a porcentagem para até 100%”.

Há a possibilidade de o serviço de streaming Peacock desembarcar, ao lado da NBC, no Brasil, na versão de Feltrin. “Uma fusão futura com o Globoplay pareceria o melhor dos mundos para o Grupo Globo”, assinala o jornalista.

O Globoplay, na interpretação do colunista, seria “um fardo para toda a companhia Globo”. Então, de acordo com Feltrin, “um sócio rico seria o melhor dos mundos pra a Globo”.

O Globoplay não é má ideia. Pelo contrário, quando tiver produtos suficientes e conseguir vendê-los em vários países, poderá se tornar lucrativo. No streaming só é possível ter lucro se as séries e filmes forem comercializados em escala internacional, e não apenas nacional. Então, o que diz Feltrin tem lógica. Uma parceira com experiência (e nome positivo em todo o mundo) em distribuição internacional pode ser uma jogada comercial eficiente, sobretudo lucrativa.

Na verdade, fora do streaming não há mais salvação. Mas não adianta produzir produtos com alta qualidade, em geral com custos elevados, se não se consegue vendê-los em escala global. Se isto não ocorrer, os criadores terão prejuízo, o que pode desestruturar a empresa.

De qualquer forma, Feltrin e outros comentaristas de mídia precisam apresentar dados mais amplos sobre o assunto. Porque senão a informação fica parecendo fofoca. E, no caso, não é.

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