
O curso de Turismo e Hotelaria da Univali em Balneário Camboriú tem uma história que começou em 1990 com a instalação da FATHUVI (Faculdade de Turismo e Hotelaria de Balneário Camboriú), tendo sido um dos pioneiros do país, impulsionado pela vocação turística de Balneário Camboriú. Na ocasião, o terreno onde o campus foi instalado foi doado pela prefeitura. Agora, mais de 30 anos depois, o curso fechou, por conta de baixa procura.
A assessoria da Univali confirmou que o curso de Turismo e Hotelaria foi ‘descontinuado’ e que isso ocorreu por uma questão de demanda de mercado.
Segundo o coordenador dos cursos de Gastronomia e Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), professor Marcos Arnhold Junior, as turmas foram deixando de ser abertas em 2022 pela baixa demanda e, mais recentemente, os últimos alunos finalizaram o curso.
O Página 3 ouviu ex-alunos, professores e autoridades ligadas ao Turismo que lutaram pela criação do curso, ainda nos anos 90, e que destacam a importância dele para Balneário Camboriú.
Uma das peças fundamentais nessa história foi a professora Marlene Buratto, primeira diretora da Fathuvi. Ela foi convidada, mas preferiu não participar desta matéria. Acompanhe abaixo.
“A carreira de turismólogo vinha sofrendo uma queda em sua procura desde a metade dos anos 2000”
Marcos Arnhold Junior, coordenador dos cursos de Gastronomia e Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)

“O Curso de Turismo e Hotelaria da Univali teve e continua tendo um papel de extrema importância no turismo de Balneário Camboriú, assim como da região turística Costa Verde & Mar, Santa Catarina e Brasil. Muitos de nossos egressos ocupam cargos de destaque em empresas e entidades turísticas, fazendo a diferença na oferta de um turismo de qualidade, planejado e na busca da sustentabilidade do turismo, nossos docentes continuam inseridos em Conselhos Municipais, Regionais e Estaduais e continuamos com a oferta de cursos livres na área de hospitalidade.
Infelizmente a carreira de turismólogo vinha sofrendo uma queda em sua procura desde a metade dos anos 2000, quando o Brasil contava com centenas de cursos de graduação na área. Com a pandemia, a procura praticamente deixou de existir, fazendo com que muitas das instituições que ainda contavam com o curso deixassem de ofertar o mesmo.
Na Univali continuamos ofertando as vagas, porém a última turma em que tivemos entrada de calouros foi em 21/1, com 6 alunos. Após essa entrada, tivemos alguns poucos reingressos em 22 e depois não tivemos praticamente interessados em estudar a graduação em turismo nos anos seguintes.
No entanto, ainda contamos com o Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – Mestrado e Doutorado, que tem a nota máxima da CAPES (nota 5), com alunos vindos do Brasil todo. Este programa está com seletivo aberto e sempre há a disponibilidade de bolsas de estudo da CAPES, CNPq e FAPESC. Contamos com duas revistas científicas das mais importantes do país, a RTVA (Revista Turismo, Visão e Ação) e a Applied Tourism.
Além disso, contamos com a oferta do Curso de Bacharelado em Gastronomia, um dos melhores do país e que forma profissionais de todo o Brasil.
Assim, com essa contínua inserção no contexto turístico municipal, regional e estadual, seguimos acompanhando e avaliando os movimentos do mercado e o interesse de eventuais novos interessados em um curso de graduação em Turismo”.
“A crise dos cursos superiores de Turismo é nacional”
Sílvia Regina Cabral, ex-coordenadora do curso de Turismo e Hotelaria da Univali

“Falar do Curso de Turismo e Hotelaria não é uma tarefa fácil. Um curso de ponta, reconhecido nacionalmente. E, com muito orgulho, fiz parte desta história por muitos anos. Em 1991 instalava-se em Balneário Camboriú, o curso de Turismo e Hotelaria, resultado de uma construção por muitas mãos, de um movimento, encabeçado pela professora Marlene Buratto que numa junção de forças, poder público, empresários e Instituição não mediram esforços para colocar em prática o grande sonho: ser a cidade sede de um grande curso, obter mão de obra qualificada para atender a demanda de um destino turístico que estava buscando se transformar no principal destino do sul do Brasil!
Lembro-me que no Brasil, haviam oito doutores na área, seis deles foram contratados pela Instituição para dar o aporte pedagógico e científico, ficaram por muito tempo oferecendo seus conhecimentos e formando as primeiras turmas. A estrutura física, quanto aos laboratórios eram invejáveis, cada setor do turismo (hospedagem, agência de viagem, eventos, meio ambiente, planejamento) tinham espaços específicos para as práticas. Por muito tempo foi classificado como curso de 5 estrelas, pela revista “Guia do Estudante” da Abril Cultural.
Recebeu alunos das mais diversas regiões do país, inclusive internacionais. O que resultou numa demanda ano todo na cidade, que na época quebrava o período sazonal, gerando assim uma economia para o município, além de incrementar o setor imobiliário e comércio em geral. Ao mesmo tempo, devolvia estes alunos com capacidade de retornarem às suas origens para atuarem como gestores, pesquisadores e alavancar o Turismo Nacional.
Após 34 anos receber a notícia de fechamento do curso é bastante frustrante, nos faz questionar muitas coisas: foi o mercado que não evoluiu e não quis investir na mão de obra qualificada? Faltou relacionamento instituição x empresários? O setor de serviços não é levado a sério? O Ensino Superior virou apenas uma fonte de renda (um produto comercial) e não existe mais ideais? As novas gerações não querem mais atuar em serviços e trabalhar feriados, finais de semana?
A crise dos cursos superiores de Turismo é nacional, em média 80% ou mais de cursos fecharam em todo Brasil. O que assusta é que não está havendo nenhuma reflexão sobre o resultado disto. Como ficará a área sem novos gestores atuando de forma multidisciplinar e com eficiência? Estamos fadados a termos cada vez mais um turismo amadorístico, exploratório, sem consciência ambiental. Convoquemos o MEC, empresários, gestão pública e instituições para refletirem sobre a velha frase da professora Marlene Buratto: ‘Turismo é coisa séria!”.
“Vou respeitar a decisão deles, mas é com tristeza que recebo essa notícia”
Leonel Pavan, atual prefeito de Camboriú; era prefeito de Balneário e lutou pela abertura do curso, com a doação do terreno para a Univali

“Deveriam ter respeito e me comunicar, porque eu só trouxe a Univali para Balneário Camboriú por causa do curso de Turismo e Hotelaria. A universidade começou lá no Médici, chovia dentro, eu tirei uma escola particular, a Escola Bruno Silva, que tinha no Médici, e coloquei a Univali lá. Desapropriei uma área enorme, doei terreno, por causa da faculdade de Turismo e Hotelaria. Lutei no Congresso, em todas as áreas, para esse curso ser aprovado.
Lamento profundamente, é um regresso de uma universidade, esse curso é o que diferenciava a Univali, é o que a fazia ser única. Eu não ia dar terreno para uma universidade privada qualquer, só fizemos a doação, porque era a nossa indústria em jogo, o turismo! Foi e é muito importante para nós. Disputei com Arnaldo Schmitt (então prefeito de Itajaí), pelo tamanho de quem dava espaço para conseguir ter a Univali em Balneário. Eu dei 100 mil m2 para instalarem aqui.
É lamentável não terem me comunicado. Eu fui o padrinho da universidade, pela luta constante que tive. Depois vieram outros cursos, mas o primeiro foi esse. Falo isso tudo porque lamento, lamento profundamente.
A sociedade de Balneário Camboriú, uma cidade que vive do turismo, deveria se manifestar, porque um dos motivos que nos diferenciava, que nos fez ser capital do turismo de Santa Catarina, foi a faculdade de Turismo e Hotelaria.
Vou respeitar a decisão deles, mas é com tristeza que recebo essa notícia. O Edson Vilela, então reitor geral, deve estar se revirando no túmulo e a Marlene Buratto deve estar muito triste.
No IFC tem curso técnico de Hospedagem, a Univali poderia oferecer para eles, porque se há desinteresse da Univali, poderiam repassar para outra instituição.
Balneário Camboriú é a capital do turismo, nossa região depende disso. É lamentável e deveriam se explicar. Encerrar um negócio que foi gasto milhões, um terreno doado, só criaram a Univali de Balneário Camboriú por conta do curso de Turismo. Não quero briga, mas eu lamento! Foi um desrespeito, não sabem da história e o quanto trabalhamos para conseguir isso”.
“A Univali existe em Balneário Camboriú por causa do curso de Turismo e Hotelaria, e não o contrário”
Lilian Martins, funcionária efetiva da Fundação Cultural, se formou em Turismo pela Univali de Balneário Camboriú

“Eu soube do fim do curso através do grupo do app de mensagens da minha turma. Fiquei em choque. Cursei Turismo e Hotelaria, formando em 2000, e apesar de ter seguido a vocação natural para a área da cultura, a formação que tive foi excelente e moldou meu perfil profissional. Busquei me aprimorar academicamente na área de Patrimônio Cultural, mas o Curso de Turismo e Hotelaria me deu base sólida para que eu pudesse desenvolver o trabalho.
Tenho participado há anos dos Conselhos de Turismo em Itajaí e aqui, atuei na Fundação Cultural em conjunto com ações da Secretaria de Turismo, fiz parte das equipes de criação de importantes eventos turísticos com base cultural da cidade (como a da festa Raízes de Taquaras, que acontecerá em breve), e vivi na prática o que o que o curso me sinalizou, que atividade turística – desde que exercida com conhecimento técnico e responsabilidade – tem uma importância crucial no despertar da consciência do patrimônio cultural, na sua preservação, na valorização da comunidade local, e no desenvolvimento sustentável das atividades culturais.
A Univali existe em Balneário Camboriú por causa do curso de Turismo e Hotelaria, e não o contrário.
Houve um esforço do município (governo municipal e trade) para que o curso existisse aqui, inclusive com a disposição do local onde se encontra o Campus. O fechamento das atividades é, no mínimo, um contrassenso”.
“Chegou a ser o mais concorrido do Brasil”
Luciana Vargas, turismóloga efetiva, atua na Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú, e se formou pela Univali

“O bacharelado em turismo e hotelaria da Univali chegou a ser o mais concorrido do Brasil, formando alunos preparados para as melhores colocações do país. Em uma cidade vocacionada para o turismo, o encerramento da graduação é um fato lamentável. A pouca valorização do bacharel em turismo na contratação e a baixa remuneração podem ser alguns dos fatores que levaram ao desinteresse de ingressar no curso.
A valorização do profissional pelo mercado, pode ser um caminho para que o mesmo não aconteça com cursos técnicos em turismo”.
“O turismo de Balneário Camboriú foi feito com compromisso, achamos de suma importância trazer a faculdade na época”
Osmar de Souza Nunes Filho, o Mazoca, é proprietário do Hotel Marambaia, e foi um dos primeiros a se formar em Turismo (em SP, na época) de Balneário Camboriú

“Faço 50 anos de formado no fim do ano. Acredito que há falta de interesse pelo curso, infelizmente, mas mesmo assim a hotelaria vem crescendo. Não sei como está o segmento de área técnica, porque hoje há faculdade só de Hotelaria. Antes era Turismo e Hotelaria que unia ensinamentos de planejamento, área pública, hotelaria e agências de viagens, eram esses os focos… só posso agradecer porque me formei e pra mim foi muito importante onde cheguei e com a visão que tive no curso.
Hoje não exige mais formação em Turismo e Hotelaria para trabalhar em muitos locais, mas deveria continuar sendo exigido, porque a faculdade muda o olhar e ensina muita coisa, porque há um estudo muito profundo.
Não é de agora isso – desde os governos passados não exigiam mais formação em Turismo para trabalhar na Secretaria de Turismo.
O nosso Turismo de Balneário Camboriú foi feito com compromisso, achamos de suma importância trazer a faculdade na época. Eu penso que temos que investir em saber números, ter dados da cidade, como saber quantos leitos temos, quantos restaurantes há na cidade. Já chegamos a saber quantos prédios havia e acredito que isso não se tem mais. Isso era histórico na prefeitura.
A Univali de Balneário Camboriú surgiu pelo curso de Turismo. É lamentável esse fechamento.
A minha turma de Turismo veio fazer um curso aqui e nasceu a ideia, junto com a professora Marlene. O Pavan também teve participação importante. Eu fui professor no começo. O nosso turismo ficou encorpado e profissional por conta da faculdade. Não sei se agora se interessam por cursos técnicos ou cursos mais específicos. A vida no turismo é trabalhar muito, a minha vida foi e é o hotel até hoje.
Formamos grandes nomes da hotelaria e turismo pelo curso da Univali. É lamentável, uma pena porque Balneário Camboriú usufruiu muito. A primeira pós-graduação também foi de Turismo. Balneário Camboriú foi um laboratório e a Univali ajudou muito no turismo da cidade”.
“Hoje, posso dizer aos meus filhos que me formei numa faculdade que não existe mais”
Geninho Goes, empresário e figura conhecida em Balneário Camboriú por seu trabalho ligado ao turismo (ele já foi secretário da pasta e é CEO da BNT Mercosul, uma das principais feiras do segmento no Brasil)

“Fui o primeiro professor da disciplina de TTT – Teoria e Técnica de Turismo. Naquela época, éramos poucos bacharéis em Turismo no Estado. Em nossa cidade, apenas eu e o Mazoca carregávamos esse título. Isso foi por volta de 1991.
A FATHUVI foi uma referência nacional. Estudantes de várias partes do país vinham para cá em busca de formação na área. Lecionei por cerca de cinco anos — já nem lembro exatamente —, mas, em determinado momento, optei por seguir no mundo empresarial. Já naquela época, eu sentia a dificuldade de conciliar teoria e prática no turismo.
Fui professor de Planejamento Turístico, gestor público, gerente de hotel, diretor de parque temático, trabalhei em veículos de comunicação e também na área de eventos.
O turismo é uma atividade com múltiplas possibilidades profissionais. Quem quer se destacar precisa se especializar, unir o conhecimento a outras áreas, como marketing, tecnologia, gestão de pessoas — e, acima de tudo, precisa atuar na prática. É no campo real que se aprende.
A verdade é que ninguém sai pronto da faculdade. E, na prática, não são os bacharéis que ocupam os principais cargos. O mercado ainda não absorveu esse perfil, porque não é o diploma que faz alguém dominar o ofício — é a vivência. Na área comercial, por exemplo, é preciso saber vender, ter um bom networking. E isso não se constrói da noite para o dia.
O Brasil já teve uma febre de cursos superiores em Turismo: foram mais de 600 faculdades. Hoje, talvez restem menos de dez com o curso ativo. O mercado não procura, necessariamente, profissionais com diploma universitário. O que ele precisa é de mão de obra treinada e capacitada, de pessoas que saibam atender o turista — e para isso, muitas vezes, não é preciso um curso superior.
Durante os quatro anos da minha graduação, estagiei e trabalhei em pelo menos dez lugares diferentes. Queria entender, na prática, qual caminho seguir — e nada disso era obrigatório. Meu TCC foi a organização de um evento real, para 600 pessoas. Foi nesse evento que conheci o Mazoca e vim para Santa Catarina. Eu tinha 21 anos.
Com o tempo, encontrei minha verdadeira vocação: já são 32 anos atuando na área de eventos.
O sucesso de uma pessoa não está atrelado à faculdade que ela faz, mas à dedicação com que leva sua profissão. O fim do curso de Turismo aqui é um reflexo do mercado — que não sentiu necessidade de contratar esse profissional, embora eu saiba que muitos bacharéis na área são hoje bem-sucedidos. Na prática, os cargos continuam sendo ocupados por administradores, publicitários, advogados, vendedores… Profissionais de diferentes formações que sempre estiveram presentes no turismo.
Hoje, posso dizer aos meus filhos que me formei numa faculdade que não existe mais. E isso confirma a antiga profecia: muitas profissões deixarão de existir, enquanto outras surgirão. Quais serão os próximos cursos a desaparecer? Alguém arrisca um palpite?”.
“Vai ficar uma lacuna na formação de grandes profissionais”
Leandro Bertoli Neto, Arquiteto e Urbanista foi professor universitário no curso de Turismo e Hotelaria por 19 anos –

“Esse curso foi um pioneiro no Brasil, abrangia as duas áreas, turismo e hotelaria, porque já existia um curso de hotelaria e tinha um curso de turismo, e o nosso oferecia o bacharelado nas duas áreas, turismo e hotelaria. Eu, na condição de ex-professor do curso, só tenho a lamentar, porque o curso, durante muitos anos, sempre se destacou como um dos melhores cursos de Turismo e Hotelaria do país.
Me lembro, quando eu iniciei as minhas atividades de docência na Univali, através de um concurso, um teste de seleção, até por indicação da professora Marlene Buratto, que é co-responsável pela implantação desse campus, se não me engano, durante o primeiro ou segundo governo do Leonel Pavan, que era prefeito Balneário Camboriú, e quando o campus foi implantado, justamente o curso de turismo e hotelaria foi o pioneiro. E se consagrou logo em seguida se destacando como um dos melhores cursos de turismo e hotelaria do país, que formou inúmeros bachareis que hoje estão à frente de várias organizações, não só redes hoteleiras, companhias aéreas, agências de viagem, organizadoras de eventos e etc.
Era um curso realmente destacado. Eu lamento muito que o curso tenha encerrado as suas atividades. Imagino como deve estar triste a professora Marlene Buratto, que foi cofundadora, foi a primeira coordenadora do curso, assim como outros também, como o professor Carlos Tomelin, que foi um dos primeiros alunos, depois foi meu professor, foi coordenador do curso e hoje é vice-reitor.
A comunidade acadêmica e os profissionais de turismo e hotelaria só têm a lamentar. Vai ficar uma lacuna na formação de grandes profissionais, que hoje muitos deles estão dirigindo empresas, inclusive fora do país. Eu lamento muito.
Sem falar nos cursos de pós-graduação, de mestrado e até doutorado, na área de turismo e hotelaria, que teve no corpo docente os profissionais e os mais destacados especialistas de turismo do Brasil e da América. Eu, inclusive, fiz minha primeira pós-graduação, Lato Sensu, depois o meu mestrado, que é a graduação stricto Sensu, na Univali, sempre com grandes professores. Realmente me decepciono que o curso não tenha seguido adiante, depois de mais de 30 anos de atividade”.
Especial da redação: Transcrição da matéria do Página3 de 2 de agosto de 1991
Campus 2 sai do papel
(legenda da foto): A pedra fundamental e a placa demonstram abandono, mas ao que tudo indica o panorama vai mudar
O Jornal Página 3 abre o seu “Especial” dissecando a implantação do Campus 2 da Univali em Balneário Camboriú que abrigará a faculdade de turismo e hotelaria, atualmente funcionando em quatro salas do colégio Presidente Médici, no Bairro das Nações. O Otimismo que gira em torno das pessoas diretamente envolvidas com o assunto, se dá em função da doação de recursos na ordem de Cr$ 3.300.000,00, feita pelo setor hoteleiro. Esta doação veio em tempo, já que o prazo para o início da obra expira no mês de março de 1992. No “Especial” você vai saber como a comunidade vem se mobilizando para arrecadar as verbas necessárias que garantirão o Campus 2 em Balneário.
Obras da Universidade iniciam em Balneário
Esta semana começaram os trabalhos de medição do terreno doado pela prefeitura, uma área de quase 52.000 m2, para a construção do campus 2 da Univali, projeto que deverá estar concluído no ano 2000. O carro-chefe do campus será o curso de turismo e hotelaria que funciona, há um ano e meio na escola Presidente Médici, com 200 alunos.
Quando pronto, o projeto deverá atender cerca de 10.000 alunos, distribuídos em noventa e seis salas de aula, além de uma completa infra-estrutura esportivo-educacional.
“Haverá outros cursos além do turismo e hotelaria. Só nossos ou extensão da Univali, que também implantará cursos de primeiro e segundo graus”, adianta Marlene Buratto, diretora da Faculdade de Turismo e Hotelaria. Segundo ela, no ínicio do próximo ano, seis salas de aula estarão prontas, já no campus, além da administração e o curso de primeiro grau (primeira quarta série). Em 93, virá a sequência do primeiro grau (quinta e oitava) e o segundo grau e a faculdade de turismo já estará com 350 alunos, porque cada semestre ingressam mais cinquinta”, detalhou.
Em março de 90 a prefeitura e a Univali assinaram um convênio, onde foi estabelecido um prazo de dois anos para iniciar a obra. Se o prazo não for respeitado o convênio será desfeito e a faculdade de hotelaria retornará a Itajaí. Para evitar que isto aconteça a comissão pró-construção, designada pelo prefeito (tem três coordenadores e trinta e dois representantes de todos os setores da comunidade) começou a movimentar-se. Na semana passada, os hoteleiros entregram ao reitor Edson Vilela a primeira contribuição do setor: um cheque de um milhão e cem e mais dois, de igual valor, para o final de agosto e setembro.
“Sabemos que a construição civi também já tem uma boa quantia arrecadada. Só falta o comércio”, declarou Marlene, acrescentando que também espera uma contribuição do governo Kleinubing. Na hora de fechar as paredes, vamos correr o chapéu outra vez – avisa a direitora.
Hotéis fazem primeira doação
Com o dinheiro da primeira parcela que os hoteleiros entregaram na semana passada ao reitor Edson Vieira, será feito o estaqueamento no terreno do Campus 2. A segunda e a terceira parcelas serão entregues no final de agosto e setembro, totalizando três milhões e trezentos mil cruzeiros.
“Se faltar dinheiro vamos correr atrás” assegurou Marco Aurélio Luciano, diretor do Clube dos Hotéis. A construção civil já arrecadou dois milhões em papel assinado, gmas pretente manter o compromisso de conseguir de oito a dez milhões, equivalentes a 50% do total necessário para a primeira parte da obra.
Walter Barichello, responsável pela arrecadação junto ao setor, disse que, por falta de tempo, ainda não conseguiu arranjar todo o dinheiro.
Já o comércio “não arrumou um centavo porque não estavam informados e porque achamos que a arrecadação deve ser feita por uma comissão da própria faculdade” afirmou César Lehmann, presidente do CDL, dizendo que vários comerciantes acharam um absurdo determinar a busca de doações ao presidente do órgão.
Desafio é arrecadar 50 mi
A comissão pró-construção do Campus 2 da Univali tem como função arrecadar recursos junto à comunidade para as obras da primeira etapa do complexo universitário da 5ª Avenida, numa área localizada entre os bairros Vila Real e Municípios. “A fundação e a estrutura do primeiro módulo estão orçadas em dez milhões de cruzeiros”, revela um dos membros da comissão, Wilmar Vaccaro. O projeto final — orçado em cinquenta milhões de cruzeiros — tem a forma arquitetônica de um sol com oito raios, sendo dois com um piso, quatro com dois pisos e mais dois com três pisos, onde estarão dispostas as noventa e seis salas de aula. “Visualmente dará um efeito de onda”, observa Vaccaro acrescentando que toda a estrutura da obra será em aço. “Acreditamos que dez milhões sejam o suficiente a ser arrecadado junto à comunidade”, afirma Vaccaro, citando os setores da hotelaria, construção civil e comércio. “Precisamos é iniciar a obra e mostrar alguma coisa”, enfatiza o membro da comissão, acreditando na possibilidade de angariar recursos também junto ao Governo Federal e, quem sabe, no exterior. “Já temos a promessa do governador Kleinubing de vinte milhões”, frisou.
Entusiasmo
Fernando Araújo, aluno do terceiro período da faculdade de turismo e Juliana Toth, aluna do quarto período, estão eufóricos com a possibilidade da construção do Campus 2. Os dois são membros da comissão pró-construção. “É impressionante, mas nós temos poder de opinar”, impressiona-se Fernando, elogiando a abertura que está sendo dada às reivindicações dos alunos da faculdade de turismo e hotelaria. “Nossa função, além de reivindicar, é manter o intercâmbio entre a comissão e os alunos, mantendo-os em constante mobilização”, ressalta Juliana. Esta mobilização se estende à arrecadação de verbas procurando desta forma participar na construção do campus 2. Atualmente estão sendo vendidos adesivos (Cr$ 500 cruzados), mas novas ideias deverão ser implementadas em breve. “Estamos elaborando projetos ligados à nossa área visando angariar fundos para a construção do Campus 2”, explica Juliana. Fernando considera o projeto arquitetônico do novo campus “fantástico”. “É muito bem bolado e perfeitamente viável”, disse Fernando embora ache que demandará alguns anos para ser concretizado.