As “terras raras” se tornaram um um dos recursos mais estratégicos do planeta. Os minerais possuem papel central na transição energética e na produção de alta tecnologia, fazendo com que estejam no centro de disputas e negociações geopolíticas. O Brasil está entre os países que se destacam no cenário.
Os minerais compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, normalmente misturados a outros minérios de difícil extração e com alto valor comercial. Eles são essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, baterias de carros elétricos, cabos de transmissão, foguetes, equipamentos médicos, armas e dispositivos eletrônicos de última geração.
Em abril, os Estados Unidos fechou acordo com a Ucrânia para explorar o potencial mineral do país, que inclui terras raras, além de ferro, manganês, urânio, titânio, lítio, zircônio, carvão, gás e petróleo. O acordo abrange grandes partes afetadas pela guerra do país contra a Rússia.
Para os estadunidenses, a parceria ocorre como forma de reduzir a dependência da China, que produz 80% dos minerais usados pela indústria americana. O presidente Donald Trump também afirma que o acordo seria uma maneira da Ucrânia retribuir parte da ajuda militar e financeira recebida dos EUA desde o início do conflito.
Além disso, os Estados Unidos fechou um acordo comercial com a China por esses minérios. Porém, o governo de Pequim ainda não confirmou o acordo.
De acordo com os EUA, o Brasil detém a segunda maior reserva de terras raras do mundo, com cerca de 21 milhões de toneladas, atrás apenas da China, que também lidera globalmente na extração e no refino desses materiais.
Mesmo com o potencial, o Brasil não domina a tecnologia de forma plena para promover a transformação industrial dos minerais. O país ainda exporta, em sua maioria, os minerais como commodities brutas, sem agregar valor.
Para contornar a situação o governo e instituições parceiras investem em iniciativas para desenvolver tecnologia nacional e atrair investimentos para o setor.
Entre essas iniciativas está o Projeto MagBras, liderado pelo SENAI. A proposta estabelece uma completa de produção de ímãs permanentes de neodímio-ferro-boro (NdFeB) com aplicações em carros elétricos, energia renovável e eletrônicos.
Também existe o fundo de participação de R$ 1 bilhão, voltado ao financiamento de projetos de pesquisa mineral, com ênfase em empresas juniores e o decreto que permite a emissão de debêntures incentivadas para projetos ligados à transformação de minerais estratégicos.
Além do solo rico em recursos, o Brasil possui condições energéticas, ambientais e geológicas únicas para se tornar um líder na transição energética e tecnológica do século 21. Porém, para que isso ocorra, é necessário avanço na cadeia produtiva, transformando o potencial em indústria.
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