Cia das Letras vai publicar biografia de Lygia Fagundes Telles escrita por Raquel Cozer

Quais as três maiores prosadoras brasileiras? Não há a menor dúvida: Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Ana Maria Gonçalves (“Um Defeito de Cor” é uma obra de primeira linha). A ucraniana, a paulista e a mineira ficam em pé, em qualquer estante, ao lado de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Erico Verissimo (que precisa de uma biografia ampla). Tanto como romancistas quanto como contistas (não sei se Ana Maria Gonçalves escreve contos).

Clarice Lispector ganhou biografias de alta qualidade da lavra de Nádia Battella Gotlib, Teresa Montero e Benjamin Moser (que “bebeu” muito na pesquisa de Nádia Gotlib, como quaisquer outras terão de fazer. Porque assentou as bases da história pessoal e literária da escritora). Ana Maria Gonçalves, de 53 anos, está vivíssima e com a obra em andamento. A biografia pode esperar.

Lygia Fagundes Telles morreu em 2022, aos 103 anos. Apesar de uma vida longeva, com uma literatura de alta qualidade, ainda não foi biografada. Não há biografias nem hagiografias (há momentos em que torço até por uma hagiografia).

A competente jornalista Raquel Cozer, especialista em livros, como crítica literária e editora, promete escrever uma biografia — sem chapa-branquismo — de Lygia Fagundes Telles. A obra, que se espera alentada, sairá em 2026 pela Editora Companhia das Letras. A história foi revelada por Walter Porto, da “Folha de S. Paulo”, na quinta-feira, 4).

À “Folha” Raquel Cozer disse que “Lydia foi um acontecimento, provocava muito fascínio. Hoje as pessoas não têm tanta noção do tamanho que Lygia tinha. Os livros dela sempre chegavam aos mais vendidos”.

Lygia Fagundes Telles é autora de “As Meninas”, “Antes do Baile Verde”, “As Horas Nuas”, “Seminário dos Ratos”, “A Disciplina do Amor” e, entre outros, “Ciranda de Pedra”. Todos muito bem-editados pela Cia das Letras.

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