Líder do CV, Marcinho VP é o primeiro “imortal” da Academia Brasileira de Letras do Cárcere.

Após 127 anos da criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), um grupo de advogados criminalistas criou a Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC), com objetivo de incentivar a produção literária de detentos.

Marcio Nepomuceno é o nome do primeiro “imortal” da Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC), iniciativa que foi inaugurada nesta quinta-feira, 18, em uma cerimônia na Faculdade Rio de Janeiro, na capital fluminense. Marcinho VP, como é mais conhecido, é líder da facção Comando Vermelho, coautor do livro A Execução Penal Banal Comentada e agora ocupa também, simbolicamente, a cadeira “Graciliano Ramos” da academia.

Apesar de estranha, a iniciativa tem seu valor e pode contribuir, nem que seja pouco, para a ressocialização dos detentos no Brasil. Além do aspecto “pedagógico”, criminosos e encarcerados têm histórias para contar e experiências pouco comuns para a maioria da população. Podem, ainda, por meio da literatura, quebrar estereótipos, arrazoar preconceitos e desmistificar a imagem do universo estético, ético e simbólico do crime e seus executores.

Advogado e ex-desembargador, Siro Darlan impulsionou a criação da Academia e declarou em seu blog: “A ABLC tem por finalidade estimular a escrita e leitura de livros escritos por encarcerados e egressos, visando sua reinserção social e a valorização do ser humano em cumprimento de penas privativas de liberdade”, diz

Siro entende do assunto. Aposentado compulsoriamente por supostamente ter favorecido um cliente de seu filho enquanto era desembargador, ele é porta-voz da nova academia.

“O lançamento da Academia Brasileira de Letras do Cárcere representa um importante passo em direção à valorização da diversidade e inclusão na literatura brasileira”, afirma Darlan.

Novos imortais

A ABLC contará com 20 imortais. Entretanto, apenas seis cadeiras foram ocupadas até agora. Confira os nomes anunciados durante o evento de lançamento:

Marcinho VP: preso desde 1996, o traficante escreveu três livros de dentro da cadeia. Ao anunciar que ele estaria dentre os imortais, Siro Darlan citou seu livro A Execução Penal Banal Comentada.

Fábio da Hora Serra, apelido Sagat: já foi envolvido tanto com o CV como com o PCC, mas hoje é ex-traficante e prega contra o crime. Cumpriu 12 anos de prisão e é autor do livro O Bandido que Virou Artista.

André Borges: preso em 1958, por assalto à mão armada, passou 21 anos como detento. Nesse período, escreveu 21 livros. Foi solto em 1979, após ser considerado um preso político.

Edilberto José Soares: órfão desde a infância, passou 20 anos na prisão depois de se envolver com a criminalidade. Na detenção, se descobriu poeta e, desde que deixou o cárcere, se dedica à poesia. Seu primeiro livro foi lançado em 2022, O Último Grito da Poesia.

Emerson Franco: preso aos 19, cumpriu sete anos de prisão em regime fechado, onde começou a escrever. Depois, se formou em Sociologia e hoje é professor. Lançou o livro Francas Palavras no ano passado.

Paulo Henrique Milhan: ex-presidiário por tráfico de drogas, escreveu quatro livros ainda na cadeia e mais dois fora. Ele também criou uma editora própria para publicar seus livros, como Tarde Demais para Acreditar no Amor.

Os outros integrantes da ABLC devem ser anunciados em breve, em novas cerimônias.

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