Ciclista de Balneário Camboriú vai participar da prova mais difícil do mundo, nos EUA

O morador de Balneário Camboriú, Luiz Gustavo Balena, de 49 anos, que é auditor fiscal federal e ciclista de estrada amador há 10 anos, vai enfrentar um desafio e tanto em junho deste ano. 

Ele é o primeiro morador de Balneário e um dos primeiros catarinenses a participar da Race Across America (RAAM), uma competição ciclística disputada anualmente no mês de junho que atravessa os Estados Unidos da Costa Oeste à Costa Leste. O RAAM é uma das mais conhecidas e longas provas ciclísticas do mundo, sendo considerada a prova de ciclismo mais difícil de todas – um grupo de quatro ciclistas (neste ano participarão 12) precisa pedalar quase 5 mil km em nove dias.

Luiz conta que pedala há 10 anos. Como muitas pessoas, durante toda a infância e adolescência praticava muitos esportes, porém, acabou se desligando da vida esportiva e somente há 10 anos resolveu retomar, com a ideia de comprar uma bicicleta para usar no dia a dia. 

(Arquivo Pessoal)

Ele gostou da ideia de ir pedalando para o trabalho (mora em Balneário e trabalha em Itajaí, uma distância de 13km), mas a paixão aumentou com o ciclismo de estrada. A primeira bike específica da modalidade (Speed) ele adquiriu em 2016, mesmo ano em que ficou sabendo sobre a RAAM, a famosa competição onde estará neste ano. 

“Desde então não deixei de pesquisar e estudar sobre a Race, que é apresentada como a mais difícil competição do mundo, pois diferente de competições como Tour de France, é uma competição contínua, dá a largada e tem um tempo máximo para cumprir a prova – com rastreador fornecido pela organização da prova que vai no carro que segue o ciclista. O tempo não para em momento algum, mesmo se houver adversidades, inclusive para parar para necessidades fisiológicas”, explica.

Brasil com a segunda maior delegação

Luiz sempre treinou com acompanhamento de um treinador, e em agosto/2023 mudou de técnico, passando a ser acompanhado por um profissional que tem assessoria há 30 anos e já participou 15 vezes da Race. 

(Arquivo Pessoal)

Em setembro/2023, o ciclista de Balneário foi apresentado para Márcio Milan, de 75 anos, que já esteve muitas vezes na Race e também é maratonista e é um dos outros três ciclistas do time (eles estão acompanhados por Simone Musa e Frederico Nyder). 

“Na RAAM 2024 temos, até o momento, um total de 109 ciclistas de 16 países diferentes, sendo o Brasil o país com a segunda maior delegação – 12 pessoas, sendo duas equipes de quatro ciclistas cada, e quatro solo masculinos. Além destes, haverá também brasileiros em duas competições “menores”, a RAW e RAE.  Incluindo RAW e RAE, o Brasil conta com 17 participantes, mantendo a segunda maior representação, atrás apenas dos Estados Unidos”, conta.

Saiba mais sobre a Race

A decisão de participar veio em fevereiro deste ano. Além dos quatro ciclistas, há nove auxiliares, com três veículos os acompanhando. Os quatro ciclistas vão trocando durante o trajeto e há regras para a hora da troca – durante o dia precisa ser rodando e no período noturno, por segurança, são liberadas trocas com paradas – desde que seja na frente do veículo que acompanha. 

(Arquivo Pessoal)

A ideia é que cada ciclista pedale por 30 minutos, mas a estratégia pode mudar – isso porque tudo interfere, inclusive o clima (a prova passa pelo deserto, que ultrapassa 50 graus, e ainda pelas montanhas, com temperaturas negativas). 

“Passaremos por 13 estados americanos, da Califórnia até New Jersey, do litoral pelo deserto, montanhas, vento contra, frio, gelo, chuva, calor intenso. Essa prova, para finalizá-la, é a soma de resistência, preparo e regularidade. É necessário treino de mente e corpo também para a privação de sono. Serão praticamente sete dias sem dormir”, informa.

Desafio extra

Além do desafio de cumprir a prova, que é a meta do quarteto, eles também planejam vencer na categoria em que estão (quarteto misto de 50 a 59 anos) e há outro desejo de Márcio Milan, que os três colegas aceitaram – tentar terminar a prova antes do prazo final de nove dias (ou 216h corridas, mais especificamente). 

“O Márcio quer e o time vai tentar. Não tem premiação em dinheiro, mas tem o reconhecimento de terminar. Tem troféu se a gente ganhar dentro da categoria”, acrescenta.

Alto investimento

O investimento para encarar o desafio também é alto – só a taxa de participação da equipe é de U$ 9.600 dólares, que foram divididos entre os quatro, mais as passagens aéreas de cada um e dos nove auxiliares, e ainda gastos com alimentação, hotéis e seguro viagem. 

O custo estimado é de U$ 45 mil – somente Luiz está gastando mais de R$ 50 mil. 

“Fora que todo mês eu pago o seguro da bike, revisão também, o treinador, suplementos, seguro de vida, roupas… é uma paixão muito grande”, completa.

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