Pobreza extrema cai no Brasil no primeiro ano de Lula da Silva na Presidência

A lógica economicista domina quase tudo, inclusive as páginas dos jornais. A tendência é que aquele se preocupa apenas com crescimento é escravo do mercado. Porém, aquele que não tem um olho só para o mercado — que, claro, não pode ser ignorado — acaba por ter uma percepção mais aguda da sociedade.

O presidente Lula da Silva, do PT, é, naturalmente, preocupado com o crescimento econômico. Primeiro, porque precisa mesmo. Segundo, porque, sem crescimento, cria-se uma expectativa negativa sobre o governo e 2026 está batendo à porta — daqui a dois anos e cinco meses.

Se um crescimento de 2,9% ao ano, como ocorreu em 2023, não é ruim para o governo e para o mercado — ainda que não se possa falar em excelência —, o governo de Lula da Silva tem o que comemorar em termos de desenvolvimento. O que sua comunicação parece não perceber de maneira abrangente e oportuna.

O repórter Ancelmo Gois, colunista de “O Globo”, publicou uma nota relevante, que transcrevo na íntegra: “Entre 2022 e 2023 a classe C subiu de 56,7% da população. Já as classes A/B passaram de 13,5% parda 15,59%. Segundo o economista Marcelo Nery, da FGV Social, isto equivale a ascensão de 11,3 milhões da classe média em um único ano. Esse mundaréu de gente é maior que a população de Portugal”.

A PnadC do IBGE mostra que, em 2023, a pobreza extrema caiu a 8,3% da população brasileira (em 2022, eram 9,6%). Trata-se da taxa mais baixa da história do país. De acordo com os dados, 16,9 milhões de indivíduos viviam, em 2023, com rendimento médio inferior a 300 reais por mês, portanto abaixo da linha de extrema pobreza. Porém — em termos comparativos com 2022 —, 2,6 milhões de pessoas superaram a linha dos 300 reais e deixaram de ser considerados extremamente pobres. Causas: Bolsa Família, aumento da renda e queda do desemprego.

Fernando Canzian, da “Folha de S. Paulo”, assinala que a PnadC de 2023 mostra que “os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres aos mais ricos) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), beneficiados pelo grande aumento do Bolsa Família — que passou por forte expansão nos últimos anos”.

Noutras palavras, a pobreza está diminuindo no Brasil e a renda dos pobres está melhorando — ainda que não em níveis satisfatórios.

“O que impressiona mais é o crescimento (dos rendimentos médios, que cresceram ao ritmo de dois dígitos, em praticamente todas as faixas de renda). Foi um crescimento para todos. O bolo cresce, mas com mais fermento entre os mais pobres, para os quais têm o efeito do mercado de trabalho e um destaque para o efeito da Bolsona Família”, disse Marcelo Neri ao repórter Vinicius Neder, de “O Globo”.

De acordo com Marcelo Neri, “a expansão do Bolsa Família, tido como principal motor do crescimento [dos rendimentos] entre os mais pobres, parece não ter atrapalhado o mercado de trabalho, já que houve avanço de salários e empregos em 2023”.

Num artigo publicado na “Folha de S. Paulo”, a mestre em Economia Laura Müller Machado perguntou aos 10% em situação de vulnerabilidade “se gostariam de ter uma ocupação. A resposta é surpreendente: 5,5 milhões querem trabalhar e 64% afirmam que tentam, mas não conseguem”. É uma informação relevante, pois liberais e conservadores, os críticos dos programas sociais, parecem acreditar que a assistência estatal gera “malandragem”, digamos assim.

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