Frigoríficos assinam protocolo com 11 critérios para compra de gado no Cerrado

Com um avanço de 1.475 km² de destruição da cobertura florestal do Cerrado somente no primeiro semestre deste ano, a preocupação sobre a produção agrícola e agropecuária irregulares neste bioma fica cada vez mais em evidência. Como forma de desestimular práticas prejudiciais ao meio ambiente, frigoríficos assinaram um protocolo com 11 critérios para a compra de gado criado no Cerrado.

Nos últimos quarenta anos, a pastagem e agricultura se expandiram rapidamente nesse bioma. O Cerrado concentra cerca 36 de todo rebanho brasileiro e mais de 63% da produção de grãos, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Em 2022, 60 milhões de cabeças de gado foram registrados no bioma.

O documento está em elaboração desde 2020 e é fruto de um esforço coordenados pelas organizações Proforest, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e National Wildlife Federation (NWF). Contou ainda com contribuições diretas de WWF Brasil, indústria alimentícia e empresas compradoras, além do Ministério Público Federal, entidades do setor pecuário e sociedade civil.

A goiana JBS foi uma das primeiras empresas do ramo de alimentos a integrar o Protocolo de Monitoramento Voluntário de Fornecedores de Gado no Cerrado. A Companhia participou da construção conjunta do projeto desde o início e, na largada, já cumpre em sua Política de Compra Responsável os 11 critérios estabelecidos para a conformidade socioambiental dos produtores.

O Cerrado conta com 30% das fazendas fornecedoras e responde por 47,8% dos bovinos processados pela JBS. Para seus fornecedores diretos no Cerrado, a JBS já alcançou a meta de desmatamento ilegal zero.

Critérios para checar procedência

O protocolo estabelece parâmetros como conformidade com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), eventuais sobreposições com áreas de desmatamento e supressão de espécies nativas ou protegidas (como terras indígenas, quilombolas e Unidades de Conservação). Ele prevê ainda o cruzamento com listas públicas de trabalho escravo e de embargos ambientais, além de análises da Guia de Trânsito Animal (GTA) e da produtividade do criador, como forma de inibir a triangulação de animais provenientes de áreas com irregularidades ambientais ou sociais.

“O Protocolo do Cerrado é uma importante ferramenta para o setor se preparar para as crescentes demandas do mercado para a carne brasileira. É resultado de uma ampla convergência entre varejistas, frigoríficos e sociedade civil para equilibrar os anseios de proteção dos recursos naturais e dos direitos humanos em relação às realidades da produção no campo. Nosso intuito é que tenha adesão crescente das empresas da cadeia pecuária, promovendo mudanças nas práticas do setor nesse bioma específico e até no país”, afirma Isabella Freire, diretora executiva da Proforest.

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