Morre Paulo Totti, que dizia que jornalismo era sua cachaça, aos 85 anos

Paulo Totti era um jornalista que amava a precisão. Por isso, se não tivesse morrido na sexta-feira, 26, aos 85 anos, em Salvador, faria uma correção nos obituários. Todos, uns copiando aos outros, publicaram que faleceu com 86 anos, o que não é vero. Pois, se nasceu em 10 de maio de 1938, só faria 86 anos daqui a alguns dias.

Gaúcho de Veranópolis, Paulo Totti trabalhou em Passo Fundo (aos 14 anos) e, na “Folha da Manhã”, em Porto Alegre. O repórter (editor, afinal, é cargo — não é profissão) dizia que o jornalismo era sua “cachaça”.

Em 1968, ao lado de Mino Carta e de dezenas de outros jornalistas, Paulo Totti ajudou a fundar a revista “Veja”, uma veterana de 56 anos.

Na “Gazeta Mercantil”, jornal de economia de alta qualidade (espécie de “pai” do “Valor Econômico”), Paulo Totti foi quase tudo (exceto dono e office-boy). Como correspondente, enviou reportagens exclusivas para a “Gazeta” a partir de três capitais — Buenos Aires, Washington e Cidade do México.

De acordo com Cynthia Malta, do “Valor Econômico”, citando o jornalista Matías M. Molina (ex-editor-chefe da “Gazeta”), o “trabalho” de Paulo Totti “na capital argentina foi tão importante que autoridades e empresários argentinos passaram a ler a ‘Gazeta’ para saber o que escrevia sobre a Argentina”.

Matías Molina apreciava editar as reportagens bem-feitas de Paulo Totti. Numa delas, colocou o título de “De noche, a media luz”. Lá da terra de Oliverio Girondo e Silvina Ocampo, o repórter aprovou a criatividade… em espanhol.

Jornalista requisitado pelo mercado, dado ao talento para apurar e uma escrita de primeira linha, Paulo Totti trabalhou também no “Última Hora”, no “Jornal do Brasil”, em “O Globo” e, como repórter especial, no “Valor Econômico”.

No “Valor”, por uma série de reportagens — “China, o império globalizado”, de 2007 —, Paulo Totti ganhou o Prêmio Esso.

“Paulo Totti gostava de viver”

A jornalista Sueli Caldas disse que, além de repórter brilhante, Paulo Totti era um grande formador de jornalistas. Era “um chefe generoso e carinhoso, sempre disposto a ensinar como apurar e escrever uma história”, assinala Cynthia Malta.

“Totti gostava de viver”, afirma Sueli Caldas. Por isso, nos últimos tempos, morava na Bahia, nas proximidades de uma praia — que frequentava diariamente.

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