Câmara aprova reconhecimento de corrida de rua como Patrimônio Cultural de Goiânia

A Câmara Municipal de Goiânia aprovou o projeto de lei (PL404/2023) para instituir a corrida de rua como Patrimônio Cultural Imaterial de Goiânia. Além de reconhecer e de dar voz aos corredores de rua, a proposta também busca estimular realização de eventos esportivos na capital. Aprovado na última quarta-feira, 8, o texto foi para a sanção do Prefeito Rogério Cruz (Solidariedade).

A cidade é conhecida por sediar diversos eventos esportivos neste segmento, como a Meia Maratona de Goiânia. Outras provas, a exemplo o Circuito Goiânia 5 k, a Maratona Internacional de Goiânia e a Corrida Sesi Trabalhador também atraem grande público.

Letícia Monteiro é professora do grupo de corrida do Sesi Ferreira Pacheco e avalia que muitas pessoas têm aderido a esse esporte. A profissional destaca a busca pelo emagrecimento, o que na corrida é mais evidente do que em outras atividades, como musculação e funcional, e outras modalidades esportivas.

“Não que esses esportes não promovam o emagrecimento, mas a corrida, diferentemente deles, apresenta resultados mais rápidos e palpáveis”, frisa. Além de observar as medidas indo embora, Letícia explica que também é possível ver a evolução gradual do praticante. “Aqueles que antes só caminhavam começam a dar seus primeiros trotes, posteriormente conseguem sustentar o trote por mais tempo, até alcançarem uma corrida constante”, pontua.

Mais gente, mais corridas

A corrida de rua, uma das atividades físicas mais antigas e populares, continua atraindo novos adeptos. Dados da Tickets Sports, a maior plataforma de venda de inscrições para eventos esportivos no Brasil, revelam um aumento significativo na realização dessas corridas nos últimos anos. Em 2022, foram realizadas 1.181 corridas em todo o país. Já em 2023, esse número saltou para 1.421, representando um aumento de 20%.

Eduarda Arantes, organizadora da maratona Goiânia em Movimento, disse que o esporte teve um boom antes da pandemia, seguida por uma queda acentuada. “Ao visualizar o contexto do esporte no Brasil, esta diminuição se deve ao efeito pós-pandêmico, onde inúmeros corredores morreram e ficamos quase 2 anos sem eventos. O número tende a aumentar a partir de 2024, com a volta de corredores acima de 40 anos, quebrando recordes e fomentando a vinda de novos atletas”, avalia.

Para Letícia Monteiro, o aumento das corridas de rua se deve a diversos fatores. “Talvez o mais importante seja o fato de a corrida ser um esporte democrático, no sentido de ser acessível à participação”, destaca. Para correr na rua, não é necesário nenhum aparato, não é preciso nenhum local ou vestimenta específica para sair correndo, ao contrário de esportes que demandam um espaço específico como quadra, campo e piscina, e acessórios adequados (tênis/chuteira, raquete, touca, etc).

Letícia Monteiro, professora do grupo de corrida do Sesi Ferreira Pacheco | Foto: Divulgação

Benefícios da corrida para a saúde

Estudos relacionados aow tema sugerem uma correlação positiva entre a prática de atividades aeróbias e melhorias na saúde geral e qualidade de vida. Uma pesquisa da Unicruz apontou como resultado os benefícios para a qualidade de vida dos praticantes da corrida, com melhorias do condicionamento físico, na autoestima e no controle do peso, fato que tende a repercutir na saúde e bem-estar desses indivíduos.

A corrida é reconhecida socialmente como um excelente exercício físico. “Ela é capaz de melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, regular triglicérides, colesterol e pressão arterial. Contribui para o aumento do gasto calórico, a prevenção de doenças, a melhora da autoestima, o aprimoramento do sono e o melhoramento do humor”, pontua Letícia Monteiro.

Aliado ao resultado estético, a professora destaca também o bem-estar psicológico. Como a sociedade tem sido cada vez mais acometida por doenças psicológicas, como depressão e ansiedade, o fato da corrida de rua colaborar na promoção do bem-estar psicológico faz com que cada vez mais pessoas busquem essa prática.

“Há vantagens, como a socialização, principalmente nas provas. O pré e pós-prova são momentos muito propícios para a socialização; pessoas que nunca se viram conversam como se fossem melhores amigos”, explica a professora de corrida. “Mesmo que o “atleta” corra sozinho em um parque, sempre haverá outras pessoas lá fazendo o mesmo trajeto, e estas acabarão se cumprimentando ou, às vezes, até correndo juntas”, complementa, ao relatar as experiências próprias de colegas da corrida.

“É um momento único, a sensação de liberdade, de ser o seu momento, de ser o único lugar em que se pode chorar. É fantástico, é um mundo mágico”, diz Eduarda Arantes. Ela conta que foi pioneira na organização da Primeira Meia Maratona, em 2009, e a Primeira Maratona, em 2012.

Eduarda Arantes, organizadora do Goiânia em Movimento | Foto: Arquivo

Os resultados da pesquisa da Unicruz revelam que mais da metade da amostra (60%) desenvolve este hábito [corrrida de rua] em período que varia de 3 a 5 anos. Outros 25% dos corredores indicaram participar de corridas de rua num tempo de 5 anos ou mais, enquanto que os demais 15% mencionam o tempo de 1 a 3 anos.

A primeira pergunta do questionário indagou os participantes em relação aos fatores que os motivaram a iniciar as corridas de rua. A figura 1 apresenta as respostas indicadas pelos entrevistados, os quais poderiam apontar mais de um fator. Os fatores elencados pelos participantes foram divididos em categorias considerando as semelhanças das respostas. Veja abaixo.

Gráfico com motivos que levaram entrevistados a correrem nas ruas | Foto: Arquivo

Os resultados obtidos evidenciam que os benefícios para a qualidade de vida dos participantes referem-se ao aprimoramento do condicionamento físico e da autoestima, além do controle do peso corporal, redução do estresse e a melhoria da saúde. No que diz respeito a frequência semanal de treinamentos, observou-se que a maioria dos entrevistados relatou praticar as corridas durante 3 ou mais vezes na semana.

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