A popularidade das Forças Armadas e a sociedade brasileira

Ao fim do regime militar, houve uma intensa movimentação nos setores brasileiros de esquerda para desacreditar as Forças Armadas perante a sociedade. Era preciso no futuro evitar ações dos militares, sempre um perigo para os avanços marxistas.

Junto aos ideólogos da esquerda, que desfecharam o ataque, estavam os principais órgãos de comunicação, com suas redações dominadas pelos militantes. Como forças auxiliares vinham o meio acadêmico e a igreja marxista da Teologia da Libertação.

Desde 1985 até 2022, em quase quatro décadas portanto, o bombardeio sobre as Forças Armadas foi intenso. Foram tachadas de golpistas, quando o que fizeram foi atender ao apelo populacional contra a marcha de João Goulart rumo a uma república sindicalista, alinhada à URSS, China e Cuba. Era a época em que a Guerra Fria ameaçava uma Terceira Guerra Mundial.

As FFAA foram batizadas de torturadoras e responsáveis por excessos na guerra interna que se travava, mas eram os guerrilheiros financiados pela URSS e treinados em Cuba quem assaltava bancos, sequestrava diplomatas estrangeiros, tomava aviões cheios de inocentes e os desviava para Cuba.

E pior, os terroristas punham bombas, matavam seguranças desarmados, atacavam quarteis e assassinavam os próprios companheiros suspeitos de traição. Eram os “anos de chumbo”, mas o chumbo era importado de Cuba e os importadores, ou melhor, os contrabandistas eram as esquerdas.

Institui-se uma Comissão da Verdade, que de verdade não tinha a metade, formada apenas por esquerdistas ávidos de revanche pela esmagadora derrota sofrida e de dinheiro público, que veio numa farra de indenizações às custas dos pobres pagadores de impostos.

Os militares foram acusados de querer o eterno poder, quando a Abertura política foi obra do presidente Ernesto Geisel e era abominada pelas esquerdas, cujo sonho dourado era substituir o regime militar por uma “ditadura do proletariado” nos moldes cubanos.

As esquerdas se calaram sobre como os militares colocaram ordem na casa, eliminaram a corrupção, promoveram o crescimento econômico (vide o “milagre brasileiro”) e não enriqueceram no poder, como viriam a fazer todos os presidentes de esquerda. Esconderam que um dos presidentes mais populares de nossa história foi o general Emilio Garrastazu Médici.

A esquerda brasileira bateu quase quarenta anos nas Forças Armadas, principalmente por meio da imprensa e de seus redatores militantes, e mais uma vez foi derrotada.

As Forças Armadas surgiam, a cada pesquisa de confiabilidade que se fazia, nessas décadas, como as instituições mais confiáveis da República. E a extrema esquerda enlouquecia de ódio. 

As pesquisas estão por aí, esparsas pelos arquivos e os exemplos estão à disposição de quem buscá-los pela internet.

Três casos, entre muitos: em 1995, o Instituto Vox Populi mostrava que 65% da população considerava as FFAA a instituição brasileira mais confiável; em 2008 a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) mostrava a mesma coisa em pesquisa, e essa porcentagem agora estava em 75%; em 2015, era a vez da Fundação Getúlio Vargas, também em pesquisa popular, apurar que 68% da população brasileira mantinha a opinião dos anos anteriores.

Nada mais frustrante para os esquerdistas radicais dessa nossa pátria e seus líderes de fancaria, como José Dirceu. Mas não se pode negar que houve, na última mudança de governo, um desgaste das FFAA perante a opinião pública. O brasileiro mais esclarecido, o que responde com coerência a uma pesquisa feita por um instituto sério, teve uma percepção de que deslizes foram cometidos por oficiais graduados das três forças.

Recuo da popularidade das Forças Armadas

A revista “Veja” mostrou que, se em dezembro de 2022, 43% dos brasileiros confiavam muito nas Forças Armadas, em agosto de 2023 esse índice havia caído para 33%, um recuo apreciável. Arriscamo-nos a apontar alguns dos motivos para tal.

1

A participação de oficiais graduados do Exército na prisão em massa nas portas dos quartéis. Se houve reação por parte de alguns comandantes, que se recusaram a cumprir a ordem ilegal do STF, vale dizer, do ministro Alexandre de Moraes, por ser eivada de falhas jurídicas, por outro lado, ela acabou sendo acatada pelo então comandante do Planalto, e mais de um milhar de manifestantes foi preso sob a alegação de tentativa de golpe de Estado, quando na verdade tudo não passou de uma baderna, uma depredação de próprios públicos, num episódio que talvez nunca seja devidamente esclarecido.

Como bem mostrou o jornalista J.R. Guzzo, na edição 196 (dezembro de 2023) da “Revista Oeste”, os cidadãos foram presos e mantidos na prisão sem julgamento e sem culpa formada, com sua defesa cerceada, e estão sendo julgados no STF sem que tenham foro privilegiado. E idosas e idosos, sem antecedentes criminais, têm recebido penas que nem homicidas, latrocidas, estupradores e traficantes colhem na justiça brasileira. Algo difícil de se aceitar sem revolta.

Se os excessos do STF vinham se repetindo, e não mais constituíam novidade, para a sociedade brasileira a participação do Exército num episódio deprimente como esse foi uma surpresa das mais decepcionantes.

2

A falta de reação dos comandos a ilegalidades praticadas contra oficiais, alguns da ativa, também surpreendeu os brasileiros que sempre admiraram as FFAA.

O caso do ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid é bem representativo. Ele não poderia ter sido preso, a não ser em flagrante de delito, mas o foi, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, e seus comandantes aceitaram a ilegalidade. Fez acordo de delação, e, como publicou a revista “Veja”, foi coagido pela Polícia Federal (polícia a serviço de Lula da Silva, no dizer do ministro Flavio Dino) a dizer o que queriam que dissesse, sob ameaça. Por ter revelado isso a amigos, foi preso novamente. Pode-se dizer que teve a carreira destruída e a vida familiar revirada.

E seus companheiros de farda? Seus comandantes, principalmente, o que fazem? Moveram uma palha em sua defesa? Fizeram como o presidente Castelo Branco, quando alguns mais afoitos, na queda de João Goulart quiseram punir seus ajudantes de ordens, e ele se opôs, alegando que eram jovens oficiais cumprindo ordens de um presidente da República e na maioria das vezes desconheciam as motivações do que lhes ordenavam? Não.

O que fizeram foi retirar Mauro Cid das listas de promoção, embora ele não tenha recebido nenhuma condenação. No entender daqueles que, mesmo civis, se sentiram sempre próximos das Forças Armadas, Mauro Cid é um soldado que, ferido e caído no campo de batalha, não recebeu mais que um olhar de soslaio dos que ombreavam com ele, e foi abandonado por seus comandantes que corriam para salvar a própria pele, enquanto ele se esvaía. Algo mortal, para o prestígio da Força.

E que não se iludam os militares: se sua credibilidade ainda é alta na sociedade brasileira, apesar do pequeno recuo, que soa como um amuo conjugal e não mais que isso, o verdadeiro ódio que as esquerdas devotam às Forças Armadas em nenhum momento arrefeceu o mínimo que seja. Elas querem as FFAA caladas, diminuídas, se possível anuladas e substituídas por uma Guarda Nacional submetida à vontade política de um comissariado partidário. É o desejo delas, de todas elas, desde a cor-de-rosa até a vermelho vivo.

O post A popularidade das Forças Armadas e a sociedade brasileira apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.