Entenda como funcionam as turbulências que deixaram dezenas de feridos na última semana

Na últimas semanas, casos de turbulências em aeronaves de grande porte chamaram a atenção em todo o mundo. Aparentemente mais fortes que o normal, esses casos se destacaram, pois possuem dezenas de feridos e até uma vítima fatal.

Na última terça-feira, 21, o voo SQ321 da Singapore Airlines, que saiu de Londres rumo a Singapura, precisou fazer um pouso de emergência em Bangkok com quase 30 feridos e um morto. A causa apontada foram fortes turbulências.

Qatar Airways

Neste domingo, 26, o voo QR107 da Qatar Airways, que ia de Doha (capital do Catar) para Dublin (Irlanda), após sofrer com forte turbulências. Informações disponibilizadas pela companhia aérea mostram que seis passageiros e seis tripulantes sofreram ferimentos. O avião chegou ao destino, mas já foi recebido pelas equipes de resgate.  

O Jornal Opção conversou com o especialista em tráfego aéreo, professor Raul Francé, a fim de entender um pouco melhor a especificidades do fenômeno que causou esses acidentes.

As turbulências

Sobre uma maior intensidade dos fenômenos aéreos, Francé afirma: “Eu não sei se as turbulências estão ficando mais fortes”. Apesar das mudanças climáticas em andamento em todo o globo, o especialista afirma que ainda não existem estudos científicos confiáveis que liguem um evento ao outro.

Quando questionado sobre os casos específicos da Qatar Airways e da Singapore Airlines, Francé menciona os diferentes tipos de turbulência que ocorrem. “Eu creio que o que aconteceu foi uma turbulência que não tem nada haver com nuvens”, afirmou.

Provavelmente, afirma, trata-se de uma Turbulência de Céu Claro. Nessas ocorrências, são correntes de vento em altitudes elevadas a causa das perturbações nas aeronaves. O principal problema, segundo o professor, é que essas turbulências “não podem ser detectadas pelo radar”.

Como a maioria dos radares presentes em aeronaves comerciais se preocupa com as turbulências ligadas às nuvens e mudanças climatológicas em menores altitudes (que são mais frequentes), o processo de rastreamento das correntes de ar responsáveis pelas turbulências de Céu Claro requer técnica separada.

Francé explica que existem ‘cartas de vento’ que mostram a presença das correntes de ar por altitude, mas esse procedimento não está vinculado aos radares mais comuns, precisando ser feito à parte.

Mesmo que sejam mais raras e mais difíceis de se prever, as turbulências de Céu Claro existem. Apesar de não causarem danos externos à aeronave, é possível que a movimentação no interior do avião seja intensa e deixe feridos. Para os passageiros, as recomendações seguem as mesmas: “manter os cintos de segurança afivelados”.

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