Operação da PF e seus futuros desdobramentos podem redesenhar cenário político goianiense

Ex-ministro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apoiador declarado de Ciro Gomes (PDT) nas campanhas presidenciais das quais o ex-governador cearense participou, o filósofo Roberto Mangabeira Unger planeja entrar com um habeas corpus preventivo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para assegurar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não seja preso. A preocupação – e a movimentação que a acompanha – é perfeitamente compreensível: circula nos bastidores da política uma quase certeza de que a Polícia Federal (PF), que deflagrou uma megaoperação recentemente tendo como alvo figurões ligados ao PL, vai pedir a prisão de Bolsonaro, podendo isso ser apenas uma questão de tempo.

Uma prisão da figura mais proeminente do PL em um ano eleitoral pode ter impactos gigantescos nas articulações políticas. Mesmo em eleições municipais, como a deste ano. É preciso destacar que, no caso da capital goiana, cada passo dado na movimentação rumo ao Paço Municipal passa por Bolsonaro e o senador Wilder Morais, presidente estadual do partido, sem contar no palanque que os membros da legenda esperam contar.

Em um contexto específico de candidatura em Goiânia, com a possibilidade de Bolsonaro ficar fora do jogo durante um período crucial como a pré-campanha e a campanha propriamente dita, o nome que deve representar o PL na capital pode ter que repensar sua estratégia.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL) é a figura que deve disputar pelo grupo, se valendo ao máximo do palanque e legado bolsonaristas na cidade. Porém, em um cenário hipotético (mas presumível) do líder mais emblemático de sua legenda estar preso, é provável que o pré-candidato fortaleça ainda mais o discurso de “perseguição política” e se prepare para passar uma boa parte de sua campanha usando seu tempo e espaço mais defendendo a si e ao ex-presidente dos ataques e críticas de opositores em relação aos eventos envolvendo a PF, do que explanando seus planos e propostas para a Prefeitura de Goiânia.

Já em um contexto mais abrangente, a situação que se desenha é a de um PL tendo de equilibrar as articulações políticas com as jurídicas, em um momento crítico tanto para o partido quanto para as conversas que ele tem amadurecido com outras siglas para as eleições deste ano.

O quadro em questão nasce com a chegada do “fator PF”, que acabou virando um fato político que deve ser usado de forma massiva por petistas e nomes da esquerda, em Goiânia e no resto do País, contra o PL ao longo do desenrolar do pleito de 2024. Isso porque uma das alegações da Polícia Federal na operação Tempus Veritatis (que, inclusive, levou à prisão do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto) é de que a estrutura da legenda era usada para a elaboração de uma minuta golpista e a disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, transformando a sigla numa espécie de “QG do golpe.”

Logo após a operação da PF, o senador petista Humberto Costa chegou a enviar um ofício à Procuradoria-Geral da República pedindo que fosse movida uma Ação de Cassação de Registro Eleitoral do PL no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso sejam comprovados os ilícitos e atos criminosos eventualmente praticados.

Mesmo que essa ação nasça, é altamente improvável que gere qualquer efeito sobre o PL. Porém, que o fato político como arma para adversários do PL nos municípios está dada, isso está.

O cenário político em Goiânia e em muitas das capitais brasileiras ainda está ganhando forma, mas com a operação da PF e os futuros desdobramentos dela, o curso dos acontecimentos deve acontecer em um imprevisível e profundo caos.

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