Entenda por que Daniel Vilela não trocará o governo de Goiás pela Prefeitura de Goiânia

A debacle do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), pode ter começado não por causa de problemas administrativos, e sim por ter afastado o grupo de Maguito Vilela do Paço Municipal. Para os políticos soou como falta de compromisso com aqueles que o bancaram. A população pode ter visto como ingratidão.

Posto isto, uma pergunta é válida: o vice-governador Daniel Vilela, do MDB, pode ser candidato a prefeito de Goiânia, em 6 de outubro, daqui a sete meses? Se disputar, teria, entre outros, o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil.

De cara, Daniel Vilela sairia como favorito. Vale lembrar que, em 2020, seu pai, e não Rogério Cruz, foi eleito para prefeito. O sobrenome Vilela teria — tem — força eleitoral na capital.

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Mas, quando se examina a política, é preciso ficar atento à lógica e ao realismo. Portanto, cabe a pergunta crucial: por que, se pode ser governador de Goiás — um posto bem acima do de prefeito de Goiânia, ou seja, um avanço político e administrativo —, Daniel Vilela seria candidato a prefeito da capital? Há lógica nisto? Nenhuma. Afinal, ele já é vice-governador.

Se for candidato em Goiânia, daqui a sete meses, certamente seria eleito e, com certeza, teria de ir à reeleição, em 2028. Ou seja, seu projeto de ser governador seria retardado, ficando, quem sabe, para 2034, quando terá 51 anos.

Como se sabe, Ronaldo Caiado vai deixar o governo nos primeiros dias de abril de 2026, daqui a dois anos e um mês. Há quem especule que pode sair até antes, talvez em janeiro de 2026, daqui a um ano e dez meses.

Governador Ronaldo Caiado. Foto Leoiran
Ronaldo Caiado: governador de Goiás | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Daniel Vilela, portanto, assumirá o governo e estará no poder por nove meses. Como os políticos sabem, nove meses valem mais do que quatro anos na Prefeitura de Goiânia e, de cara, colocarão o jovem político na história de Goiás — como governador.

No poder, contando com o apoio de Ronaldo Caiado, além de uma frente política ampla, Daniel Vilela tem chance de ser reeleito. Fala-se em dois candidatos de oposição para 2026 — o senador Wilder Morais, do PL, e o ex-governador Marconi Perillo, do PSDB.

Hábil, Wilder Morais tem de dizer mesmo que será candidato a governador em 2026, até para se fortalecer, inclusive juntos aos candidatos a prefeito de sua base política — que é pequena. Mas, se perceber, em 2026, que o jogo não é favorável, o senador poderá apoiar a reeleição de Daniel Vilela e se resguardar para a disputa de 2030 — quando o emedebista não poderá ser candidato à reeleição (se tiver sido reeleito em 2026). O quadro de 2030, sem Daniel Vilela e Ronaldo Caiado no jogo, é de vácuo total. Não há grandes nomes consolidados para a disputa daquele ano.

Marconi Perillo não é, claro, nenhuma galinha morta, mas vem de dois revezes consecutivos, ambos para senador, derivados de sua imensa rejeição. Em 2026, o bom senso sugere que dispute mandato de deputado federal. Porém, se for a govenador, será o “melhor” adversário para Daniel Vilela, que poderá se apresentar como o “presente” (e futuro) contra um “passado problemático”.

Então, se o jogo para Daniel Vilela é o mais positivo possível — disputar o governo estando no governo —, por que trocar doze por meia dúzia? Ou seja, por que trocar a possibilidade de assumir o governo de Goiás por quatro anos (2027 a 2030) e nove meses (2026) pela Prefeitura de Goiânia? Pela lógica, o líder do MDB ficará com a disputa do governo, em 2026.

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Há a questão de que a base governista terá um candidato a prefeito de Goiânia, que será escolhido tanto por Ronaldo Caiado quanto por Daniel Vilela. Com o apoio dos dois, que são as principais lideranças políticas de Goiás, o candidato terá chance de ser eleito. Ou seja, se forjará uma nova liderança na capital que, em 2026, poderá contribuir com Ronaldo Caiado, na disputa para a Presidência da República, e Daniel Vilela, na disputa pelo governo do Estado.

Se candidatar a prefeito de Goiânia, Daniel Vilela estará retirando o espaço de uma nova liderança, ou mesmo de uma liderança consolidada na capital.

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No governo do Estado, ao assumir em abril de 2026, uma das missões de Daniel Vilela será coordenar, como líder político e aliado, a campanha de Ronaldo Caiado para presidente em Goiás e, talvez, até no Centro Oeste.

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Ao assumir em abril de 2026, Daniel Vilela, além de apostar na modernização continuada, terá o papel de defender o legado de Ronaldo Caiado.

O legado do governador Ronaldo Caiado tem a ver com modernização política, administrativa e até dos costumes (a moralização da coisa pública). Daniel Vilela, que tende a representar a renovação, até por ser jovem, parece ser o símbolo dos hábitos saudáveis na política e na gestão de Goiás. Como é Ronaldo Caiado.

Então, a lógica e o realismo mandam o seguinte recado para os políticos: Daniel Vilela será candidato a governador em 2026 — e não a prefeito em 2024. (E.F.B.)

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