Eleição em Goiânia: 5 problemas que os candidatos à Prefeitura devem abordar se quiserem ser ouvidos pelos eleitores 

A oito meses da votação que vai decidir o novo (ou nova) prefeito de Goiânia, pré-candidatos começam a se movimentar para consolidar seus nomes junto às suas siglas e também construir o discurso que será usado durante a campanha eleitoral. Apesar de o cenário ainda se mostrar nebuloso quando falamos dos nomes que estarão na corrida ao Paço Municipal (ainda não temos, por exemplo, nem a definição concreta do nome a ser apoiado pelo governador, apesar de fortes indicativos), alguns fatores já estão mais do que estabelecidos, tais quais as prioridades da capital que precisam ser incluídas nos debates e propostas dos prefeitáveis. 

A disputa, sem dúvida alguma, entrará para a história de Goiânia como uma das mais acirradas e polarizadas. Quanto a isso, leva-se em consideração, sobretudo, o quão resolutivos serão os candidatos em pontos-chave do atual contexto da cidade. De forma incontestável, os candidatos podem acertar em cheio os ânimos dos eleitores se souberem bem o que trabalhar.

Abaixo, o Jornal Opção lista cinco questões emblemáticas de Goiânia que precisam fazer parte dos discursos dos candidatos – independentemente de seu partido ou posicionamento ideológico, sob risco de serem tachados de despreparados e apartados da realidade. 

1. Lixo 

Essa deve ser, seguramente, uma das questões mais importantes e complexas da cidade de Goiânia atualmente. A população urge por um gestor que dê fim, em definitivo, ao problema da coleta de lixo no município, ou ao menos o amenize a ponto de se tornar sustentável.  

As falhas na coleta de lixo também são, indubitavelmente, um dos calcanhares de Aquiles de Rogério Cruz, que deve pleitear (ou será que não?) a reeleição. No ano passado, a cidade enfrentou um período de semanas a fio sem coleta de lixo, com pilhas de descartes se amontoando em praticamente todos os cantos e ruas. A própria Comurg chegou a admitir não ter condições de fazer a coleta em Goiânia, devido à grande demanda, fato que fez com que o Município entrasse em uma corrida quase desesperada para terceirizar o serviço. 

Mas será essa, de fato, a solução para o problema? Caberá aos candidatos ao Paço responderem, com altas chances de ser “coroado” aquele que apresentar a resposta mais viável e tecnicamente executável para essa questão. 

Acumo de lixo em Goiania
Liuxo em Goiânia | Foto: Leoiran / Jornal Opção

2. Mobilidade 

Esse é outro ponto que com certeza estará nas tribunas eleitorais neste ano. É fato que o crescimento desenfreado e, em partes, desestruturado, acarretou problemas no que tange à mobilidade na capital. Trechos importantes de vias que se afunilam em horários de pico a ponto de se tornarem caóticos e intransitáveis; falta de integração de ciclovias, com trechos que nascem do nada e desaguam em lugar nenhum, até sincronia questionável de semáforos em pontos críticos da cidade: são vários os embaraços que precisam ser abordados pelos candidatos, juntamente com propostas viáveis para cada um deles.  

Isso sem contar a questão do transporte público, que parece já ter se tornado um tabu eterno quando se fala em mobilidade urbana. A Prefeitura de Goiânia dá ênfase ao fato de ser a única capital brasileira a manter o mesmo valor da passagem de ônibus, de R$ 4,30, desde 2019. Conforme o Paço, o congelamento é fruto do diálogo “da administração municipal com outras prefeituras e com o Governo de Goiás para subsídio tarifário do transporte coletivo metropolitano”. 

Porém, é preciso, além de manter o preço estável, entregar um serviço que o justifique. Mesmo com melhoras em termos de frota, há de se admitir, cenas de verdadeiras multidões se acotovelando e se espremendo em ônibus atrasados em terminais com estrutura precária ainda são comuns.  

Terão, os prefeitáveis deste ano, soluções concretas para esse cenário? 

Terminal de ônibus lotado em Goiânia | Foto: Danilo Bueno

3. Educação básica 

O problema da falta de vagas em creches, Cmeis e escolas municipais é antigo, mas parece estar se agravando. Na última semana, centenas de mães e pais procuraram a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) em busca de um intermédio efetivo para conseguirem uma vaga para seus filhos. 

Conforme o coordenador do Núcleo Especializado de Atendimento Extrajudicial (NAE), defensor público Bruno Malta, a DPE está requerendo as vagas, em um primeiro momento, de forma extrajudicial, na busca por uma solução mais rápida. Porém, não sendo as demandas atendidas, os pedidos serão todos judicializados. 

A falta de vagas nessas instituições municipais implica em crianças em casa, longe da educação na primeira infância. E isso, automaticamente, implica em mães tendo de deixar seus empregos para cuidarem dos filhos. O “conjunto da obra” resulta em mais desemprego, menos renda e mais crianças sem ensino. 

A solução para esse problema é desafiadora e ansiada pela população, sobretudo a mais carente. E competirá aos candidatos contar, desde agora, com um plano para resolver uma situação que será cobrada de maneira contínua pelo goianiense. 

Foto: Reprodução

4. Drenagem urbana 

Entra ano, sai ano, o problema dos alagamentos em Goiânia durante os períodos chuvosos é presente e quase intrínseco no município. E em praticamente todas as gestões, surgem projetos mirabolantes e propostas que prometem resolver a questão, mas que acabam não progredindo ou não sendo suficientes para estancar de vez a sangria das enchentes e alagamentos em vários pontos da cidade. 

No início do ano passado, a Prefeitura de Goiânia e a Universidade Federal de Goiás (UFG) assinaram um protocolo de intenções para criar um convênio que prevê a elaboração de propostas para o Plano Diretor de Drenagem Urbana do Município. Será a partir desse protocolo que, segundo a universidade, serão criadas as condições para que pesquisadores “utilizem do conhecimento técnico e científico voltados para o planejamento urbano e subsidiem a elaboração da nova política pública de drenagem urbana de Goiânia”. 

Porém, vale lembrar que estamos em um ano eleitoral e não é possível saber qual será a prioridade dada a esse projeto, tanto por parte da atual gestão quanto pela próxima. O “termômetro” pode ser justamente o nível de importância que os candidatos ao Paço darão à questão da drenagem urbana. 

Alagamento em Goiânia | Foto: reprodução

5. Saúde 

Essa é, provavelmente, umas das áreas mais problemáticas e complexas, e com urgência de solução, atualmente. As falhas na saúde se ramificaram, no último ano, em vários setores e instituições: problemas no pagamento da Prefeitura à fundação que administra as maternidades municipais, resultando em falta de insumos e equipamentos e ameaças constantes de paralisação; problemas no atendimento pelo Imas, situação em que servidores públicos denunciaram estar em dias com o pagamento ao instituto, mas não estavam recebendo atendimento; falta de médicos e medicamentos e estruturas precárias em Cais, UPAs e postos de saúde, além da alta já prevista de casos de doenças como Covid-19 e dengue, fato que tem provocado um aumento considerável na demanda da população pelas unidades de saúde. 

Os candidatos à Prefeitura de Goiânia terão em suas mãos o desafio de propor soluções definitivas para problemas na saúde que têm sido somente amenizados e arrastados nos últimos anos (ou últimas décadas). E em uma época de “despertar político” e democratização da informação, não será fácil convencer o eleitor de que as propostas ali colocadas não serão, dessa vez, apenas promessas vazias para se ganhar uma eleição. 

Funcionários cobram repasses para que atendimentos eletivos retomem à normalidade | Foto: Raphael Bezerra/Jornal Opção

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