Com o envio do substitutivo ainda nesta terça-feira, 20, a tramitação do projeto do empréstimo de R$ 710 milhões será reiniciada na Câmara Municipal de Goiânia. Por isso, a matéria deve demorar mais tempo para ser aprovada no Legislativo e os valores podem ser utilizados apenas pela próxima gestão. Além da aprovação, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) também deve enfrentar outros entraves burocráticos para liberar o pedido.
Por exemplo, em 2019, o então prefeito Iris Rezende (MDB) demorou um ano e meio para conseguir a liberação de um empréstimo. Lembrando que na época ele não teve um percurso complicado na Câmara Municipal. A atual solicitação está na Casa desde novembro do ano passado, e com inúmeras reviravoltas, ele ainda não foi aprovado.
Para o vereador Pedro Azulão Jr. (PSB), um dos membros mais vocais da base do prefeito, o uso do empréstimo apenas na próxima gestão não seria um problema. O parlamentar ainda cita que Cruz foi beneficiado com os valores do empréstimo solicitado por Rezende.
“O Rogério foi contemplado por um empréstimo solicitado pelo Iris e conseguiu dar andamento em diversas pautas em Goiânia. Então, o próximo prefeito, quem sabe pode ser o próprio Rogério mesmo, já vai entrar na administração municipal com o caixa favorável. O dinheiro não é para a atual gestão, mas para a Prefeitura de Goiânia”, justifica o parlamentar, em entrevista para o Jornal Opção.
No mesmo sentido, o presidente da Comissão de Finanças, Orçamento e Economia (CFOE), Léo José (sem partido), considera a matéria crucial para pendências na capital. “Esse empréstimo é de extrema relevância para obras já iniciadas, licitadas e que ainda devem começar, principalmente envolvendo drenagem. (…) É vital para a Prefeitura, você pode notar que o prefeito vem fazendo enfrentamentos em ano eleito, ele não está muito preocupado com a reeleição, mas em colocar a cidade para funcionar”, justifica.
Por outro lado, presidente da comissão de Finanças deixa claro que é necessário seguir todas recomendações do Ministério Público de Goiás (MPGO). “O ‘staff’ do Rogério deixa um pouco a desejar às vezes na parte técnica, articulação política e em outros pontos específicos. (…) Precisamos de clareza no texto para podermos realizar o nosso papel fiscalizador a respeito do uso das linhas de crédito”, explica.
Segundo a vereadora Kátia Maria, o empréstimo reflete um momento “grave” da Prefeitura de Goiânia. Ela justifica que existem recursos municipais suficientes, mas que não estão sendo usados de forma adequada. Além de considerar o empréstimo inadequado para a saúde financeira da capital.
“Na minha concepção não é só um problema financeiro, mas é de gestão porque o recurso existe e está sendo utilizado de forma inadequada. Fazer um empréstimo dessa magnitude na véspera da eleição, com dois anos para a próxima gestão iniciar a quitação, não é uma ação adequada”, argumenta a petista.
Para a vereadora Aava Santiago (PSDB) não há prazo hábil para conseguir a aprovação e uso do empréstimo. Segundo a tucana, as condições são “extremamente desfavoráveis” para o prefeito. “Na melhor das hipóteses, o dinheiro ficaria parado na conta da Prefeitura pagando juros, já ele não poderia ser gasto durante a eleição”, conta.
A parlamentar também garantiu ao Jornal Opção entrará com um novo recurso no MPGO, caso o substitutivo não contenha todas as adequações necessárias.
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