Entenda protestos de agricultores europeus que paralisam continente

Protestos de agricultores estão ocorrendo em toda a União Européia, com bloqueios de ruas utilizando tratores, fechamentos de portos e até mesmo atirando ovos no Parlamento Europeu. Os motivos dos protestos incluem uma ampla gama de reclamações, desde regulamentações ambientais até burocracia excessiva. Embora a França tenha testemunhado alguns dos protestos mais intensos, ações semelhantes estão ocorrendo em vários países, incluindo Itália, Espanha, Romênia, Polônia, Grécia, Alemanha, Portugal e Países Baixos.

Segundo a conselheira do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Roberta Zuge, o Brasil está no foco das principais reivindicações dos manifestantes. “A preocupação com os custos associados à adaptação às exigências ambientais do Pacto de Transição Ecológica da União Europeia, segundo os agricultores, cria uma competição desigual em relação aos produtos de países não sujeitos às mesmas exigências”, afirmou.

Na Bélgica, agricultores realizaram uma manifestação em frente ao consulado geral do Brasil para protestar contra as importações brasileiras, que consideram uma concorrência desleal devido às restrições que enfrentam. Eles estão percorrendo o país com seus tratores e bloqueando estradas.

Embora a revolta em relação às políticas econômicas, regulamentares e ambientais una muitos dos protestos, também existem reclamações específicas de cada país. Os agricultores em todo o bloco estão enfrentando aumentos nos custos de energia, fertilizantes e transporte, especialmente após a guerra na Ucrânia.

Os governos também estão tentando lidar com o aumento dos preços dos alimentos em meio à inflação. Dados do Eurostat mostram que os preços que os agricultores recebem por seus produtos atingiram o pico em 2022, mas têm diminuído desde então, caindo quase 9% em média entre o terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023.

A preocupação dos agricultores, especialmente no leste europeu, com as importações agrícolas baratas da Ucrânia, incluindo cereais, açúcar e carne, continua alta. A União Europeia renunciou a cotas e tarifas sobre as importações ucranianas devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Na última semana, os protestos dos agricultores chegaram a Bruxelas, no coração da União Europeia, coincidindo com uma cúpula importante sobre a situação na Ucrânia. Os agricultores acamparam em frente ao prédio do parlamento, lançando ovos, fazendo barulho com as buzinas e provocando incêndios.

Bloqueios

Na França, agricultores bloquearam as principais rodovias que levam a Paris, bem como às cidades de Lyon e Toulouse. Dezenas deles montaram tendas e acenderam fogueiras para se manterem aquecidos enquanto tentavam bloquear as rotas para a capital francesa.

Agricultores protestam na Grécia. | Foto: Reprodução Euronews.

Na quarta-feira, 31, pelo menos 91 pessoas foram detidas por obstruir o tráfego e causar danos perto do mercado de Rungis, ao sul de Paris. Na Grécia, tratores marcharam em direção à segunda maior cidade, Thessaloniki, na quinta-feira, com o objetivo de bloquear rotas importantes dentro da cidade. Imagens de Portugal mostraram longas filas de caminhões estacionados perto da fronteira espanhola.

No mês passado, cidades na Alemanha foram paralisadas por milhares de agricultores enfrentando temperaturas gélidas. Os principais bloqueios de estradas estenderam-se por cidades de leste a oeste, incluindo Hamburgo, Colônia, Bremen, Nurembergue e Munique, com até 2 mil tratores registrados em cada protesto.

Esses protestos ecoam os do ano passado, quando agricultores de países do leste europeu, como Polônia, Romênia e Bulgária, manifestaram-se contra o impacto das importações baratas de cereais ucranianos, que estavam reduzindo os preços internos e afetando as vendas dos produtores locais.

Em Luxemburgo, um pequeno país situado entre Alemanha, Bélgica e França, já se sente a greve nas prateleiras dos supermercados, com falta de produtos e a perspectiva de piorar. Na França, um plano do governo para eliminar gradualmente uma redução de impostos sobre o diesel para os agricultores, como parte de uma política mais ampla de transição energética, também provocou indignação.

Embora a agricultura represente apenas 1,4% do PIB da União Europeia, conforme os números mais recentes, os protestos no leste europeu no ano passado contra as importações baratas da Ucrânia demonstram como os agricultores, quando se unem, podem causar grandes problemas. Tanto os governos nacionais quanto a UE estão sob pressão para lidar com essas novas manifestações.

Leia também:

O post Entenda protestos de agricultores europeus que paralisam continente apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.