A Câmara de Goiânia não é o Conselho de Segurança da ONU

Quem esteve na sessão ordinária da Câmara Municipal de Goiânia na manhã desta quinta-feira, 22, pode ter se confundido e pensado que estava em uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Vereadores que estavam presentes protagonizaram um debate sobre a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, e também da repercussão da fala do presidente Lula (PT), como se estivessem na ONU resolvendo o conflito internacional. No entanto, esses parlamentares estavam na Câmara Municipal de Goiânia, e poderiam estar tratando de assuntos urgentes da população goianiense.

O organismo das Nações Unidas citado anteriormente foi estabelecido após a Segunda Guerra Mundial com o propósito de intermediar e solucionar disputas internacionais.

Ele é composto por cinco membros permanentes, nomeadamente China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, que foram fundamentais na derrota do nazi-fascismo em 1945 e detêm o poder de veto sobre todas as resoluções. Adicionalmente, o grupo é complementado por outras dez nações rotativas, o que, evidentemente, não compete a Goiânia.

O foco em assuntos como esse pode dar a impressão de que Goiânia não enfrenta questões locais que exigem a atenção de seus parlamentares. Pelo contrário, a cidade enfrenta diversos problemas, e os vereadores têm a responsabilidade de trabalhar para resolvê-los.

Nesse ponto, é importante reconhecer a fala vereadora Aava Santiago (PSDB), que afirmou que a discussão sobre a guerra entre Israel e o Hamas não deveria ser tema na Câmara Municipal.

“Eu só quero trazer uma reflexão aqui porque a colega está dizendo que não cabe a um chefe de Estado dar opinião sobre um conflito global. Mas cabe ao vereador, né? A um vereador de Goiânia”, ironizou.

Assuntos que impacto outras esferas de poder acabam repercutindo em outros parlamentos do país, mas desde o início da guerra vimos que políticos conservadores ideologizaram o conflito e não entende de fato o que acontece em Gaza.

Aava ainda argumentou que abordar o conflito internacional entre vereadores não é uma prioridade e criticou seus colegas que utilizam a guerra como uma forma de “acenar para sua claque”.

“Senhor presidente, o senhor precisa reassumir a métrica de importância do que se discute, porque se o presidente da República não pode falar de um conflito internacional, enquanto o chefe de Estado e o vereador de Goiânia pode ficar uma hora da sessão, com a cidade cheia de problemas, falando disso para fazer vídeo para acenar para sua claque, a gente perde referência do que é prioridade”, completou.

Desviar a atenção das questões locais em prol de temas abstratos apenas afasta a população da política, das questões e dos problemas locais que precisam ser debatidos.

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