Goiás registra 23 acidentes com animais peçonhentos por dia

Considerando dados dos últimos três anos, Goiás registrou uma média de 23 acidentes com animais peçonhentos por dia. Ao todo, entre os anos de 2021, 2022 e 2023, o estado contabiliza 25.606 ocorrências. Em 2024, até a última quarta-feira, 21, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o número estava em 1.099.

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Os escorpiões lideram a lista com 16.170  ocorrências, à frente das serpentes (3752), aranhas (2.236), abelhas (1.833) e lagartas (326). Há ainda a categoria “outras”, que teve 1.932 registros entre 2021 e 2024. 

No último dia 18, um menino de 7 anos morreu depois de ser picado por um escorpião em uma fazenda em Professor Jamil, no sul do estado. Felipe Souza Santos foi pegar um pano para limpar pegadas de barro quando foi atacado pelo invertebrado.

O garoto morava em Aparecida de Goiânia, mas foi passar o final de semana na fazenda em que o primo morava. Depois da picada, ele foi levado à uma unidade de saúde da cidade, que o transferiu para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT).

O hospital informou que Felipe recebeu o soro contra o veneno do animal, mas precisou ser encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido ao estado grave em que se encontrava. A criança não resistiu e morreu na unidade de saúde.

Felipe Souza Santos morreu após ser picado por escorpião | Foto: Reprodução

Condições climáticas favorecem 

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, a médica do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Clarissa Duarte, explica que o número de acidentes com animais peçonhentos tende a aumentar no verão, devido ao calor e à umidade. Nesta época, serpentes, escorpiões, abelhas e lagartas costumam ficar mais ativos por conta da reprodução das espécies.

“O escorpião lidera a lista devido ao número destes animais serem maiores e ao fato deles serem extremamente adaptados às regiões povoadas. Em relação às serpentes, a quantidade de acidentes costuma aumentar entre setembro e março. Nesta época há um aumento da atividade humana no campo e a falta de equipamentos de proteção”, afirmou. 

A alta quantidade de ocorrências, conforme Clarissa, também está ligada à perda de habitat dos animais. Ela afirma que devido ao desmatamento para construção de imóveis, as queimadas e as enchentes, os bichos costumam migrar para áreas habitadas em busca de alimento e abrigo. 

A médica explica que os escorpiões, por exemplo, são atraídos por lugares escuros, úmidos e de pouco movimento das partes externas e internas dos imóveis. A especialista aconselha a evitar o acúmulo de folhas, lixo e entulho, além de combater outros insetos como a batata, principal alimento dos escorpiões. 

“É importante vedar soleiras de portas, reparar nos rodapés soltos e telar a abertura de ralos, pias e de espaços de ventilação. Outro medida que ajuda a evitar acidentes é sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, além de afastar camas e berços das paredes”, disse.

Primeiros socorros 

Clarissa diz que, caso a pessoa sofra algum acidente, é necessário lavar o ferimento e procurar ajuda médica de imediato. Se a vítima se sentir segura, ela pode levar uma foto ou até mesmo o animal para o hospital para ajudar no diagnóstico e, consequentemente, no tratamento. 

Amarrar ou fazer um torniquete no ferimento pode vir a prejudicar o tratamento, assim como a aplicação de substâncias no membro afetado sem o acompanhamento médico, como álcool. Curativos também podem favorecer infecções no local ferido pelo animal. 

“Caso uma pessoa encontre algum animal peçonhento, ela pode entrar em contato com o Centro de Zoonoses do município para que o animal seja resgatado e solto”, concluiu. 

Cascavel é uma das espécies de serpente mais venenosas do país | Foto: Reprodução

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