Imposto de Renda Solidário: Goiânia recebe R$1,8 milhão em 2024

Existe uma lei federal que garante a possibilidade de destinar até 6% do imposto devido, ou do imposto a pagar, ou a restituir, para o fundo da Criança e Adolescente ou do Idoso. Mas como isso funciona? Se você tem R$1.000 a pagar de imposto, você tira 6% que pode ser destinado para essas causas. Por exemplo, o valor pode dividido, 3% para criança e adolescente e mais 3% para o idoso.

Esse fundo passa por um processo de regularização, existem alguns procedimentos e normas para poder estar apto a receber essa verba solidária. O interessado se cadastra no banco de dados da Receita Federal e quando alguém faz a declaração, o programa automaticamente já calcula a possibilidade de fazer essa doação.

E ali, o fundo que está apto já aparece nas opções de escolha. Pode ser um fundo estadual, municipal ou federal; por exemplo, este ano, o Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRC-GO) fez uma grande campanha para destinar recursos para o fundo do Rio Grande do Sul. 

Segundo a presidente do CRC, Sucena Hummel, é nítido, em primeiro lugar, que a população não gosta de pagar impostos e isso acontece porque na maioria das vezes, a população não consegue identificar ou ver aonde aquele imposto traz retorno.

Eu acho essa campanha super bacana, ela mostra para a população o poder que ela tem nas mãos de fazer o bem e ajudar através do imposto.  Quando eu assumi a presidência, esse projeto já existia, mas aqui em Goiás a arrecadação era uma coisa mais tímida.

Para ter uma ideia, o Brasil como um todo tem o potencial de destinar R$14,81 bilhões; em Goiás, o valor estimado possível é de R$388 milhões. De acordo com a presidente licenciada, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) baixou uma instrução, quando a lei surgiu, obrigando todas as prefeituras a constituir o fundo da Criança e Adolescente, e o do Idoso. “Não é obrigatório ainda, mas nós já fizemos um pedido ao Tribunal de Contas para que se torne obrigatório, para que todas as prefeituras possam ter o seu fundo”, disse ela.

Segundo a contadora, quando ela assumiu o conselho, existiam 29 Fundos do Idoso constituídos em Goiás. Hoje, são mais de 200, em quase dois anos de trabalho e diálogo com os prefeitos e instituições, mostrando a importância desse fundo.

Exemplos de arrecadação de cidades goianas | Foto: Divulgação / CRC-GO

Um município como Vianópolis, por exemplo, com 15 mil habitantes, recebe R$1,6 milhão para fazer creches, centros de acolhimento ao idoso, hidroterapia, bombeiros mirins; existem muitas oportunidades. A contadora garante que o Brasil tem um potencial imenso de destinação.

Finalizamos esse ano com R$21 milhões, quando eu comecei no conselho, a destinação era de aproximadamente R$6 milhões. Em 2024, só a cidade de Rio Verde bateu mais de R$3 milhões

A gente mostrou para a população que aquele dinheiro pode fazer a diferença dentro do seu município, que ela pode cobrar, e que ela pode participar desses projetos

Ela afirma que conseguiu até mesmo identificar melhorias possíveis para tentar alterar na lei. Por exemplo, para que quem tem imposto a receber também possa destinar. Ou quanto às pessoas que não conseguem destinar mais porque precisam pagar em boleto único. 

Conselho Regional de Contabilidade

“Justamente porque quero ser idosa, eu também quero construir políticas públicas para cuidar da população que está envelhecendo” | Foto: Reprodução

Cerca de 90% do Imposto de Renda passa pela mão dos profissionais de contabilidade, por isso, o conselho desses profissionais decidiu trazê-los mais para perto, assim como fez com a Receita Federal. Segundo Hummel, fizeram também muitas palestras e campanhas de divulgação sobre o Imposto de Renda Solidário para conscientizar as pessoas.

Esse é um trabalho bacana, porque sai um pouco do foco comum do nosso trabalho diário da contabilidade. Mostra um pouco do nosso lado social, o nosso olhar pelo próximo, pela criança, pelo adolescente, pelo idoso. Eu até brinco que, justamente porque quero ser idosa, eu também quero construir políticas públicas para cuidar da população que está envelhecendo

Além disso, Sucena Hummel também relata que o outro tema que exigiu muito de si, foi a Reforma Tributária. Por isso, no conselho, ela montou uma comissão para a discussão do texto. Nessa comissão, em conjunto com outras instituições e segmentos, recolheram dados reais da empresas para avaliar o impacto direto que o contribuinte sofreria com a reforma.

Não somos contra uma reforma tributária, pelo contrário, nós queremos uma reforma tributária com equilíbrio e justiça fiscal para que exista um equilíbrio. Porque quando falamos em isenção, falamos de alíquota reduzida para um segmento, o que aumenta a alíquota para outro

De acordo com Hummel, muitos não entendem o que é pagar imposto no Brasil e quanto custa caro essa situação. Além disso, ela destaca que uma possível reforma afetaria os preços de tudo, para cima ou para baixo.

Quem é Sucena Hummel?

Sucena Hummel nasceu em Inhumas, e com alguns dias de nascida, veio para Goiânia. Na capital goiana, estudou no Colégio Estadual Polivalente Henrique Silva, no Setor Bueno. Depois, foi para uma escola batista e estudou no Objetivo.

Ela se graduou em letras e em contabilidade e também fez pós-graduação em gestão de pessoas e um MBA em contabilidade consultiva. Além disso, apresentou um seminário internacional na Escola de Negócios de Portugal.

Como o seu pai morreu durante a infância, quando ela tinha 11 anos, Sucena foi morar com os avós paternos. Para que pagassem a faculdade, mesmo que o avô fosse servidor público, Hummel e sua avó vendiam torta em uma barraquinha na Feira da Lua, passaram mais de 20 anos ali.

Foi assim que conseguimos bancar os meus estudos e o dos meus irmãos. Eu entrei primeiro na área do direito, onde conheci a contabilidade e me apaixonei. Pensei: ‘Deus, eu preciso entender um pouco sobre essa língua, sobre essa ciência tão interessante’ 

Sucena Hummel é mãe de duas mulheres adultas, Maria Eduarda e Ana Clara, que estão formadas e ativas no mercado de trabalho. Ela também se identifica como “mãe de pet”, com seu cãozinho Fred. Ela se casou com o Edson Cândido Pinto, contador e advogado que atualmente preside o Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de Goiás (Sescon-GO). Graças ao casamento, ganhou dois “netos do coração”, Rodolfo e Carolina.

Atualmente, ela concorre no pleito municipal de Goiânia como vice-prefeita na chapa de Vanderlan Cardoso (PSD).

Parte de uma estatística (infelizmente) comum no Brasil

“Eu faço parte da estatística de mães solteiras. E as minhas filhas foram o meu incentivo para estudar”, relata Hummel | Foto: Reprodução

Hummel foi mãe solteira com 17 anos. Ela acredita que vivencias como essa fazem com que algumas pessoas precisem amadurecer mais cedo do que outras. Por isso, ela começou a trabalhar como secretária e caixa. Depois de graduada, se tornou estagiária no sindicato, onde trabalha há 18 anos.

Eu faço parte da estatística de mães solteiras e as minhas filhas foram o meu incentivo para estudar. Por sorte, quando eu engravidei e descobri que seria mãe sozinha, eu tive todo o apoio da minha família, toda a oportunidade. Eu falo, olha como a educação pode mudar a vida de uma pessoa, porque foi através dos estudos que eu consegui batalhar por empregos melhores, consegui formar minhas filhas, dar estrutura para a minha família.

E se através da educação podemos fazer isso, imagina só o tamanho do poder que tem o governo do município para ajudar mães e jovens a terem oportunidade. Eu sou um exemplo de que a educação pode mudar a vida das pessoas.

Nós estamos falando de uma gravidez de 25 a 27 anos atrás, mas que até hoje, é um relato comum entre a população. “Eu escutei muito, mas eu vejo que essas palavras e as situações que eu enfrentei só fizeram moldar o meu caráter e me dar força para chegar até onde eu consegui”, relata Hummel.

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