O Trotar do Cavalo Baio: o apocalipse é simbólico

*Abílio Wolney Aires Neto

Nos últimos 90 anos, o mundo já teria “acabado” pelo menos umas 15 vezes, segundo intérpretes dos textos do Apocalipse, sempre em paralelo com as Centúrias de Nostradamus.

No entanto, o mundo resiste, e não terminará de forma tão abrupta como alguns acreditam.

Na visão profética, após contemplar a estrutura da organização celestial, João Evangelista vê, em sua mão direita, um rolo com sete selos. Em seguida, Jesus Cristo, descrito como o Leão da tribo de Judá e um cordeiro em pé como se tivesse sido morto, tira o rolo da mão daquele que está sentado no trono. Somente então, os cavaleiros iniciam sua cavalgada após a sequência de abertura dos selos.

A linguagem mística do Livro da Revelação simboliza apenas períodos cíclicos da história da humanidade, em um processo evolutivo natural, com crises e transformações que levam ao progresso espiritual.

Nos tempos atuais, os Cavalos Vermelhos da guerra continuam galopando pelos asfaltos da nova era, montados por cavaleiros soberbos. A ameaça de uma terceira guerra mundial persiste, mas, até agora, a humanidade tem evitado a destruição total. O arsenal atômico acumulado pelas potências mundiais poderia destruir o planeta, mas, felizmente, isso ainda não aconteceu.

Enquanto João contemplava a abertura dos selos, um Cavalo Baio, de cor amarelo-esverdeada como um cadáver em decomposição, surge. Seu cavaleiro portava símbolos da doença e da morte. Essa figura representa as pandemias e crises de saúde, como a recente que devastou o mundo no início do século XXI.

Os vírus, como generais invisíveis, mostraram à humanidade o quanto somos frágeis e vulneráveis. A pandemia demonstrou que a arrogância e a soberania humanas podem ser abaladas em questão de dias ou meses, desafiando exércitos e nações em todos os cantos do planeta.

A natureza também desempenhou um papel crucial na história, como visto na Segunda Guerra Mundial, quando o rigoroso inverno russo, chamado de “General Geada”, derrotou os exércitos de Hitler. A força da natureza, assim como os selos apocalípticos, lembra a humanidade de que existem forças superiores às nossas ambições de poder.

Os ciclos apocalípticos sempre retornam, trazendo consigo os mesmos desafios: guerra, fome, doença e morte. No entanto, essas crises cíclicas não são o fim, mas oportunidades de aprendizado e evolução. Como nos ensinam os profetas e sábios de diversas tradições, a humanidade avança em espirais, enfrentando os mesmos desafios em níveis superiores.

O Apocalipse é simbólico. Deus, sendo a Inteligência Suprema e Criadora do Universo, não pode ser compreendido em termos antropomórficos. Assim, os eventos descritos no Livro da Revelação são metáforas para as crises cíclicas da humanidade e a luta constante entre o bem e o mal.

Para os cristãos, a interpretação do Apocalipse deve ser entendida como uma sequência de eventos fragmentados e periódicos que revelam o processo contínuo de expiação e provas que enfrentamos neste mundo. A história nos mostra que poderosos impérios e líderes caíram repetidamente, desde os Césares de Roma até os monarcas da Revolução Francesa.

O “motor imóvel” de Aristóteles, ou a Inteligência Maior, governa o universo de forma harmoniosa e sábia. E os cavaleiros do Apocalipse retornam como tempestades que devastam os jardins do mundo, trazendo consigo reflexões e auto-encontros para a humanidade.

Precisamos compreender as profecias como avisos para nos prepararmos espiritualmente, evitando o pior e aprendendo com as crises. A pandemia recente nos ensinou a importância da solidariedade, da simplicidade e da introspecção. Este momento difícil é uma oportunidade para revermos nossos valores, fortalecer nossas famílias e reavaliar nossas atitudes em relação à vida.

Albert Einstein afirmou que a crise traz progresso, pois dela surgem inventos, descobertas e grandes estratégias. A crise é uma oportunidade para superarmos a nós mesmos e encontrarmos novas soluções para os desafios da vida.

Vivamos com a consciência de que a vida continua, e que a morte é apenas uma transição para um novo estado de ser.

Por fim, ecoamos as palavras de Joana de Ângelis: “Viva de tal forma que deixe pegadas luminosas no caminho percorrido, como estrelas apontando o rumo da felicidade. Não deixe ninguém afastar-se de ti sem levar um traço de bondade ou um sinal de paz da sua vida.”

Este momento, embora difícil, nos chama à reflexão, à esperança e à mudança. Estamos passando por uma transformação profunda e a guerra continua insultando o senso de humanidade. Cumpre-nos abraçar a nova era com amor, fé e solidariedade no meio imediato em que fomos plantados para dar os nosso frutos de vivência. Como alguém já escreveu: Que possamos ver no mundo a mudança que estamos a fazer em nós próprios antes de tudo.

*Abilio Wolney Aires Neto

Abílio Wolney Aires Neto | Foto: Acervo Pessoal
  • Juiz de Direito titular da 9ª Vara Civel de Goiania.
  • Delegado Adjunto da ABRAME-GO
  • Expositor espírita, ex- Presidente do Núcleo Espirita Casa de Jesus em Anápolis-GO, onde é co-mantenedor com Delnil Batista, o presidente.
  • Co-fundador/mantenedor do Lar de Maria em Dianópolis-TO.
  • Titular da Cadeira 9 da Academia Goiana de Letras, Cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás -IHGG, Membro da União Brasileira de Escritores-GO e de outras Instituições literárias.
  • Graduando em Jornalismo.
  • Acadêmico de Filosofia e de História.
  • Autor de 15 livros de história regional, poemas, crônicas, 3 de Direito. Em ebook inédito: Cristianismo Espírita.

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