Justiça condena Hans River a indenizar a repórter Patrícia Campos Mello

Patrícia Campos Mello é uma das melhores repórteres do país. Seu jornalismo de primeira linha nunca mereceu uma contestação séria e rigorosa.

Mesmo assim, a repórter da “Folha de S. Paulo” recebeu ataques virulentos, quiçá coordenados, do bolsonarismo, inclusive do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não por causa de possíveis equívocos, e sim por apresentar, nas suas investigações jornalísticas, “problemas” do bolsonarismo.

Hans River, que trabalhou para a Yacows — empresa de marketing digital —, fez acusações graves, e não provadas, contra Patrícia Campos Mello e agora terá de indenizá-la. A Justiça decidiu que, além da indenização de 50 mil reais, terá de arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios. Ele ainda pode recorrer da sentença do juiz André Augusto Salvador Bezerra, da 42ª Cara Cível de São Paulo.

Nas eleições de 2018, na qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente — numa das campanhas mais sujas da história brasileira —, nomes e CPFs de idosos foram usados para registro de chips de celular com o objetivo de disparar mensagens em massa. Em benefício de políticos alinhados com o bolsonarismo. A reportagem-denúncia saiu na “Folha de S. Paulo”, com a assinatura de Patrícia Campos Mello. Uma de suas fontes era exatamente Hans River.

Entretanto, na CPMI das Fake News, Hans River decidiu, não se sabe exatamente por que, mentir. Ele sustentou que, em troca de informações, Patrícia Campos Mello teria “oferecido sexo”.

Na sentença o juiz André Bezerra escreveu, com acerto: “Há uma crítica do réu ao trabalho da autora. Mas a crítica não foca o trabalho da jornalista. Foca, a bem da verdade, a sua condição de mulher. Afirmar publicamente que uma mulher prometeu a um homem favores sexuais em troca de informações para matéria jornalística é uma afirmação apta a difamá-la”.

O magistrado concluiu que a reportagem de Patrícia Campos Mello não comete nenhum abuso à liberdade de expressão. A repórter não excedeu, limitou-se narrar fatos, não a cria-los. Os excessos são de responsabilidade de Hans River.

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