Leandro Vilela: “Caiado está preparado pra governar o Brasil e Daniel está qualificado pra gerir Goiás”

Na terça-feira, 5, quando o prefeito eleito de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela Veloso (MDB), chegou à redação, acompanhado do jornalista Ozéias Laurentino, o repórter Júnior Kamenach, aficionado de futebol, narrou, brincando: “Garrincha e Pelé”. O profissional do Jornal Opção quis dizer que se trata de uma dupla de craques.

Antes de começar a entrevista, Leandro Vilela disse, sério: “Vocês sabiam que há uma coisa em comum entre eu e o Jornal Opção?” Atônitos, os repórteres disseram: “Não”. “Pois é: eu nasci em 1975, no ano em que o Jornal Opção foi fundado pelo jornalista Herbert de Moraes Ribeiro, pai da jornalista e empresária Patrícia Moraes”. (Risos.) Por sinal, Patrícia Morais também nasceu em 1975.

Leandro Vilela, um jovem de 49 anos — parece ter menos —, acrescentou: “Em 2025, eu e o Jornal Opção vamos completar 50 anos. Então, vamos comemorar o aniversário juntos”. Júnior Kamenach brincou: “Vai ter bolo? Se tiver, eu vou”. (Risos.)

Durante a campanha, quando tinha um “tempinho”, Leandro Vilela — sobrinho de Maguito Vilela e primo do vice-governador Daniel Vilela — contou que entrava no portal do Jornal Opção e lia reportagens. “O Jornal Opção fez uma excelente cobertura das eleições deste ano. Em vários momentos, com seu jornalismo crítico e posicionado, desmanchou fake news e se mostrou luminoso.”

Inquirido sobre a montagem do secretariado, Leandro Vilela disse que está, no momento, mais preocupado em obter dados fidedignos para planejar o que fará já a partir do primeiro mês. “Dizem que sou workaholic. Talvez seja. Mas crucial mesmo é que vou passar os próximos quatro anos inteiramente dedicado a fazer o bem para os moradores de Aparecida de Goiânia. Ao término de meu mandato, a cidade terá superado, em termos de PIB, Anápolis.”

Euler de França Belém — Com o PSDB “voltando” ao pó, a disputa para governador de Goiás em 2026 poderá ocorrer entre Daniel Vilela, do MDB, e o senador Wilder Morais, do PL. Como avalia a questão?

Daniel Vilela é um dos grandes quadros da política de Goiás, não apenas do MDB. Está extremamente preparado. É o braço direito do governador Ronaldo Caiado. Ele participa da tomada das decisões importantes do Estado. Está maduro pessoal e politicamente. Wilder Morais não tem preparo em termos de gestão da máquina pública e nunca ganhou um mandato por si mesmo. Ganhou o primeiro mandato de senador porque Demóstenes Torres, que era atuante, foi cassado. Como senador, no primeiro mandato, foi anódino. Seus projetos são praticamente desconhecidos e não se sabe de nenhum discurso brilhante de sua autoria. O segundo mandato caiu nas suas mãos graças à onda bolsonarista. Como se sabe, a onda bolsonarista está em declínio. Portanto, sobretudo depois das derrotas fragorosas do PL em Goiás, nas disputas das prefeituras, nem mesmo se sabe se Wilder será candidato a governador. Talvez seja candidato a ficar quieto, pois seu mandato de senador acabará só em 2030.

Euler de França Belém — Wilder Morais é mais um bon vivant do que um político? Adversários dizem que mora mais em Angra dos Reis e Brasília do que em Goiás.

Até onde sei, Wilder Morais é mais um bon vivant — [Nota da redação: amante da vida luxuosa: sapatos Prada e Louis Vuiton, jatinhos, helicóptero, chalana no Lago Paranoá, casa paradisíaca em Angra dos Reis, vinhos caros] — do que um político. Governar é uma coisa muito séria. É preciso trabalhar muito. Ser presente. Não dá para governar Goiás morando em uma mansão hollywoodiana em Angra dos Reis ou observar as pessoas de jatinho e helicóptero — do alto, de longe. Pode ser mera impressão, mas as pessoas sentem que o senador Wilder Morais parece não gostar de pobres. Dos 365 dias do ano, fora do período eleitoral, quantos dias o senador fica em Goiás? O Estado precisa de um governador que não fica pensando apenas em festas luxuosas e viagens de jatinhos. Os exemplos de Goiânia e Aparecida — onde os candidatos de Wilder Morais perderam de maneira acachapante — estão aí para provar que ganha eleições quem trabalha e tem identidade e conexão reais com as pessoas.

Euler de França Belém — O governador Ronaldo Caiado será o grande general eleitoral de 2026?
Será. O melhor governador do Brasil, Ronaldo Caiado, apoiará seu vice e braço direito, Daniel Vilela, para governador.

Ronaldo Caiado e Daniel Vilela estão modernizando Goiás, colocando-o num outro patamar, tanto em termos de educação — o Estado é o primeiro do Ideb, em nível nacional — quanto em segurança pública. Os eleitores querem a chamada continuidade decente, positiva e produtiva, quer dizer, uma modernização continuada.

Mendanha poderá ser vice ou candidato a senador

Euler de França Belém — Qual é o projeto de Gustavo Mendanha para 2026: vice de Daniel Vilela ou candidato a senador, ao lado de Gracinha Caiado?

Há dois espaços para Gustavo Mendanha, um líder político em ascensão e muito ligado a Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. Ele tanto pode ser vice de Daniel Vilela quanto pode ser candidato a senador. [Nota da redação: especula-se que Gustavo Mendanha se filiará ao União Brasil.]

Euler de França Belém — Mais vice ou mais candidato a senador?

Não dá para saber, neste momento. O que se sabe é que Gustavo Mendanha é um grande player. Um verdadeiro líder e um político nato, vocacionado. Ele é preparado e foi um excelente prefeito de Aparecida. Na disputa da reeleição, obteve quase 100% dos votos válidos. Algo inédito na cidade. Gustavo também tem a simpatia do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel. Ronaldo Caiado, Gracinha Caiado e Daniel Vilela o respeitam.

Euler de França Belém — Ronaldo Caiado será candidato a presidente da República em 2026. O sr., como membro do MDB, estará em seu palanque?

Sem dúvida nenhuma. Ronaldo Caiado é meu candidato a presidente da República. Aliás, é o candidato dos goianos e vai acabar sendo o candidato dos brasileiros. Ele é qualificado, não é radical, é democrático e altamente civilizado. É o político mais preparado para governar o país. Com Ronaldo Caiado, Goiás se tornou um espelho para o Brasil. O país está de olho em Goiás, quer dizer, em Ronaldo Caiado.
Portanto, será Ronaldo Caiado no Brasil e Daniel Vilela em Goiás.

Júnior Kamenach — Como o sr. avalia a rede de proteção social criada por Ronaldo Caiado e Gracinha Caiado?

A rede de proteção criada por Ronaldo Caiado e Gracinha Caiado não é meramente assistencial. Sobretudo, é inclusiva. Por isso tem porta de entrada e porta de saída. O Estado fornece dinheiro para pagar o aluguel de quem precisa muito, mas não é para sempre. O maior investimento social do governo de Ronaldo Caiado reside, possivelmente, na educação. O investimento em educação pública — gratuita — de qualidade abre as portas, por exemplo, das universidades brasileiras para o estudante goiano.

“Vilmar Mariano não prioriza o pagamento do que é essencial”

Euler de França Belém — Prefeitos que estão deixando o cargo costumam jogar cascas de banana para o que está assumindo cair. Não sei se é o caso de Aparecida de Goiânia. Mas o sr. diz que só para o Hospital Einstein, que cuida do hospital municipal de Aparecida, o HMAP, a prefeitura deve 27 milhões de reais. O pagamento do convênio do transporte coletivo também está atrasado há quatro meses.

De fato, a prefeitura deve uma fortuna para o Einstein, que, como se sabe, é uma referência em saúde no Brasil. Por isso, já conversamos com a diretoria do hospital em busca de uma solução. Porém, como não assumi o comando da prefeitura, ainda não tenho poder de decisão.

Júnior Kamenach — Comenta-se que a gestão do prefeito Vilmar Mariano também não está pagando o transporte escolar. Procede?

O transporte escolar está atrasado há quatro meses. As escolas conveniadas também estão sem receber.

Euler de França Belém — Fica-se com a impressão de que, nos últimos meses, o prefeito Vilmar Mariano estava mais fazendo política — campanha — e deixando de administrar. As obras, de acordo com a população, estão paralisadas.

As obras estão paralisadas, sobretudo por falta de planejamento da gestão de Vilmar Mariano. O débito na área de obras passa de 40 milhões de reais. Estou preocupado com a má situação da prefeitura.

Italo Wolff — O sr. está obtendo dados oficiais?

Na verdade, não temos dados oficiais, ou seja, a prefeitura não repassou informações precisas para nós. Estamos aguardando que o prefeito Vilmar Mariano repasse os dados concretos.

Para planejar, precisamos de informações objetivas. O desperdício na aplicação dos recursos financeiros públicos prejudica a população.

Júnior Kamenach — Ante o quadro dramático, o que o sr. fará?

Fui eleito para resolver problemas e construir uma cidade melhor para todos. É o meu compromisso. Com transparência e responsabilidade, vamos assumir a prefeitura e organizá-la. Vamos colocá-la a serviço da sociedade. O dinheiro público deve ser aplicado em benefício dos 600 mil moradores de Aparecida.

Italo Wolff — Como está o trabalho da comissão de transição?

Neste momento, a comissão de transição está levantando as informações básicas. Porque, a partir do 1º de janeiro de 2025, no dia da posse, vamos começar a trabalhar de imediato. Então, até o início da próxima semana, quero os dados essenciais para adequar e ampliar o planejamento de nossas ações.

Euler de França Belém — O sr. conversou com o pessoal do transporte coletivo?

Sim. Eu poderia ficar parado, esperando o dia da posse. Mas fui eleito para resolver problemas e, por isso, estou em busca de soluções antecipadas. Por isso, conversei na terça-feira, 5, com o pessoal da CMTC. Fui informado pela CMTC de que a prefeitura não faz os repasses há cinco meses. No caso, é uma informação oficial, repassada pela companhia, e não pela prefeitura.

Júnior Kamenach — O transporte coletivo é essencial para os trabalhadores. Portanto, será preciso encontrar uma saída emergencial.

A região metropolitana envolve 19 municípios e o Estado. O sistema atende milhares de pessoas, notadamente trabalhadores. Por isso, vamos nos apressar a resolver o problema. Minha gestão jamais deixará os aparecidenses na mão.

Euler de França Belém — Como o sr. fará para quitar as dívidas de curto prazo?

A gestão de Vilmar Mariano ainda tem novembro e dezembro para pagar as dívidas citadas. O prefeito está pagando outras coisas. Então, por que não pagar aquilo que é prioridade, que afeta diretamente o trabalhador, o cidadão?

Italo Wolff — O prefeito Vilmar Mariano está colocando obstáculo à transição?

A comissão de transição, com pessoas indicadas por nós e pelo prefeito, está formalizada, seguindo a instrução normativa do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A partir de agora, os trabalhos vão deslanchar, acredito. Na próxima semana, a partir de segunda-feira, 11, com os números oficializados, vamos articular nosso planejamento e preparar as primeiras ações.

“HMAP fará tratamento contra o câncer”

Júnior Kamenach — Como foi sua conversa com o pessoal do Hospital Albert Einstein?

Extremamente positiva, no sentido de assegurar, garantir a manutenção e o fortalecimento do Hospital Municipal de Aparecida Iris Rezende (HMAP). O pessoal que opera a gestão, do Einsten, está muito preocupado, naturalmente. Eu disse: “Vamos trabalhar juntos. Vamos fortalecer os serviços”.

Júnior Kamenach — O HMAP também terá tratamento oncológico?

Está de pé o compromisso de que o HMAP fará tratamento oncológico. A gestão do Einstein é fantástica. O hospital é fora de série. Trata-se de uma referência de alta qualidade. Portanto, é imprescindível para as pessoas de Aparecida de Goiânia. O Saúde pública e gratuita será prioridade absoluta na minha gestão. Demos garantia à direção do Albert Einstein de que os compromissos assumidos serão cumpridos integralmente.

Júnior Kamenach — Fora o HMAP, há outros problemas na área de saúde?
Temos informações de que estão faltando insumos nos postos de saúde dos bairros, o que é extremamente preocupante. O atendimento às pessoas não está sendo adequado.

Italo Wolff — Na educação o quadro de caos é semelhante?

Em janeiro, começamos o ano letivo. Estamos informados, desde já, que está faltando material básico para fazer a limpeza das escolas. É preocupante.

Euler de França Belém — Procede que a folha de pagamento do funcionalismo público corresponde a 40 milhões de reais?

Recebi a informação de que a folha era de 40 milhões. Mas há indícios de que o valor é bem maior — cerca de 58 milhões. Dezoito milhões a mais. Aguardo, portanto, os dados oficiais a respeito. E insisto: dados reais, sem maquiagem.

Euler de França Belém — Da receita mensal quanto a prefeitura gasta com o pagamento da folha dos servidores?

A prefeitura não nos forneceu informações precisas. Fala-se numa arrecadação de 200 milhões de reais. Como não sou imprudente, adoto cautela ao comentar os números da prefeitura. Às vezes estão subestimados e às vezes estão superestimados.

Euler de França Belém — Se entregar a prefeitura com dívidas de curto prazo, sobretudo em setores emergenciais, como saúde e educação, o prefeito Vilmar Mariano poderá ser processado com base na Lei de Responsabilidade Fiscal? O que também poderá torná-lo inelegível.

Vilmar Mariano tem dois meses para colocar a prefeitura em dia. Se a arrecadação for de 200 milhões, o prefeito terá recursos financeiros para, se quiser, quitar ao menos parte substancial das dívidas.

Júnior Kamenach — O prefeito tem ao menos sugerido que irá pagar as dívidas?

Numa conversa por telefone, o secretário da Fazenda, Einstein Paniago, me disse que todos os débitos serão quitados.

Euler de França Belém — Há quem postule que, ante o quadro caótico, talvez até com a intenção de prejudicar o início de sua gestão, Vilmar Mariano não lhe repassará a prefeitura com as contas em dia. Pelo contrário, não estaria se esforçando para organizar as finanças.

De fato, as informações que chegam até nós não são favoráveis. Mas espero que, em nome da responsabilidade pessoal e fiscal, o prefeito repasse a prefeitura sem dívidas de curto prazo, notadamente nos setores essenciais, como saúde, educação e transporte coletivo.

“Vamos colocar policiamento nas feiras livres”

Italo Wolff — Qual é a principal preocupação do sr.?

Nossa preocupação é que nenhum serviço crucial à população sofra interrupção por causa das dívidas. Ao assumir, de cara, vou começar a resolver os problemas, colocando tudo em ordem. Como sou um gestor responsável, tenho credibilidade para estabelecer negociações confiáveis.

Júnior Kamenach — O que o sr. fará de imediato?

Desde o primeiro dia, vou cuidar da saúde, da educação, da segurança pública. A zeladoria da cidade está entre minhas prioridades. Ao contrário do que está acontecendo, vamos recolher o lixo como se deve fazer. Há atividades que estão prejudicadas por falta de empenho da prefeitura. É como se pensassem assim: “Perdemos a eleição, então não vamos fazer mais nada”.

Euler de França Belém — De alguma maneira, ao “abandonar” a população de Aparecida, deixando-a ao deus-dará, Vilmar Mariano estaria se “vingando” porque os eleitores derrotaram, de maneira acachapante, seu candidato a prefeito, Professor Alcides Ribeiro?

A rigor, não sei exatamente o que está acontecendo. Mas a gestão atual está abandonando os aparecidenses. Está deixando de atendê-los com o devido respeito. A partir de janeiro, vamos imprimir outro ritmo na administração pública, sempre buscando atender bem e rápido às pessoas.

Júnior Kamenach — Retomando àquilo que o sr. já falou rapidamente: quais serão suas prioridades imediatas?

Garantir os serviços essenciais é obrigação. Prioridade absoluta. Como eu disse, faremos uma gestão proativa, com atendimento preciso e imediato. Firmamos o compromisso e Aparecida terá Cmeis adequados e suficientes. É um compromisso inadiável com as famílias de Aparecida. A zeladoria está na ordem do dia. A cidade será uma das mais limpas do país. Onde for necessário, vamos substituir a iluminação pública. O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) melhorou a segurança em todo o Estado. Comigo na prefeitura, vamos auxiliá-lo a melhorar ainda mais a segurança. Vamos recriar o Gabinete de Gestão Integrada Municipal, que, na gestão de Maguito Vilela, reunia todas as forças de segurança. Funcionava muito bem.

Italo Wolff — O sr. vai cumprir a promessa de colocar policiamento nas feiras?

Nós vamos colocar policiamento nas feiras. Será o atendimento de um pedido, um clamor, dos feirantes. Anote e me cobre. Visite uma feira de Aparecida assim que eu assumir a prefeitura.

Júnior Kamenach — O sr. vai investir forte em urbanização?

Uma coisa é certa: Aparecida vai ficar mais bonita sob nossa zeladoria. Vamos embelezar a cidade, tornando-a mais atraente para os moradores e visitantes. Nosso trabalho de urbanização — com canteiros de flores e árvores — vai ser bem forte. Ao contrário de hoje, o capinzal não tomará conta. Quando a cidade está sempre bem-cuidada, o custo de manutenção é menor. Quem urbaniza gasta menos. Mas, insistindo neste ponto, tudo será feito com planejamento. Não faremos um governo na base da improvisação.

Italo Woolf — Quanto às obras estruturantes?

As obras estruturantes estarão na ordem do dia de nossa gestão. Mas, no período chuvoso, não é possível fazer obras de terraplenagem. Seria um desperdício. Sobretudo, vamos trabalhar de maneira planejada. Porque, além de as obras serem melhores, poderão ser mais úteis à população e podem custar menos ao Erário.

Euler de França Belém — Procede que Vilmar Mariano começou algumas obras que, por causa da chuva, estão “desmanchando”?

Há obras paralisadas nos bairros Buriti Sereno, Conde dos Arcos, Rosa do Sul, Rosa dos Ventos e Chácara Santa Luiza. As obras foram abertas, no momento inadequado e os serviços foram perdidos, o que elevará o custo. O transtorno nos setores é gigantesco, com lama nas ruas. Há até atoleiros. São obras que precisarão ser inteiramente refeitas. Insistindo que dinheiro público foi desperdiçado. Jogaram dinheiro fora e ainda prejudicaram as pessoas. Chega a ser espantoso.

Euler de França Belém — Há prefeitos que não concluem as obras iniciadas por outros gestores. O que o sr. fará?

Penso em duas coisas. Primeiro, é preciso atender a população. Segundo, é preciso reduzir os danos. Então, assim que passar o período chuvoso, vou concluir as obras de pavimentação que foram iniciadas e, não se sabe por que, não foram concluídas. Vou terminar todas as obras.

Júnior Kamenach — Faltou planejamento na gestão de Vilmar Mariano?

Sim. O planejamento é essencial. Primeiro, porque as obras saem melhores. Segundo, porque gasta-se menos. Minha gestão será planejada e arrojada. Vou acompanhar de perto — em cima — as ações de todas as secretarias. Vou visitar todas as obras. Além das informações técnicas, prestadas pela assessoria, quero ter acesso direto àquilo que a prefeitura estiver fazendo. Nossa gestão será de ação, e não de conversa fiada.

“Minha gestão vai revisar os contratos da prefeitura”

Italo Wolff — O sr. revisará os contratos da prefeitura?

Vou examinar todos os contratos da prefeitura. Nossa equipe vai verificar o que é justo com o Erário — com o interesse público — e o que não é. Portanto, os contratos serão analisados e revistos, sempre em defesa do que se arrecada dos cidadãos. De repente, o custo da máquina poderá ficar mais barato e, com isso, se terá mais recursos para investir em benefício da população.

Euler de França Belém — Como ficou a história do empréstimo do Brics?
Não saíram os empréstimos do Brics e do Banco do Brasil. Vou à procura de um financiamento para fazer obras importantes para a cidade. Vamos seguir o exemplo de dois grandes gestores da cidade — Maguito Vilela, meu tio, e Gustavo Mendanha, meu amigo e parceiro.

Euler de França Belém — Agora é hora de fazer uma pergunta seriíssima. Como o sr. passou a ser chamado de Vilela e já se acostumou ao uso do sobrenome como prenome?

[Risos] Não estranhei, porque, ao longo da vida, muitos amigos me chamavam de Vilela. Vou confessar uma coisa: assim como os eleitores, eu gostei e gosto de ser chamado de Vilela. [Leandro Vilela, sempre muito sério, descontraiu ao responder sobre o “novo” nome político — que pegou, tornando-se uma segunda pele.) Meu filho, Pedro Batazano Vilela, é chamado pelos amigos de Vilela. Agora, somos dois Vilelas (risos).]

Italo Wolff — A máquina pública no Brasil é extremamente burocratizada. O que o sr. fará para desburocratizar a prefeitura?

Será uma política da prefeitura, de todos os secretários: os serviços à sociedade deverão ser desburocratizados — com urgência. A função do servidor público — frise-se que o prefeito é um servidor público — é prestar serviços à coletividade. Então, precisa servir aos cidadãos com presteza e competência. Nosso objetivo será facilitar — e não complicar — a vida do cidadão. A relação com os indivíduos que procuram a prefeitura precisa ser saudável e transparente. O município, se agir rápido e com eficiência, pode se tornar indutor do processo de crescimento econômico e desenvolvimento. Prefeito que puxa a cidade para trás não se reelege ou não elege o candidato que apoia.

Júnior Kamenach — A burocracia tem atrapalhado o desenvolvimento de Aparecida?

Os empresários e trabalhadores de Aparecida lutam para derrotar a burocracia da prefeitura. Demora-se até seis meses para se obter um alvará de construção. É assustador. [Vilela olha para os entrevistadores com ar de que está perplexo.] Uma licença ambiental e uma licença da vigilância sanitária demoram de um a dois anos [o prefeito eleito faz cara de suspanto, como diria o escritor Mário de Andrade.] O mundo moderno exige que tudo seja digitalizado e o serviço seja prestado de imediato. Vamos adotar práticas saudáveis, realmente modernas. Vou ser firme ao modernizar a máquina pública da cidade.

“Aparecida vai melhorar pra todos: gerando empregos e melhorando a renda”

Júnior Kamenach — É preciso facilitar a vida do empreendedor, não é?

É preciso respeitar a legislação, mas não para dificultar o trabalho do empreendedor. É provável que muita gente desista de empreender no Brasil por causa do excesso de burocracia. A cidade precisa ampliar seu parque industrial para gerar mais empregos e a receita da prefeitura. É preciso de recursos financeiros para melhorar a qualidade de vida para todos. Não se trata de criar novos impostos, e sim de aumentar a base da receita. A criação de novas vagas no CMEIs e escolas só pode ser paga com mais recursos.

Euler de França Belém — Aparecida é a segunda maior cidade e conta com o segundo maior eleitorado de Goiás. Mas seu PIB é o terceiro, atrás de Goiânia e de Anápolis. A renda do trabalhador, dada a baixa qualificação profissional, é, no geral, baixa. Outras cidades, como Anápolis e Senador Canedo, operam para requalificar a mão de obra local. A renda de um trabalhador pode ser maior se sua qualificação for ampliada. Esta é uma questão que o preocupa?

Aparecida precisa melhorar muito. Precisamos trabalhar mais com Senai, Senac, Sesc, Senar e Sebrae. Nossa mão de obra terá mais acesso a cursos profissionalizantes. Nós queremos gerar mais empregos, é certo. Mas também queremos melhorar a renda dos trabalhadores, o que se consegue com qualificação profissional. Fala-se em crescimento econômico, que é, claro, uma necessidade. Mas é preciso falar também em desenvolvimento, que é quando os frutos do crescimento são mais bem-distribuídos com a sociedade. O capitalismo fica mais forte quando a renda do trabalhador cresce, não fica limitada ao salário-mínimo.

Visitei o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, e vou visitar o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). Estive em várias empresas em Aparecida e percebi que há dezenas de vagas abertas e não preenchidas. Numa delas havia mais de 80 vagas. O que falta é qualificação profissional — é o que se ouve.

É preciso aumentar a renda per capita de Aparecida. Será uma de minhas missões. O mercado, assim como os trabalhadores, precisa de um prefeito que entenda suas necessidades. Como gestor, vou trabalhar para melhorar a capacidade dos trabalhadores do município. O PIB, portanto, crescerá.

Júnior Kamenach — O sr. vai operar para superar Anápolis?

Nem falo de superar, como se fosse uma competição esportiva. Com 600 mil moradores e um desenvolvimento industrial crescente, é natural que, se a prefeitura tiver um gestor eficiente, como pretendo ser, a nossa economia vai superar, por uma certa margem, a de Anápolis, que é uma cidade menor, mas hoje tem a segunda maior arrecadação de Goiás. Quando eu deixar a prefeitura, acredito que Aparecida terá a segunda maior receita de Goiás. A receita de hoje não é compatível com as demandas da cidade.

Italo Wolff — O sr. pretende ampliar as parcerias com o governo de Ronaldo Caiado?

Uma cidade com demandas crescentes, mas sem uma arrecadação correspondente, precisa muito do apoio do governo do Estado. Por isso, nós vamos estabelecer parcerias com Ronaldo Caiado, o melhor governador do Brasil. Vamos trabalhar com Ronaldo Caiado, com o vice-governador Daniel Vilela, com a primeira-dama Gracinha Caiado e com o ex-prefeito Gustavo Mendanha. Aparecida vai crescer, com qualidade, e não de maneira desordenada. Por isso insisto tanto que faremos uma gestão planejada.

Mas nós vamos ter de tomar as decisões necessárias. Assumimos o compromisso com a população de fazer uma gestão eficiente, que apresente resultados.

Euler de França Belém — O setor de serviços contribui mais para a formatação do PIB de Goiás do que indústria e agronegócio. O sr. terá um olhar especial para a área?

Não vamos criar hierarquias, sugerindo que um setor é mais importante do que outro. Mas teremos, é claro, um olhar especial para a indústria, que gera emprego e aumenta a renda, e para os serviços, que qualifica a renda. O agronegócio não é o forte do nosso município. A nossa vocação são serviços e indústrias.

Italo Wolff — Aparecida tem um dos melhores parques industriais de Goiás, não é?

De fato, o parque de Aparecida é, cada vez mais, um dos melhores do país, e está em expansão. A economia local não está estagnada. Onde funcionava o semiaberto do presídio do município será um distrito industrial. As obras do novo distrito estão aceleradas. Duzentas novas empresas vão se instalar em Aparecida, o que vai gerar mais de 20 mil empregos. Assim que estiver funcionando a pleno vapor, juntando com o distrito anterior, nós teremos, possivelmente, o maior parque industrial do Estado. Ninguém segura Aparecida, e muito menos a burocracia vai travá-la. A receita subirá em progressão geométrica.

“Vamos asfaltar as ruas da cidade. É o nosso compromisso”

Júnior Kamenach — As demandas são várias — de curto, médio e longo prazo. Como o equilibrar todas as demandas?

Com planejamento, com racionalidade. De imediato, é claro, temos de resolver os problemas emergenciais. E, garanto, serão resolvidos. Não fui eleito para ficar reclamando, e sim para resolver os problemas e melhorar a qualidade de vida de todos. A minha equipe vai resolver os problemas candentes e vai operando, aos poucos, para resolver os demais problemas, como a retomada das obras.

Italo Wolff — Maguito Vilela e Gustavo Mendanha fizeram grandes programas de pavimentação asfáltica. O sr. dará continuidade?

Como se sabe, o investimento é alto, daí a necessidade de um empréstimo, como o do Brics, que vamos tentar conquistar. Mas, sim, vamos ampliar a pavimentação da cidade. Cerca de 20% das ruas ainda não têm pavimentação. Só com o fluxo de caixa da prefeitura será difícil fazer obras mais rapidamente. Friso, porém, que vamos atender a população. Quem vive numa rua com asfalto não sabe o quão é terrível viver numa rua não pavimentada. Há poeira e, quando chove, lama. Prejudica até a saúde das pessoas.

Italo Wolff — O sr. fala de bairros que não estão pavimentados. Há outros problemas?

Sim. Há obras de ligações entre bairros, pontes, bueiros.

Euler de França Belém — Procede que Aparecida de Goiânia tem mais de 4 mil comissionados?

O número oficial, que me foi passado, é de mais de 4 mil comissionados. Nós vamos avaliar o trabalho deles. A comissão de transição, que observa a legalidade de tudo, vai apurar o que a máquina pública representa de fato. A minha orientação é: planejar e operar dentro dos marcos da legalidade.

Italo Wolff — O relacionamento institucional com o prefeito Vilmar Mariano tem sido positivo?

O relacionamento com Vilmar Mariano é tranquilo, sem atropelos. Estou preocupado com gestão. Sou idealista. Independentemente de ele ter apoiado outro candidato, eu penso mais no bem comum, ou seja, na cidade e nas pessoas. Portanto, não estou preocupado com relações pessoais, e sim com as entregas que a prefeitura precisa fazer à coletividade. Vilmar Mariano e sua equipe têm o dever de repassar uma prefeitura em melhores condições, não para me agradar, e sim para beneficiar a população.

Júnior Kamenach — O sr. trabalha com a possibilidade de o prefeito Vilmar Mariano não pensar, ao repassar a prefeitura, na questão da responsabilidade com as pessoas e com a legislação?

Os dados, como as dívidas com a saúde e o transporte coletivo, sugerem que, no momento, está faltando responsabilidade por parte da gestão municipal. E repito: estão prejudicando a população. Como sou um político e gestor de boa vontade, espero que, com as duas arrecadações restantes— supostamente, juntas, no valor de 400 milhões de reais, quase meio bilhão —, Vilmar Mariano faça um esforço e quite as dívidas.

Euler de França Belém — Por ser deputado federal, portanto precisa atender a população de Aparecida, Professor Alcides Ribeiro ligou, depois das eleições, para cumprimentá-lo e oferecer os préstimos de parlamentar?

O deputado Professor Alcides não me ligou. (Leandro Vilela fala sério, mas não parece incomodado.)

“Minha convivência com os vereadores será republicana”

Euler de França Belém — O grupo do sr. tem maioria na Câmara Municipal?

Nosso grupo elegeu 12 entre 25 vereadores. Mas estamos conversando com partidos que não fizeram parte de nossa coligação e há disposição de alguns vereadores de manterem diálogo aberto conosco. Não estou preocupado com os jogos de poder, e sim com a governabilidade. Então, vou conviver bem, de maneira respeitosa, com todos aqueles que colocarem os interesses públicos — dos mais de 600 mil cidadãos de Aparecida — acima dos interesses pessoais ou de grupos. [Nota da redação: a tendência é que o presidente da Câmara pertença ao grupo de Leandro Vilela. Os dois políticos mais cotados são Gilson Meu Povo e Tatá Teixeira. Professor Alcides opera pelo vereador André Fortaleza.]

Júnior Kamenach — Então, o sr. avalia que a relação com a Câmara será tranquila?

Acredito. Vou atender as reivindicações republicanas dos vereadores. Afinal, são representantes da população. Como tais, devem fiscalizar os atos da prefeitura e, ao mesmo tempo, apresentar propostas em benefício dos aparecidenses. Parte das demandas dos moradores da cidade deve chegar ao Executivo por suas mãos. Não vou enviar nenhuma matéria para a Câmara que não seja do interesse da população.

Euler de França Belém — O sr. já está montando o secretariado?

O secretariado ainda não está sendo montado, apesar das especulações da imprensa. Por uma questão de responsabilidade, ou seja, de respeito à população de Aparecida, estou mais preocupado, no momento, em obter dados, quer dizer, uma base de dados confiável para que possa iniciar a gestão de maneira planejada. A partir da segunda quinzena de novembro, com os dados apurados, vamos começar a pensar nos nomes.

Euler de França Belém — Diz-se que o médico Alessandro Magalhães estaria sendo disputado pelo sr. e pelo prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel, do União Brasil.

Na verdade, e vou ser sincero: não há nenhum nome definido. Mas claro que o médico Alessandro Magalhães é, tecnicamente, um bom nome. É um quadro qualificado, preparado e, sobretudo, conhece bem o setor de saúde de Aparecida, pois foi secretário da área. Ele abriu o HMAP e articulou a gestão do Einstein.

Euler de França Belém — Sandro Mabel pode “fisgá-lo” para Goiânia….

[Risos] Ora, amigo Mabel, deixe o Alessandro em Aparecida. Ele gosta demais da cidade e tem compromisso com o município. [Seria quase uma forma de anunciá-lo? Rindo, Leandro Vilela nada diz.]

“Fui eleito por trabalhar mais e o eleitor me recompensou”

Euler de França Belém — Professor Alcides Ribeiro era o favorito e foi difícil virar o jogo. Quando, exatamente, o sr. percebeu que poderia derrotá-lo?

Admito: não foi fácil virar. Mas preciso confessar uma coisa: desde que recebi a missão do governador Ronaldo Caiado, do vice-governador Daniel Vilela, do ex-prefeito Gustavo Mendanha e da primeira-dama Gracinha Caiado, de tantos amigos e aliados de Aparecida, eu percebi que, com uma campanha bem-feita, ancorada em propostas de melhorar a cidade e ampliar qualidade de vida das pessoas, poderia ser eleito. Entendi também como uma missão dada por Deus. Como diz o ditado, não cai uma folha se não for pela vontade de Deus.

Italo Wolff — O sr. percebeu que, dado o amplo apoio, poderia derrotar Professor Alcides?

Senti, desde o início, que os eleitores não queriam votar em Alcides e queriam saber quem era o outro candidato, o Vilela [Risos]. Então, me apresentei, andei por todos os bairros, caminhei pelas ruas, ao lado de Gustavo Mendanha, de Daniel Vilela, de Ronaldo Caiado, de Gracinha Caiado e de líderes locais. Percebi, no contato direto com as pessoas — olho no olho — que os moradores de Aparecida me viam como uma alternativa real. Ouvi de um estudante universitário da Unifan: “Vá, Vilela, derrotar a vanguarda do atraso”.

Júnior Kamenach — O que mais o sr. percebeu?

Que, enquanto o outro candidato se escondia, não se sabe por qual motivo, eu precisava me expor cada vez mais. Para ser conhecido e analisado pelos eleitores. Deu certo. O Vilela, ao se apresentar maciçamente, em todos os lugares — feiras, ruas, jornais, sites e emissoras de rádio e televisão —, acabou quase vencendo no primeiro turno. [Leandro ri ao notar que está falando de Vilela na terceira pessoa, como o presidente Lula da Silva e Pelé.] Trabalhei mais e, por isso, fui recompensado pelos eleitores. O candidato que ficou em casa, se escondendo, foi esquecido pelos eleitores. O eleitor não perdoou aquele que adorava ser o primeiro a chegar atrasado. Mas admito, mais uma vez, que não foi fácil, ao menos no início e no meio da campanha.

Euler de França Belém — É claro que o sr. esteve presente, e de maneira qualitativa, nas redes sociais. Mas o sr. começou a crescer ao se expor nas ruas de Aparecida. O Vilela parecia onipresente. Era, por assim dizer, o homem-bairro. Você tomou um “banho” de bairro. Um dia ouvi na área de lanche do Buriti Shopping: “Alcides? O sumido. Vilela? O aparecido”.

[Risos] De fato, fiz uma campanha usando e abusando do corpo a corpo. Fui o candidato mais visto, pessoalmente, pelos eleitores. As pessoas passavam e cumprimentavam: “Olá, Vilela”. Até as crianças gritavam meu nome nas ruas. Não se ganha uma campanha apenas no horário gratuito de televisão, nas redes sociais ou nas ruas. Ganha-se trabalhando em todos os lugares possíveis e disponíveis. Notei que a população gosta de ver o candidato, até de tocá-lo. Outra coisa: há pelo menos dois ícones na política de Aparecida: Maguito Vilela e Gustavo Mendanha. A campanha me mostrou isto. O primeiro é meu tio; o segundo, aliado e amigo.

O post Leandro Vilela: “Caiado está preparado pra governar o Brasil e Daniel está qualificado pra gerir Goiás” apareceu primeiro em Jornal Opção.

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