Representante do Hamas diz que o grupo estaria “disposto” a aceitar trégua com Israel

Basem Naim, um dos diretores do escritório político do Hamas, disse que o grupo está “disposto” a aceitar um acordo de trégua com Israel, no conflito na Faixa de Gaza. O representante do grupo paramilitar pede que o presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump pressione o estado judeu em direção a uma negociação de paz. 

O governo de Israel voltou a bombardear o território palestino nesta sexta-feira, 15. A guerra dura mais de um ano, já destruiu quase toda a infraestrutura em Gaza, matou milhares, desalojou milhões, além de desdobrar para países próximos, como o Líbano. 

“O Hamas está disposto a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, caso uma proposta seja apresentada e com a condição de que (Israel) a respeite”, afirma Basem Naim.

O representante do Hamas reforçou o pedido a Trump para que ele pressione o governo israelense “para que interrompa a agressão” em Gaza.

“O Hamas informou aos mediadores que é favorável a qualquer proposta que leve a um cessar-fogo definitivo e à retirada militar da Faixa de Gaza, permitindo o retorno dos deslocados, um acordo sério para a troca de prisioneiros, a entrada de ajuda humanitária e a reconstrução”, disse Naim.

Histórico

O conflito entre Israel e o Hamas teve início em 7 de outubro de 2023, quando combatentes do grupo islamista realizaram um ataque ao sul de Israel, matando 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestrando 251 indivíduos. Os dados são da AFP, com base em fontes oficiais israelenses, e incluem reféns que morreram em cativeiro.

Atualmente, 97 reféns seguem detidos na Faixa de Gaza, incluindo 34 declarados mortos pelo Exército de Israel. Como resposta ao ataque, Israel iniciou uma campanha militar na região, que já resultou em mais de 43.700 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujas informações são consideradas confiáveis pela ONU.

As negociações para um cessar-fogo estão paralisadas. O Catar, que atuava como mediador, anunciou a suspensão de suas iniciativas de diálogo entre as partes. Paralelamente, a recente eleição de Donald Trump nos Estados Unidos pode influenciar os rumos do conflito, já que o republicano prometeu trabalhar pela pacificação da região.

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Nesta sexta-feira, a Jihad Islâmica, aliada do Hamas e envolvida no ataque de outubro, divulgou um vídeo de um refém israelense em Gaza. No registro, Sasha Trupanov pede maior pressão pela sua libertação e a dos demais reféns.

Desde o começo da guerra, apenas uma trégua foi registrada, no final de novembro de 2023, permitindo a libertação de mais de 100 reféns. Enquanto isso, a Faixa de Gaza enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, com a população vivendo em condições extremas em meio à destruição causada pelas operações militares.

“Fui acordado pelo barulho do bombardeio às 2H30”, disse um homem que teve a casa destruída durante o bombardeio desta sexta-feira, 15. Mohamed Baraka, morador de Deir el Balah, no centro do território, disse que o ataque deixou 15 mortos. 

Hezbollah

Desde o final de setembro, Israel também mantém uma guerra aberta contra o Hezbollah, movimento islamista aliado do Hamas, no território libanês. A ofensiva, segundo autoridades israelenses, visa criar condições para o retorno de cerca de 60 mil moradores do norte de Israel, deslocados após mais de um ano de lançamentos incessantes de foguetes pelo grupo pró-Irã.

Nesta sexta-feira, novos bombardeios israelenses atingiram os subúrbios de Beirute, de acordo com informações da agência nacional libanesa de notícias (NNA). Durante a noite, ataques também foram registrados em Nabatiyeh, no sul do Líbano. O Exército de Israel afirmou ter alvejado centros de comando da unidade de elite do Hezbollah, Al Radwan, e lançadores de foguetes utilizados contra o norte de Israel.

A tensão no norte de Israel permanece alta. Sirenes de alerta foram acionadas na baía de Haifa, e dois projéteis disparados do Líbano foram interceptados pelo sistema de defesa israelense.

Desde o início do conflito, em 23 de setembro, mais de 3.300 pessoas morreram no Líbano, com a maioria das vítimas sendo civis, conforme dados do Ministério da Saúde libanês. A escalada intensifica a crise humanitária no país, já profundamente abalado por anos de instabilidade política e econômica.

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