Defesa Civil identifica áreas de risco em Goiânia com possibilidade de desocupação de famílias

Um levantamento feito pela Defesa Civil mostra uma série de áreas em risco hidrológico e geológico em Goiânia. Classificando as diferentes regiões da capital em quatro níveis de perigo, o documento considera possíveis alagamentos, enxurradas e deslizamentos de terra que podem pôr em risco o ambiente e, principalmente, a população. Entre as possíveis alternativas propostas pelo órgão, está a desocupação de cerca de 100 pessoas. 

Em entrevista ao Jornal Opção, o coordenador de Áreas de Risco da Defesa Civil, Marcelo Luz, explica que a orientação geral é recorrer à desocupação das áreas como último recurso possível. Apesar do entendimento de que o ideal é manter as famílias nos locais em que elas já se habituaram, o profissional afirma que, em alguns casos, não existem outras opções. 

“É uma filosofia do Ministério das Cidades, ao qual as Defesas Civis estão ligadas, que é para não retirar as pessoas de onde moram, mas, em alguns pontos, a gente identifica essa extremidade, essa ação extrema de ter que retirar”, explicou Luz.

Segundo dados da Defesa Civil, estão entre as áreas de possível remoção de pessoas: Vila Bandeirantes (quatro estruturas, entre residenciais e comerciais), Parque Tremendão (10 estruturas) e no Jardim Petrópolis (de 10 a 12 estruturas, a depender da avaliação final do órgão), todos com risco geológico, e também no Jardim Mirabel (43 estruturas) por risco hidrológico. 

Conforme conta Luz, 16 famílias já foram realocadas na Vila Fernandes devido aos riscos hidrológicos. Também existe caso de desocupação no setor Novo Mundo II em andamento na Justiça. Sobre este caso, a Defesa Civil não passou mais detalhes. Apesar dos números e da medida alarmantes, Luz garante que todos os recursos alternativos serão empregados para evitar a desocupação. “Em alguns pontos, é possível que a Prefeitura faça obras mitigadoras que vão atenuando o risco ali e as pessoas podem permanecer ali no local”, resumiu. 

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Áreas de risco 

O levantamento da Defesa Civil mapeou todas as áreas de risco da cidade, entre elas, existem outros pontos com alto risco geológico e hidrológico, mas nestes a desocupação não se coloca como uma possibilidade e outras medidas podem surgir. “A Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Goiânia foca na prevenção, no sentido de evitar ou minimizar as consequências dos eventos desastrosos”, colocam no documento. 

Ao todo, o levantamento mostra 33 áreas de risco na capital do estado. Os pontos mais críticos, com nível quatro de perigo, estão no Residencial Recanto do Bosque (Inundação), no Jardim Petrópolis (deslizamento de solo ou rocha), na Vila Maria Rosa (inundação), no Conjunto Caiçara (inundação), no Jardim Novo Mundo II (movimento de massa sobre erosão aterrada), no Jardim América (Erosão fluvial e feições erosivas próximas da ponte da Avenida Alpes), Setor Gentil Meirelles (Inundação), Vila São José (Inundação), Vila Fernandes (Inundação) e na Vila Roriz (inundação). 

Medidas educativas, obras preventivas e ações de contenção podem ajudar a manter os níveis de segurança nas áreas ou até regredir o nível de perigo dessas áreas. Como essas regiões são constantemente monitoradas pela Defesa Civil, quaisquer falhas nas medidas adotadas são corrigidas. A desocupação se coloca como último recurso. 

Veja abaixo a lista completa das áreas classificadas como de risco, com respectivo nível de perigo

Aumento das zonas de atenção

Segundo a Defesa Civil do município, a cidade conta com 126 locais de acúmulo de água durante a chuva. O número representa um aumento de 27,7%, se comparado ao levantamento do órgão em 2023. Na época, a capital tinha 99 pontos de alagamento espalhados por toda a cidade. 

Além dos pontos de alagamento, as áreas em situação de risco também apresentaram aumento na comparação com 2023. Há dois anos, eram 30 regiões catalogadas pela Defesa Civil. Atualmente, a Prefeitura de Goiânia tem 33. Ou seja, uma alta de 10%. 

Segundo o coordenador do órgão, as áreas de risco são definidas quando há casas ou comunidades vivendo em locais sujeitos a riscos hidrológicos e geológicos, tais como: enxurradas, erosões, deslizamentos e inundações. 

Nas regiões consideradas de risco, as equipes verificam a presença de entulhos nos córregos e se houve algum tipo de trinca, rachadura, infiltrações ou indícios de possíveis deslizamentos que possam trazer riscos à população. Durante o período chuvoso, a fiscalização é redobrada. 

Sobre o aumento das áreas de risco, Luz explica que “mesmo com algumas obras de intervenções, alguns pontos continuam tendo alagamentos” ou “aquela obra que foi feita em um ponto resolveu, mas aumentou alagamento em outro ponto à frente”, o que resultou no aumento de áreas monitoradas. 

Plano Diretor de Drenagem Urbana 

Está em andamento a elaboração de um Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia, uma parceria entre a Prefeitura e os pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Em entrevista ao Jornal Opção, o coordenador do projeto, professor Klebber Formiga, explica que a implantação do plano garante atenção especial e contínua para essas áreas de maior risco. As medidas propostas visam reduzir o nível de perigo das áreas, objetivando retorná-las à normalidade do cotidiano. 

Obras de contenção, medidas educativas sobre descarte de resíduos, incentivos à permeabilização dos terrenos, rotinas de desobstrução das galerias pluviais e a criação de alertas específicos para áreas de risco são algumas das medidas apontadas no documento. Formiga é categórico ao concordar com Luz: “Desocupação é uma solução, mas você pode ter outras”. 

Para o responsável pela elaboração do plano, é possível que medidas de engenharia, por exemplo, consigam reverter o nível de perigo de determinadas regiões. A construção de diques, por exemplo, pode redirecionar o fluxo de água para regiões desabitadas, garantindo a permanência de famílias que moram em zonas de alerta. 

A entrega do plano está prevista para o fim do primeiro semestre deste ano, e sua implementação (considerando as obras apontadas) depende da disponibilidade orçamentária da Prefeitura. A expectativa é de que a maior parte das intervenções já tenham tido início um ano após a entrega do documento oficial completo. 

Governo Estadual

Ao mesmo tempo, o governo de Goiás lançou a Operação Goiás Alerta e Solidário. A campanha mobiliza diversos setores da administração estadual, visando a evitar tragédias, minimizar os possíveis danos e garantir a segurança da população em risco. O governador Ronaldo Caiado (UB) enfatizou a importância dessa abordagem preventiva, destacando que a ação não só salva vidas, mas também reduz os custos associados a desastres naturais.

A operação segue o modelo do bem-sucedido ‘Nordeste Solidário’, que nos anos anteriores desempenhou um papel fundamental na mitigação dos impactos das chuvas, reduzindo o número de municípios em situação de emergência. Em 2022, o governo de Goiás investiu R$ 76 milhões no enfrentamento de desastres naturais, somando-se aos R$ 46 milhões alocados em 2021/2022. O objetivo é garantir que o estado esteja preparado para proteger suas comunidades em tempos difíceis.

Até o momento, a adesão dos prefeitos se mostrou abaixo do esperado. O Jornal Opção solicitou posicionamento ao governo estadual sobre a baixa procura, mas não obteve resposta até o momento de publicação desta pauta. O espaço segue aberto. 

Lista de áreas de risco em Goiânia:

ÁREA: 1 – Vila Concórdia – Movimentação de massa sobre erosão aterrada (Risco alto, afetando 25 famílias). 

ÁREA: 2 – Vila Roriz – Inundação (Risco muito alto, atingindo cerca de 300 famílias) 

ÁREA: 3 – Residencial Serra Azul – Inundação (risco médio com potencial para alto, afetando 25 famílias) 

ÁREA: 4 – Setor Capuava – Inundação (risco médio a alto, atingindo quatro residências) 

ÁREA: 5 – Setor Perim – Deslizamento (risco médio a alto, afetando de duas a três famílias)

ÁREA: 6 – Vila Fernandes – Inundação (risco muito alto; não há famílias no local) 

ÁREA: 7 – Vila São José – Inundação (risco muito alto para aproximadamente 300 famílias) 

ÁREA: 8 – Setor Gentil Meirelles – Inundação (risco muito alto, afetando de 70 a 80 residências) 

ÁREA: 9 – Jardim América, próximo a ponte da Avenida Alpes – Erosão fluvial (risco muito alto para aproximadamente 40 residências) 

ÁREA: 10 – Jardim Mirabel – Alagamento de vias (risco alto à integridade física das 35 famílias que moram ali) 

ÁREA: 11 – Setor Norte Ferroviário – Inundação (20 famílias em risco alto) 

ÁREA: 12 – Jardim Novo Mundo II – movimento de massa erosiva sobre erosão aterrada (risco muito alto para 700 ou mais famílias)

ÁREA: 13 – Parque Tremendão – Deslizamento de solo e/ou rocha (risco à integridade física das 12 famílias que ali residem) 

ÁREA: 14 – Região do Córrego Fundo, nos bairros Privê Norte e Jardim Curitiba II (risco alto de inundação para cinco famílias) 

ÁREA: 15 – Setor Aeroporto – Inundação (risco médio com potencial para alto atingindo 11 famílias) 

ÁREA: 16 – Conjunto Caiçara – Inundação (risco muito alto para aproximadamente 100 famílias) 

ÁREA: 17 – Setor dos funcionários – Inundação (risco alto para 100 famílias) 

ÁREA: 18 – Vila Bandeirantes – Deslizamento de solo (risco muito alto para cinco ou seis residências) 

ÁREA: 19 – Vila Megale – Erosões nas margens do córrego (risco de médio a alto para 25 famílias) 

ÁREA: 20 – Vila Maria Rosa – Inundação (risco muito alto; não há famílias morando no local) 

ÁREA: 21 – Vila Monticelli – Alagamentos e inundação (risco médio com potencial para alto, atingindo cerca de seis famílias) 

ÁREA: 22 – Vila Romana/ Rua Pompeia – Queda de blocos e rupturas planares (risco médio com potencial para alto, atingindo de três a quatro residências). 

ÁREA: 23 – Vila Santa Helena – Erosão Fluvial (risco baixo para cerca de sete residências) 

ÁREA: 24 – Colônia Santa Marta – Inundação (risco alto para muito alto, atingindo cinco famílias)

ÁREA: 25 – Vila Maria Luiza – Erosões nas margens do córrego (risco alto para 25 famílias) 

ÁREA: 26 – Vila Santa Efigênia – Erosão fluvial (risco alto para aproximadamente 10 famílias) 

ÁREA: 27 – Jardim América divisa com Parque Amazônia – Erosão fluvial (risco muito alto para cerca de 15 famílias) 

ÁREA 28 – Jardim Petrópolis – Deslizamento de solo e/ou rocha (risco muito alto à integridade física das pessoas que moram nas 10 residências na região e para quem transita pela região)

ÁREA 29 – Setor Perim – Deslizamento de solo e ou rocha (risco alto à integridade física das pessoas que moram nas cinco residências, e para quem transita pela região) 

ÁREA 30 – Vila Nossa Senhora Aparecida – Alagamento (risco médio à integridade física de quem reside ou trabalha nas sete casas e uma empresa da região) 

ÁREA 31 – Ponte da Avenida Gabriel Henrique  – Inundação (risco alto à integridade física das pessoas que ali transitam)

ÁREA 32 – Residencial Recanto do Bosque – Inundação (Risco muito alto à integridade física das 54 famílias que residem ali) 

ÁREA 33 – Setor Campinas – Inundação (risco alto à integridade física das 19 famílias que moram ali)

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