PF conclui que Bolsonaro deixou o Brasil para evitar prisão e esperar desfecho do 8/1

A Polícia Federal (PF) revelou, em relatório tornado público nesta terça-feira, 26, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou o Brasil no final de 2022 para evitar uma possível prisão. A investigação indica que Bolsonaro aguardava o desfecho dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília. O relatório também detalha um plano de fuga, inicialmente elaborado em 2021, e adaptado após o fracasso de uma tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos nos últimos dias de dezembro de 2022, encerrando seu mandato antes mesmo de passar a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva. A viagem, que à época foi justificada como “pessoal”, estendeu-se até março de 2023, período em que o ex-presidente permaneceu em Orlando, Flórida. Segundo a PF, sua saída estratégica do país estava alinhada ao plano de fuga elaborado por aliados próximos desde 2021.

O relatório da PF, que embasou o indiciamento de Bolsonaro e de outros 36 envolvidos em atos contra o Estado Democrático de Direito, afirma que o ex-presidente se preparava para reagir a uma eventual prisão ou a ações do STF. Esse plano incluía o uso de armamento para garantir sua evasão, evidenciando o grau de organização e risco envolvido na tentativa de ruptura institucional.

As investigações identificaram o plano em documentos encontrados no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e agora delator. Entre os arquivos, um PowerPoint detalhava estratégias para criar uma rede de apoio à fuga, caso Bolsonaro decidisse desobedecer decisões judiciais ou enfrentar ações do STF.

O plano, originalmente concebido em 2021, previa a utilização de armamentos e infraestrutura logística para a evasão. Com o insucesso do golpe de Estado em 2022, as estratégias foram adaptadas para permitir que Bolsonaro deixasse o Brasil em segurança e aguardasse os desdobramentos das movimentações golpistas à distância.

No relatório, a PF conclui que “o plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado”. 

Atos golpistas e o papel de Bolsonaro

A tentativa de golpe ganhou força após a vitória de Lula nas eleições de 2022, quando Bolsonaro e aliados passaram a questionar os resultados. Sem conseguir apoio suficiente das Forças Armadas para uma ruptura institucional, o ex-presidente optou por deixar o país, evidenciando sua participação indireta nos atos golpistas.

Os eventos culminaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF. A investigação da PF apontou que a organização criminosa acreditava que as manifestações violentas poderiam gerar pressão suficiente para reverter o resultado eleitoral e reinstaurar Bolsonaro no poder. No entanto, a reação das autoridades brasileiras impediu a concretização desse objetivo.

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