Como o bloco Vanguarda foi de azarão na Câmara à peça de sustentação da nova Prefeitura

No final de 2022, com o início da “temporada de cassação de chapas de vereadores”, alguns parlamentares formaram o bloco Vanguarda na Câmara Municipal de Goiânia. O objetivo do grupo era buscar maior representatividade para seus membros, especialmente aqueles que ingressaram na Casa após as primeiras cassações.

Por exemplo, o líder Igor Franco (MDB) havia acabado de entrar na Câmara, junto com Welton Lemos (Solidariedade), nas vagas de Marlon Teixeira e Professor Márcio, ambos do Cidadania, cuja chapa foi anulada. Um mês antes, Paulo Magalhães (UB) também havia conquistado uma cadeira após a cassação dos vereadores do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB).

Os três, juntamente com Anderson Sales (MDB) e Gabriela Rodart (Solidariedade), formaram a primeira composição do grupo. No entanto, Sales saiu, Rodart foi cassada por infidelidade partidária, e o vereador Willian Veloso (PL) também entrou e saiu. O bloco também recebeu Lucas Kitão (UB), Markim Goyá (PRD) e Bill Guerra (MDB).

É importante lembrar que, entre 2022 e 2023, diversas chapas foram cassadas por desrespeito à cota de gênero na Câmara Municipal de Goiânia. Como resultado, a Casa sofreu sete alterações no quadro de vereadores. Os processos foram movidos pelo conhecido “grupo dos onze”, liderado por Franco.

O “grupo dos onze” era formado por vereadores suplentes que buscavam uma cadeira no Legislativo. Além de Franco, Magalhães, Lemos, Goyá e Guerra, o agora vereador Fabrício Rosa (PT) também fez parte do grupo, junto com a ex-vereadora Priscilla Norgann (PSD), William do Armazém, Tiãozinho Porto (MDB) e outros dois suplentes.

Relação turbulenta

No último ano, a relação dos integrantes do bloco Vanguarda com os outros membros da Câmara Municipal foi marcada por momentos “turbulentos”. Por conta do fantasma das cassações, o clima começou a pesar entre os parlamentares. Posteriormente, o bloco também teve atritos com o presidente da Casa, Romário Policarpo (PRD).

Há quem diga que o plano de Igor Franco era se tornar presidente do Legislativo, construindo um bloco a partir do “grupo dos onze”. Basicamente, um vereador aliado de Policarpo seria cassado, e entraria em seu lugar um nome mais próximo de Franco.

Na fase mais crítica do conflito, os vereadores do bloco Vanguarda chegaram a ficar “isolados” no Parlamento. Houve um momento em que Lucas Kitão também apresentou denúncias contra a Mesa Diretora, relacionadas a contratos de aluguel de UTIs móveis, aluguel de veículos e reforma do Auditório Jayme Câmara.

Em outro momento, a disputa levou o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) a exonerar mais de 100 servidores ligados aos vereadores do bloco. Um dos exonerados foi o irmão do líder, Diogo Franco, que ocupava o cargo de titular da antiga Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa de Goiânia.

Por conta das exonerações e de outras situações, o bloco transitou em vários momentos entre a situação e a oposição ao prefeito Cruz. No entanto, os vereadores do Vanguarda, já alinhados com Sandro Mabel (UB), terminaram a legislatura na oposição.

Um novo começo

Ainda em 2023, Igor Franco e Romário Policarpo iniciaram discussões para a “pacificação” da Câmara, e a paz reinou até o final dos mandatos no ano passado. O bloco Vanguarda deixou de existir, e a Câmara retornou a um único agrupamento.

Durante o período de janela partidária, ainda houve receios quanto à aceitação de Franco no Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Na época, candidatos emedebistas relataram ao Jornal Opção que seu comportamento na Câmara era um obstáculo, além de considerarem que ele seria um candidato com votos demais para ser encaixado na chapa. No entanto, a inclusão de Franco foi uma solicitação do vice-governador e presidente do partido, Daniel Vilela.

Aliados do prefeito Sandro Mabel, os integrantes do extinto bloco Vanguarda se tornaram “cavaleiros” da próxima gestão ainda durante o processo de transição. Além de realizarem campanha durante o período eleitoral, trabalharam em matérias que poderiam gerar desgaste, como a Taxa de Limpeza Pública (TLP), conhecida como “Taxa do Lixo”.

De certa forma, os trabalhos renderam espaços importantes para os vereadores dentro da gestão municipal e na atual legislatura da Câmara.

Igor Franco se tornou líder de Mabel na Câmara e integra as comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Mista, Finanças, Empreendedorismo, Saúde, Educação, Meio Ambiente e Direitos da Criança e do Adolescente. Vale lembrar que as três primeiras comissões devem incluir o líder do prefeito, conforme as novas regras da Câmara. Ele também ajudar o líder do Executivo nas ações do jantar no Palácio das Esmeraldas e Goiás Social.

Pontuando que o seu irmão, Diogo, também se tornou titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Agricultura e Serviços.

Lucas Kitão deixou o mandato na Câmara e assumiu a recém-criada Secretaria de Gestão, Negócios e Parcerias. A pasta desempenha atribuições da antiga Sedec, como a gestão das feiras de Goiânia, além de equipamentos públicos, incluindo o Complexo Industrial da Pedreira, o Parque Multirama e o Parque Zoológico.

Vale lembrar que Kitão também teve desentendimentos anteriores com Policarpo, antes mesmo da criação do bloco Vanguarda. Em 2021, ele foi o único vereador contrário ao terceiro mandato do presidente da Câmara. Já no ano seguinte, questionou a possibilidade de uma segunda reeleição de Policarpo por meio de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, a questão parece estar resolvida, e a página foi virada.

Welton Lemos comandará a Comissão de Finanças, Orçamento e Economia (CFOE), considerada a segunda mais importante da Casa. Ele também integra as comissões de Pessoas Portadoras de Deficiência e/ou Necessidades Especiais e de Legislação Participativa.

Markim Goyá se tornou presidente da Comissão de Direitos dos Idosos (CDI) e também faz parte das comissões de Lazer, Esporte e Turismo, e de Direitos da Criança e do Adolescente.

Paulo Magalhães não foi reeleito, mas a articulação que levou Lucas Kitão para o Paço Municipal abriu espaço para o retorno do vereador. Apesar de ser o segundo suplente, a primeira suplente Gabriella Baía não deve assumir o mandato, assim ele será o próximo da lista.

Há, ainda, a expectativa de que Gabriela Rodart, que já foi vice-líder do grupo, seja indicada para integrar de alguma forma a administração municipal, pela cota do Solidariedade, segundo fontes ouvidas pelo Jornal Opção.

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