Meta encerra programa de checagem de fatos, acena para Trump e critica governos da Europa e América Latina

A Meta, empresa responsável por Facebook, Instagram e Threads, anunciou o fim do seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos. O programa, implementado há oito anos para combater a desinformação, será substituído por um sistema de “Notas da Comunidade”, semelhante ao modelo usado pelo X (antigo Twitter), de Elon Musk.

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, explicou a decisão afirmando que o sistema atual de checagem apresenta “muitos erros e censura excessiva”. Ele declarou: “É hora de voltar às nossas raízes sobre a liberdade de expressão”.

A mudança ocorre em meio à reaproximação da Meta com conservadores, especialmente após a reeleição de Donald Trump à presidência. Em novembro, Zuckerberg encontrou-se com Trump e aliados em eventos políticos, sinalizando alinhamento estratégico.

No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou preocupação com a decisão, apontando riscos em um cenário global marcado por tensões ideológicas. Zuckerberg, por sua vez, criticou sistemas judiciais de países latino-americanos e “censura” na Europa e China.

Com o fim do programa de fact-checking, os usuários terão papel mais ativo na identificação de conteúdos duvidosos. O sistema Notas da Comunidade permitirá adicionar comentários e correções às postagens.

Brasil

Pouco após a Meta anunciar as mudanças, o Secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, classificou o posicionamento como uma “declaração fortíssima”.

“Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online. A declaração é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump”, disse Brant.

A Secom interpretou a declaração da Meta como uma crítica direta ao Supremo Tribunal Federal: “É uma declaração contundente, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (afirmando que ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da equipe de ‘trust and safety’ da Meta – tudo para evitar cumprir a lei da Califórnia”, disse João Brant em publicação no X.

Para o secretário, as mudanças indicam que o Facebook e o Instagram estão priorizando a liberdade de expressão individual em detrimento da proteção de outros direitos individuais e coletivos. Ele também destacou que a decisão da Meta representa um movimento para “asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos”.

Segundo Brant, o anúncio reforça a relevância de ações regulatórias em curso na Europa, Brasil e Austrália, envolvendo os três poderes. No ano passado, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou a suspensão da rede social X no Brasil após o não cumprimento da determinação de indicar um representante legal no país. A plataforma foi restabelecida após atender às exigências previstas em lei.

Desde que assumiu o X, Elon Musk, grande doador de Donald Trump, tem promovido a rede social como suporte à nova presidência americana. Zuckerberg parece estar alinhando suas plataformas na mesma direção.

Aliados de Trump frequentemente criticam a Meta por adicionar avisos ou alertas a postagens consideradas falsas ou enganosas. O ex-presidente acusava a empresa de aplicar essas medidas de forma desproporcional contra conteúdos conservadores.

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