Zuckerberg quer liberdade para a reprodução de seu capital, não tem a ver com liberdade de expressão

Qual é a verdadeira “ideologia” de Elon Musk, do X, de Mark Zuckerberg, da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), e de Sergey Brin, do Google? A tendência é sugerir que são de direita e, até, de extrema-direita.

A rigor, ainda que não sejam “apolíticos” — na verdade, ninguém é —, são, acima de tudo, capitalistas que estão preocupados, cada vez mais, em aumentar suas margens de lucro.

Entretanto, as big techs e seus dirigentes se tornaram tão poderosos que, quando os homens do Estado não estão inteiramente a seu serviço, avaliam que devem operar para trocá-los.

Elon Musk, que não parece preocupado com ditadura e democracia, aderiu de imediato a Donald Trump, o presidente eleito dos Estados Unidos.

Jeff Bezos, da Amazon, ao perceber que o republicano tinha chances reais de vencer Kamala Harris, proibiu a cúpula do jornal “Washington Post” de apoiar em editorial a postulante democrata.

O bilionário Mark Zuckerberg agiu de maneira mais cautelosa. Esperou Trump vencer para pôs as manguinhas de fora.

Elon Musk e Donald Trump: o novo pacto faustiano do mercado e da política | Foto: Reprodução

Amparado pelo discurso de Trump, Zuckerberg tomou uma decisão: extinguiu as ferramentas que monitoram discursos políticos e fazem a checagem do conteúdo divulgado nas suas plataformas.

Num vídeo, Zuckerberg, com sua cara de roqueiro comportado e casadoiro, disse: “É hora de a Meta voltar às raízes no que se refere à liberdade de expressão”.

O discurso é até bonito e legalzinho. Pois quem não defende a liberdade de expressão? A rigor, Musk e Zuckerberg não estão realmente preocupados com liberdade de expressão. Para a dupla, embora não explicite isto, liberdade de expressão é conversa de intelectuais. Notadamente de pessoas de esquerda.

Musk e Zuckerberg avaliam que a regulação da internet, para evitar abusos — e não apenas políticos —, atrapalha seus negócios. Porque, quando mais agressivo o debate nas redes sociais, mais engajamento gera. Portanto, com mais pessoas envolvidas, mais faturamento. É o busílis da questão.

A dupla dinâmica, espécie de Coringa e Pinguim, quer um ambiente livre — o que não é sinônimo de liberdade de expressão — para reforçar e ampliar a reprodução de seus capitais. Por isso, colocam a política, com Trump, a serviço da economia, sobretudo de negócios particulares. Há um novo pacto faustiano entre o mercado e a política.

Não está em jogo, quando falam em defesa da liberdade de expressão, nenhum interesse público, e sim, basicamente, o interesse privado dos apóstolos das big techs. É isto.

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