Durante sua vida, Lynch ousou revolucionar o cinema e a televisão

No momento em que você passa a acompanhar o cinema, seja ele pipoca, cult, ou no meio termo, você entende que a direção é coisa mais importante para o nascimento de uma obra. O diretor é responsável por contar a história, definir a narrativa, tirar as melhores atuações de seus atores e colocar sua visão na obra.

No hall de maiores diretores de cinema que deixaram sua marca antes de morrer, temos nomes como Sérgio Leone, Ingmar Bergman, Stanley Kubrick, Akira Kurosawa e, desde de o início da tarde desta quinta-feira, 16, David Lynch.

Atípico com a forma de expressar sua visão, Lynch presentou o cinema com tudo que ele precisava: ousadia. Lá em 1977, com Eraserhead, uma história de terror surrealista, o diretor mostrou que o cinema merecia algo que não fosse mais do mesmo, e ele acerto. O longa, que foi seu primeiro, combina o imaginário surrealista e as correntes sexuais e trás aqui seus maiores trunfos. O filme também foi responsável por definir o estilo que seria aprimorado por Lynch.

Logo após Eraserhead, algo viria a mudar todo o cinema para sempre: “O Homem Elefante”. Segundo o professor de cinema da UFG, Lisandro Nogueira, o longa, de 1980, foi responsável por mudar todos os protocolos do cinema. “O filme é muito humano, muito sensível. Mesmo tendo uma narrativa simples”.

O filme foi um sucesso crítico e comercial, o primeiro de Lynch a combinar os dois, rendendo oito indicações ao Oscar do ano, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator, mas não venceu nenhum. Porém, essa não seria a última vez que o diretor teria a chance de vencer uma estatueta.

A próxima indicação de Lynch à premiação seria em 1987, com Veludo Azul, que foi considerado um dos grandes filmes da décadas para alguns e, para outros, um dos maiores de todos os tempos.

O sucesso que faria o diretor ser conhecido, no entanto, viria em 1990 com a série Twin Peaks. De acordo com Lisandro, a série revolucionou a forma de se fazer televisão. “Ele trouxe o excêntrico para dentro da TV. Fez coisas que as pessoas não estavam acostumada a ver, as revolucionou e as explorou. Não era algo que se costumava a ver em Hollywood. A maneira que ele abordou tudo é muito própria, e isso era encantador”, disse.

A série é, até hoje, uma das mais bem avaliadas pelo público e pela crítica. Nela, Lynch trabalhou de forma mais intensa as formas de trabalhar os “sonhos”.

Esse conceito de narrativas, que fazia certa brincadeiras com sonhos, ajudou o diretor a escrever e dirigir seu maior sucesso: “Cidade dos Sonhos”. O longa se tornou referência já no seu lançamento e, em Goiânia, ficou em cartaz por cerca de seis meses devido a alta demanda.

“Muitos afirmam que Lynch fazia um cinema difícil, muito pelo contrário, ele tinha um estilo particular e muito dele. Tinha retoques de terror psicológico, uma ironia com sonhos, e a ironia com a realidade. Ele soube trabalhar com tudo isso. E isso foi tão aceito pelo público que quando trouxemos Cidade dos Sonhos para uma mostra lá em meados dos anos 2000, o filme ficou em cartaz por seis meses no Cinema Lumiere”, relatou Lisandro.

“Mesmo não tendo sido tão pioneiro, por ser cria do cinema moderno dos anos 40 a 60, ele se tornou diferente. Ele criou um estilo só dele. Tanto que ele influenciou Tarantino, ele já falou isso. Eu, por exemplo, acredito que Lynch se tornou mais completo que Tarantino, justamente por ser mais ousado”, completou.

Leia também

Morre David Lynch, diretor de Cidade dos Sonhos, Duna e Twin Peaks

O post Durante sua vida, Lynch ousou revolucionar o cinema e a televisão apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.