José Nelto: “Sou da verdadeira política, da lealdade com o eleitor, e não da lacração”

José Nelto (PP) é político desde a redemocratização do Brasil. Desde que se tornou vereador de Goiânia, em 1983, nunca ficou sem mandato. Foi eleito vereador três vezes, deputado estadual cinco vezes, e está em seu segundo mandato como deputado federal. Compreendendo a política como poucos, José Nelto tem uma visão pragmática a respeito do papel que desempenha: melhorar a vida do cidadão. 

No Congresso Nacional, o deputado federal, que é vice-líder do governo, trabalha para aprovar projetos de interesse para o país e critica aqueles que não estão dispostos a dialogar, a quem chama de “políticos da lacração”. Defende a “política raiz”, ou seja, a política da construção de consensos e da negociação com o diferente. Bem relacionado, José Nelto tem entrada em todas as áreas da vida pública, conversando com representantes de todo o espectro ideológico. 

Nesta entrevista ao Jornal Opção, José Nelto dá sua opinião crítica sobre a gestão da prefeitura de Goiânia e avalia o potencial eleitoral dos pré-candidatos. Comenta ainda as medidas que vem tomado para evitar a concentração de poder político nas mãos dos caciques partidários e afirma que a “ditadura dos líderes” é responsável por rupturas como as que se vê atualmente no União Brasil. Por último, o político faz um panorama dos acontecimentos de nível nacional com interesse para Goiás. 

Euler de França Belém — Você tem a proposta de acabar com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e de implantar algo mais eficiente no lugar. Como funcionaria essa ideia?

A Comurg é hoje um sumidouro de dinheiro dos pagadores de impostos de Goiânia. Ela é mal gerida e mal administrada. É uma empresa dedicada à farra dos vereadores e cabos eleitorais contratados, um cabide de empregos para indicados políticos. Se tornou uma vergonha para uma capital do nível de Goiânia. A saída que enxergo é a extinção da Comurg e a substituição de seus serviços por contratos privados.

O ideal seria criar uma agência de limpeza urbana que licite os serviços de varrição, coleta de lixo, etc. Poderíamos dividir a cidade — acima e abaixo da Avenida Anhanguera, por exemplo — e delegar os serviços de limpeza da cidade a duas empresas privadas. Como está hoje, a Comurg está superada. Só serve para fazer corrupção e arrumar votos para políticos fracassados.

“A Comurg só serve para fazer corrupção e arrumar votos para políticos fracassados”

José Nelto

Ton Paulo — Como funcionaria essa agência?

Essa agência de limpeza urbana seria enxuta, sem espaço para cabo eleitoral. No modelo atual, em que a Comurg é uma empresa de economia mista, se abre espaço para o servidor apresentar mil atestados por ano e para a companhia sustentar servidores afastados por invalidez e outros. Isso tem um custo. Quem paga é a sociedade. A partir do momento que você entrega para a iniciativa privada, não se aceita o compadrio. O contrato especifica que o serviço deve ser prestado e a própria iniciativa privada tem a responsabilidade de não deixar Goiânia suja como hoje.

Goiânia é uma das capitais mais sujas do Brasil. Essa crise do lixo é vergonhosa. Conviver com essa situação, em uma cidade afetada pela dengue, é um absurdo. Em parte, isso se deve ao fato de que a Comurg é uma empresa do século 20, arcaica, com processos de papel amarrados com barbante. Não faz o menor sentido manter uma empresa desse tamanho, ineficiente, para agradar meia dúzia de políticos. 

José Nelto cede entrevista a Euler de França Belém, Italo Wolff e Ton Paulo | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — Na sua opinião, por que o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) não enfrentou o poder da Comurg?

Com todo o respeito que tenho pelo prefeito Rogério, ele não é da política. Teve um mandato como vereador, mas foi alçado à prefeitura de uma maneira muito triste para nós, goianienses. Ele chegou sem autoridade política e moral para lidar com a Câmara Municipal de Goiânia. Rogério se tornou um refém dos vereadores. Quem manda em Goiânia, hoje, não é a prefeitura, é a Câmara Municipal.

Nenhum chefe do Executivo pode ficar refém do Legislativo, ou terá de lotear a gestão, como fez Rogério. Essa situação em que ele se encontra não aconteceu com Iris Rezende Machado, Paulo Garcia, Darci Accorsi, Pedro Wilson nem com Nion Albernaz. A falta de habilidade política trouxe essas consequências para a administração. 

Italo Wolff — Na sua opinião, o que esses outros prefeitos que o senhor mencionou fizeram de certo que Rogério Cruz não fez? Qual foi seu erro?

Primeiro de tudo, ele brigou com o MDB, rompeu com o partido no início de seu mandato. Esse erro jamais jamais poderia ter acontecido, pois Rogério foi eleito como vice na chapa de Maguito Vilela, do MDB. Em política, você tem de ser leal a quem te elege. Quem deu a vitória a ele foi a chapa do MDB, era esse partido que tinha uma proposta para a cidade e tinha um bom quadro de secretários. 

Quando rompeu com o MDB, teve de trazer uma equipe estrangeira que não conhecia bem Goiânia, não tinha intimidade com a Capital. Nesse momento, a Câmara, sentindo fraqueza política, criou uma confraria para cada um pegar um pedaço da gestão e ninguém se preocupou com a administração, com a inovação que é fundamental no setor público, ou o corte de gastos. Corte de gastos é um termo que não existe na prefeitura de Goiânia.

Euler de França Belém — Qual foi o melhor prefeito de Goiânia na sua opinião? E qual era o segredo dele para ser bom prefeito?

É difícil apontar o melhor de todos, pois cada um foi importante na sua época. Em geral, posso dizer que dois prefeitos foram fundamentais para fazer de Goiânia uma grande cidade. O prefeito Iris Rezende Machado e Nion Albernaz foram excelentes prefeitos, cada um do seu tempo. 

Nion Albernaz era muito inteligente, tinha nível cultural, viajava muito e trouxe modelo de coisas que funcionaram em Curitiba e em cidades da Europa. Ele era um estudioso, então ele realmente sabia o que fazia. Tinha a marca de gestor, era muito preparado. Ele se preocupou muito com a qualidade dos serviços. 

José Nelto: “Vanderlan é o pré-candidato mais competitivo, porque tem bom recall, é senador e preparado” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Hoje, comparando com outras gestões, a Prefeitura de Goiânia ainda é uma “Prefeitura de gaveta”. O servidor engaveta um processo quando não lhe convém e ele não recebe uma propina. A modernização não aconteceu. Hoje, precisamos de um administrador que limpe essas gavetas, acabe com as pilhas de processos amarrados com barbante. 

Veja a saúde e educação em greve, um caos. Na mobilidade urbana, o BRT até hoje não tem data para inaugurar. Na Praça Cívica, foram construídos três grandes pontos de ônibus que se parecem com galinheiros e desfiguraram a arquitetura Art Déco. Essa não é a cidade moderna que nós queremos. 

O centro da capital acabou, e a culpa disso não é do atual prefeito. Os antigos prefeitos não tiveram a sabedoria de procurar a requalificação que foi feita em Nova York, por exemplo. Manhattan já foi um lugar antigo e perigoso, e passou por uma modernização que transformou a ilha no centro do mundo. Tudo isso poderia ter sido feito com o Centro de Goiânia, mas é preciso ousadia para apresentar esse projeto para a sociedade. 

Ton Paulo — Essa situação de desgaste pode ser revertida? Rogério pode colher frutos eleitorais dos projetos de recuperação asfáltica que está fazendo, por exemplo?

Não. Eleitoralmente, não tem como colher frutos do que não foi plantado. Nessa gestão, não se projetou nada. Recapear asfalto é coisa rotineira, obrigatória, não é uma visão para a cidade. O que Rogério fez de novo? Acredito que vai perder as eleições por isso. É muito cedo ainda para a gente falar, mas acredito que pode ficar até em terceiro ou quarto lugar nas eleições. 

Ton Paulo — Quem vai levar as eleições?

Não sei quem vai ganhar, só saberemos no dia. Tivemos bons candidatos. Bruno Peixoto (UB) era um candidato jovem, preparado, corajoso e trabalhador. Acabou não sendo candidato e, para a base, isso foi muito ruim. Hoje, o nome mais preparado que é gestor é do Vanderlan Cardoso (PSD), dos nomes colocados hoje aí.

Euler de França Belém — Jânio Darrot (MDB) também é um gestor muito competente. Não acredita que possa ganhar?

Vanderlan é mais competitivo, porque disputou a eleição duas vezes, é senador da República e disputou o governo de Goiás. É um nome com mais recall, mais preparado para disputar.

Euler de França Belém — Se a base governista decidir pela candidatura de Jânio Darrot, você acompanha?

Em política, você não pode falar “dessa água nunca beberei”. Política é diálogo. Eu nunca conversei com o Jânio sobre política, não sei qual é a proposta dele para Goiânia. Então, vou aguardar a decisão da base. Se houver um convite para dialogar, para pensar os assuntos de Goiânia, é claro que vou pensar.

Euler de França Belém — Mas você parece mais entusiasmado com Vanderlan. 

Eu não tenho nenhuma conversa sobre isso com Vanderlan, já inclusive o critiquei. Mas, hoje, ele me parece o mais preparado para concorrer, sim. Não estou declarando meu voto meu para ele, estou fazendo uma análise política.

Italo Wolff — O que pensa sobre a candidatura de Adriana Accorsi (PT)?

O pai dela foi prefeito, ela é da política, é delegada. Se ela for prefeita, não tenho dúvidas de que fará uma boa gestão. Ela tem oportunidade de buscar muitos recursos em Brasília para Goiânia. Pode dar uma modernizada na cidade. Então, vejo com bons olhos a candidatura de Adriana Accorsi.

Euler de França Belém — Gustavo Gayer (PL) pode ser um cavalo paraguaio no início ou no fim da campanha?

Vai ser no final da campanha. Ele é como o Delegado Waldir Soares (UB), porque não tem estrutura emocional, não tem preparo, é político de lacração, não é político de gestão.

Ton Paulo — O senhor e Bruno Peixoto conversaram sobre uma migração partidária para o PSB. Acredita que ele possa ser candidato a prefeito de Goiânia pelo PSB?

Não. Pelo que entendo, Bruno Peixoto não é mais pré-candidato a prefeito de Goiânia, a não ser que sua candidatura seja chamada pela base do governo estadual, pelo União Brasil. Ele não pode deixar o partido sem uma carta de anuência e, no UB, Bruno Peixoto tem hoje o apoio do governador Ronaldo Caiado (UB), que goza de boa popularidade na Capital e tem uma base forte no interior do Estado. 

Deputado Federal José Nelto diz: “Oposição também governa. Na democracia, você é obrigado a ouvir” | Foto: Léo Iran/Jornal Opção

Italo Wolff — E quanto a sua mudança de partido?

O diálogo com todos os partidos é sempre importante. Estou no PP, e o presidente estadual do partido, Alexandre Baldy nunca me permitiu participar do diretório estadual ou ter tempo de televisão. Ele me impediu de participar do diretório metropolitano de Goiânia e também de indicar uma comissão provisória, sendo eu o deputado mais votado do partido no estádio de Goiás.

Acredito que hoje exista uma ditadura dos presidentes de partidos políticos, que será corrigida na reforma eleitoral que estamos preparando no Congresso Nacional. Precisamos tirar um pouco do poder dos presidentes, porque hoje não temos mais partidos como antigamente, quando se discutia programas de governo nas bases e diretórios. Hoje, se faz somente a vontade do líder. 

O programa partidário é uma coisa vazia, copiada, sem distinção nas siglas de esquerda, direita ou centro. É muito triste participar de um partido sem projetos, ideias ou reuniões. O PP não tem plenárias, não tem nenhum debate. O partido é o presidente e a família dele. 

Ton Paulo — O senhor levou essas questões ao presidente nacional Ciro Nogueira?

Ainda não conversei com ele. Eu vou conversar com o Ciro Nogueira e com Arthur Lira (PP) na semana que vem sobre a minha situação. 

Eu não fui eleito na base do PP. Eu não tive votos do PP; a minha base toda ela vem do MDB e do UB. Então, minha situação é diferente daquela em que o candidato é eleito pelo partido.

Euler de França Belém — Além do PSB, você recebeu convites para ir para qual partido?

Eu já recebi convite para ir para o UB, MDB, Republicanos, PDT, PSD, Solidariedade, PT e PV. Sempre fui um político de centro, que faz política, que tem diálogo com as forças que querem fazer política de verdade e querem governar o Brasil.

Eu não sou um político de lacração, que se recusa a dialogar. Todos esses políticos de lacração tiveram seu momento e vão acabar. A sociedade vai se cansando, porque tem problemas reais que precisam ser resolvidos. 

Quem é da política é muito diferente daqueles que não são da política e chegaram para lacrar. Eu sou da verdadeira política, da política raiz, do comprometimento com a vida do cidadão que mora lá no bairro da cidade de interior, na cidade média, na cidade grande. Faço política de resultados, aquela política que a sociedade cobra. 

Se me comprometo com uma obra, tenho de resolver. Esses outros políticos da internet vivem do discurso. Pegam o telefone e gravam vídeo em que resolvem todos os problemas do Brasil, mas não mudam nada na prática. Na internet tudo é fácil, tudo é palpite, bravata e besteira. Mas acordar às 6 da manhã e ir dormir meia-noite resolvendo e cobrar projetos com resultado, isso é a política de verdade. 

Euler de França Belém — Você anda quantos quilômetros por mês fazendo política?

Cerca de 8 mil quilômetros, 98% de carro. Sou deputado das cidades de Posse, São Domingos, Minaçu, Porangatu, São Miguel do Araguaia, Chapadão do Céu, Quirinópolis, Itumbiara, Corumbaíba, Catalão, Entorno de Brasília e Vale do São Patrício. Viajo de quinta à domingo. 

Ton Paulo — O senhor é vice-líder do governo na Câmara dos Deputados. Como é sua atuação?

Sim, eu fui convidado para ser vice-líder de governo nas comissões. Eu tenho atuado junto ao colégio de líderes no plenário para ajudar a aprovar os projetos de interesse do Brasil. Não interessa ao país a paralisação desses projetos. A quem interessa a crise econômica, a crise social? A minha responsabilidade é com o Brasil. Tenho me envolvido principalmente com as pautas na área econômica.

Euler de França Belém — A parte radical da oposição, que não aceita negociar com o governo, ganhou força neste ano, com o controle da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Comissão de Educação e da Comissão de Segurança Pública. Como vai ser fazer seu papel lidando com esse grupo?

A presidência das comissões pode fazer parte dessa oposição radical, mas o presidente não é o dono da comissão. Ele não necessariamente tem a maioria. É claro que pode pautar as matérias de seu interesse, mas terá de discutir. Compete ao governo colocar bons parlamentares para debater os assuntos de interesse do Brasil.

É importante perceber que oposição também governa. No parlamento, é preciso respeitar a oposição séria. O valor da democracia é criar governos que tenham oposição. Quem não quer oposição, quer ditadura — disso, estou fora. Condeno todas as ditaduras, de direita e de esquerda, bem como condeno todos os golpistas. Isso é o que há de pior para a sociedade. 

O bom mesmo é a democracia, porque na democracia você pode falar o que quer, mas precisa também ouvir o que não quer. Oposição tem de ter voz no parlamento; é um sinal de que a sociedade está sendo bem representada. 

José Nelto: “O que aconteceu no UB é um alerta contra a centralização de poder dos caciques que outros partidos deveriam ouvir” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — Acha que pode sair essa super federação do União Brasil, Republicanos e PP que está sendo discutida?

Eu acho muito difícil. Os caciques não querem perder os recursos, os fundos eleitorais. Essa federação jamais poderá acontecer, no meu ponto de vista, porque ninguém quer entregar a chave do cofre.

Italo Wolff — É a segunda vez que o senhor menciona caciques como donos dos partidos. Como a reforma eleitoral vai melhorar a situação?

Eu acho que o deputado, se não estiver bem no seu partido, deve passar um determinado tempo na sigla e depois ter o direito de sair, procurar um lugar onde tenha espaço. Ele não pode ser refém de uma ditadura de um político. Porque, no modelo brasileiro, o parlamentar se elege pelo seu próprio trabalho. 

Não é como no modelo português, onde o cidadão vota na sigla e não no candidato. Em Portugal, você vota no partido. Então, aí sim, o mandato pertence ao partido. Diferentemente do sistema eleitoral brasileiro, onde cada parlamentar tem de buscar votos para si mesmo e vencer o quociente eleitoral pessoalmente.

Por isso, nós temos de mudar o que está acontecendo no Brasil. O presidente de partido controla comissões provisórias, as destituem na hora que querem, ninguém tem responsabilidade com nada. Isso tem empobrecido o debate partidário eleitoral no nosso país.

Ton Paulo — O senhor acha que a ruptura entre Bivar e Rueda no União Brasil é explicada por isso? Pode-se repetir em outros?

Não tenho dúvidas. O que aconteceu no UB é um alerta para os outros partidos. O fundo eleitoral é um grande incentivo para a concentração de poder nas lideranças, e acaba se tornando oportunidade para esquemas de corrupção. É uma transferência do dinheiro público, dos pagadores de impostos, para presidentes de partidos. O presidente da sigla acha que o dinheiro dele. É muito grave o que está acontecendo hoje no Brasil.

Ton Paulo — A direção partidária será um quesito para o senhor definir seu próximo partido?

Mirando 2026, não posso escolher um partido agora com base nisso. Tenho que chegar no momento, ver a reforma, sentir se foi implementada e em quais termos. Hoje, o deputado e o vereador busca um partido onde tenha condições de ser reeleito, considerando o quociente eleitoral. Isso dificulta muito a formação de chapas. 

Eu mesmo sou um exemplo: eu não iria para o PP, apenas fui para esse partido atendendo o convite do senador Ciro Nogueira e do deputado Arthur Lira; tenho muito apreço por ambos. Eu já estava com a minha filiação encaminhada para o União Brasil, mas não tinha chapa. Se o governador Ronaldo Caiado tivesse me garantido que a Silvye Alves (UB) seria candidata, eu teria permanecido no UB. Era a minha vontade política.

Me identifico com o governador, o ajudei em sua primeira eleição, e naquele momento tinha minha base toda ligada ao União Brasil. Eu poderia ter muito mais votos se eu estivesse no União Brasil. Sair de lá foi muito ruim para mim. Só deixei a sigla quando não tive garantia da formação da chapa.

Ton Paulo — Em Aparecida de Goiânia, o senhor apoia o Professor Alcides (PL)?

Sim. Eu defendo a renovação e defendo alternância de poder, e o Professor Alcides tem tido uma boa convivência comigo em Brasília, faz parte da base do governador Ronaldo Caiado e ele está preparado para fazer essa alternância em Aparecida e modernizar a cidade.

Euler de França Belém — Se Leandro Vilela (MDB) entrar no jogo, como avalia o quadro?

É tarde. Já passou da hora de colocar sua candidatura no jogo. É impossível fazer decolar no último momento a candidatura de quem não mora na cidade, de quem não está fazendo política, de quem não está com vontade política. Seu nome é forte, ele prestou um grande serviço quando foi deputado, é amigo meu. Mas eu vejo que está atrasado. Esse trabalho tinha de ter sido feito um ano atrás.

“Todos os políticos de lacração tiveram seu momento, mas já estão acabando”, diz José Nelto | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — O governador Ronaldo Caiado já se prepara para lançar candidato à presidência da República. Como vê o cenário?

Para 2026, o bolsonarismo já tem duas candidaturas colocadas. A primeira é do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a segunda é da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Há ainda uma possível candidatura “bolsonarista raiz”, que é a do Eduardo Bolsonaro (PL). 

Está nítido que o Bolsonaro não vai entregar seu capital político para quem não seja do seu grupo. Ninguém entregaria, muito menos Bolsonaro, que tem ciúmes até de si próprio. Flávio Bolsonaro (PL), que é um político equilibrado, seria melhor, mas tem o problema das rachadinhas. 

As chances de Caiado se tornar o candidato do bolsonarismo são zero. Bolsonaro não vai entregar nada para quem não for de sua própria casa. Agora, não sendo Tarcísio e Michelle candidatos, o governador se torna uma alternativa de equilíbrio nacional. 

Ronaldo Caiado é um nome que representa conservadores, liberais, o centro democrático e posso dizer que, com as suas políticas sociais, ele poderia representar até a esquerda. Tudo depende do momento político que nós estivermos passando em 2026.

E aí tem Lula, que dependerá da economia. Ele precisa de duas coisas: parar de intervir em Vale e Petrobras, pois assim perde o mercado, e depois de rezar com os evangélicos. Lula já teve esse pessoal do lado dele, mas o bolsonarismo colocou na cabeça dos evangélicos que o PT é comunista, que vai fechar igrejas, etc. Até hoje, em um ano e quatro meses, nenhuma igreja foi fechada. Mas é hora de dialogar, parar de falar contra Israel. 

Euler de França Belém — Há a ideia de que a Justiça tomou o espaço do Legislativo. O que está sendo feito na Câmara sobre isso?

O Congresso está enfrentando o Supremo. O Senado aprovou uma PEC limitando as decisões monocráticas, impondo que um juiz não pode monocraticamente regular tudo eternamente. Agora, iremos apreciar a PEC antidrogas. É um recado. Nós não vamos aceitar a descriminalização de drogas no país por via judiciária. O porte de qualquer quantidade de drogas é crime.

É um recado. Ou fecha o Congresso Nacional e deixa o Supremo Tribunal Federal (STF) cumprindo o papel dos três poderes, ou há uma reação. O Supremo sentiu o golpe e eu entendo que a gente vai chegar ao final desse mandato colocando o Supremo no devido lugar. Não sou contra o Supremo, de jeito nenhum. Acho, inclusive, que a Justiça não tem de me agradar também, não. A Justiça tem de ser verdadeira. Temos de ter uma relação de equilíbrio. 

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